2º dia do Sol da Caparica
Estilos diferentes unidos pela lusofonia e pela música
Menos gente no recinto no segundo dia de festival O Sol da Caparica e, horários mais aproximados dos previstos facilitaram a circulação.
As longas filas para entrar no evento foram reduzidas para metade, e as grades, desta vez, abriram às horas certas: 16h00. O que parecia estar calmo, rapidamente se transformou num ambiente de rock, no palco Free Now, pela banda Nowhere To Be Found. No chão, ainda existiam vestígios de confettis da noite anterior e a poeira voltou a levantar à medida que os pés de milhares de pessoas se dirigiam para a zona do palco Super Bock.
Zahr Assanali, produtor executivo do Sol da Caparica, pediu desculpa a todos os festivaleiros: “Nós, produção, falhámos (relativamente aos atrasos, quer nos concertos quer à entrada)”, afirmou. Assanali defendeu que “não é normal, sendo o primeiro dia de festival. Tivemos uns contratempos a nível de produção interna, dentro do recinto, e optamos por atrasar (a abertura do festival)”. Relativamente à manifestação do público sobre o assunto, o produtor executivo explicou que “as pessoas ficam sempre com a ansiedade de querer entrar no festival, de querer ver os concertos, o que criou alguma má disposição e algum mal-estar (no público)”.
Para concluir Assanali pediu “desculpas em nome da produção a todos os festivaleiros” e garantiu que “não se vai voltar a repetir (os atrasos)”. Mas repetiram.
No palco principal, a tarde arrancou com o toque doce de Bonga, espreitou o lado negro com os Mão Morta, dançou kizomba com Djodje, sentiu a “dor” de Anna Joyce, abanou a cabeça com o rock dos Alcoolémia e pulou muito com Piruka e Richie Campbell.
Bonga o cantor de música angolana foi um sucesso no final de tarde. José Adelino Barceló de Carvalho, conhecido artisticamente como Bonga, encontra-se a celebrar 50 anos de carreira e, tal como anunciou, vai celebrar 80 anos no dia 5 de Setembro, veio demonstrar que a idade pode ser apenas uma etiqueta. Fez mexer o público com “Mariquinha”, “Lágrima no Canto do Olho” e “Comeram a Fruta”, entre outras. O recinto vibrou ao som da semba, ritmos quentes e ginfa angolana dos maiores êxitos do cantor. E é como o próprio diz: “A maioria de vós deve conhecer as minhas músicas através dos discos dos vossos pais“. Aqui, todos fazem a festa, independentemente da idade.
No palco comédia actuaram Diana Nogueira, João Pinto, mas foi com Gilmário Vemba que se soltaram mais gargalhadas no anfiteatro. O recinto transformou-se depois em palco Jazzy onde actuaram Starfyah Crew, Jazzy Dance Crew e Mgboss.
O cantor cabo-verdiano da nova geração, Ricky Man actuou no palco secundário. O concerto teve momentos românticos, outros mais agitados “para tirar o pé do chão” e ainda a participação de bailarinas que não deixaram cair o público na monotonia. Contou com a participação surpresa de Supa Squad, o esquadrão de dancehall que tem raízes cabo-verdianas, com “Tudo Nosso”.
Seguiu-se a primeira enchente do dia, neste palco, com a atuação de Vado Más Ki Ás. O cantor lisboeta de origem cabo-verdiana transmite a sua música em crioulo e percebe-se que já tem uma dimensão de público considerável.
Anna Joyce cantou e encantou com os seus êxitos, onde não faltaram “Melhor que tu”, “Te amar” ou ainda “Destino”.
O público esperou e vibrou ao som de Djodje. O cantor dispensa apresentações e não foi preciso puxar muito pelo público. Bastou soltar a primeira nota que o Sol da Caparica fez logo a festa. Muita música e sobretudo muita dança!
Mão Morta, a banda portuguesa formada na cidade de Braga, tomou conta do palco secundário ainda com a luz do dia. Merecia um horário mais tardio, para envolver ainda mais o público na música e na actuação única de Adolfo Luxúria Canibal. No Fim era o Frio, o mais recente trabalho, esteve em destaque nesta apresentação.
A dar continuidade ao som feito com guitarras, seguiram-se os Alcoolémia, banda da Amora, criada no ano de 1992. Trinta anos depois, conseguem ter uma sonoridade própria, sabem brincar com o rock e animar um público que não se deixa levar pelo kizomba ou o rap. Tocaram “Para Quê sonhar”, “Só Tu e Eu” e uma versão bem esticada de “Não sei se mereço”, a mais conhecida. Jorge Miranda, o vocalista, desceu ao recinto e veio cantar para o meio do público, para surpresa e entusiasmo de quem assistia. Pelo meio, ainda trouxeram uma animada versão de “Chiclete”, dos Taxi. “Apanhámos aqui um público como deve de ser. Obrigada pela vossa presença. Procurem o Sol!”. Ainda se atravessou o fado, numa versão de “Nem Às Paredes Confesso” que desembocou num ritmo mais próximo das afinidades musicais da banda.
Por esta altura o recinto já estava cheio.
O rock deu lugar à soul e ao funk, com a entrada dos HMB no palco principal. Trouxeram boa onda, ao festival, numa actuação que fechou com o conhecido “O Amor é Assim”. A energia contagiante dos HMB pôs todo o recinto do Sol da Caparica ao rubro. Não há quem não saiba uma letra, desde músicas mais animadas a baladas que quase que deixam uma lágrima no canto do olho
Com presença confirmada na grande maioria dos festivais, Piruka não esteve na melhor forma, esta noite. Tinha subido há poucos minutos ao palco, quando decidiu transmitir uma forte mensagem ao público. “Nunca deixem de lutar pelos vossos sonhos”, disse. Cada letra é o espelho da sua história, carreira, trajectória de vida, da sociedade e os seus desafios. E o público acompanhou-o sempre em cada verso. Com a voz afectada, o rapper português chegou a admitir que estava doente e pediu a colaboração do público, para cantar com ele. “Não Se Passa Nada”, “Salto Alto”, “Se Eu Não Acordar Amanhã” foram alguns dos temas que fizeram o público vibrar.
O palco Unlock Energy contou com música até de madrugada com Mandas, Hugo Tabaco, Danni Gato, convidado de Djodje no palco principal, mas a estrela neste palco foi DJ Kamala que fechou a noite.
Com cerca de uma hora de atraso face ao previsto, Richie Campbell o cantor português que cruza reggae, dancehall e R&B fechou a noite com uma sucessão de êxitos que o público conhecia bem e acompanhou. “Espero que estejam a aproveitar bem este primeiro Verão, em três anos”, disse Richie Campbell numa alusão à interrupção forçada que tanto afectou músicos e técnicos da área do espectáculo. A “Everytime I Cry” seguiu-se um medley de conhecidos temas como “Best Friend”, “That’s How We Roll” e “I Feel Amazing”. Pediu a todos para levantarem o telemóvel no ar, com a luz ligada para acompanhar “Do You No Wrong” e fechou com uma versão muito dançável de “Slowly”.
Chave de ouro para acabar o segundo dia do Sol da Caparica: Richie Campbell deu um concerto “amazing” porque “that’s how he roll”.
Costa da Caparica, festival, Música, O Sol da Caparica
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