30ª Quinzena da Dança de Almada arranca amanhã

De 22 de Setembro a 9 de Outubro a dança invade a cidade de Almada

30ª edição da Quinzena de Dança de Almada – International Dance Festival regressa aos palcos da cidade de Almada entre 22 de Setembro e 09 de Outubro, com a participação de companhias estrangeiras como a britânica James Wilton Dance e um projecto colaborativo com a italiana ArtGarage. São vários os espaços da cidade, que acolhem uma diversificada programação de espectáculos e videodança. O programa conta ainda com actividades que convidam à proximidade entre o público e artistas, desde conversas com criadores a encontros e workshops.

Pelo 30º ano consecutivo, o encontro entre profissionais de vários países e um espaço de visibilidade de coreógrafos emergentes quer oferecer a Almada “18 dias de descoberta e valorização da dança contemporânea”, afirma Ana Macara, directora artística da Quinzena, em conjunto com Maria Franco.

A Quinzena de Dança de Almada – International Dance Festival, continua a demonstrar a sua identidade internacional, a abertura a diferentes tipos de performance, trazendo importantes coreógrafos internacionais, e a apoiar novos criadores, a par de iniciativas com vista a divulgar a apreciação e a prática da Dança junto dos públicos da comunidade.

O ponto de partida do festival é inaugurado pela anfitriã e organizadora Companhia de Dança de Almada (Ca.DA) que estreia uma nova produção no Teatro Municipal Joaquim Benite nos dias 22 e 24 de setembro. Agarra a minha mão e… é uma criação do coreógrafo português Tiago Manquinho – residente na Alemanha e com um trabalho desenvolvido com várias companhias – com os bailarinos e bailarinas da Ca.DA. Tendo como pano de fundo uma pandemia e uma guerra, é proposta uma reflexão sobre como nos sentimos vulneráveis individualmente e em sociedade. Que estruturas sociais e ligações interpessoais são o tecido conjuntivo que realmente nos mantêm unidos? questiona(-nos) o coreógrafo.

A programação de espetáculos avança com o Projecto WOMAN MADE liderado pela companhia italiana ArtGarage no dia 23 de Setembro, no Auditório Osvaldo Azinheira – Academia Almadense. O projecto trata questões relacionadas com o estatuto da mulher, através da criação, discussão e documentação de dança. WOMAN MADE venceu o Boarding Pass Plus ’21/’22 do Ministério da Cultura Italiano, para dar voz às mulheres coreógrafas, realizadoras e curadoras na criação e programação artística, centrando-se no olhar feminino sobre a Dança Contemporânea. Serão apresentadas duas peças que integram o projeto: ILLA HE de Emma Cianchi – directora artística e coreógrafa da ArtGarage – seguida da peça PINK or BLUE do coreógrafo Claudio Malangone – fundador da companhia Borderline Danza. No final das apresentações haverá espaço para conversa com o público.

O cartaz de espectáculos segue com a apresentação de Faustless, da jovem coreógrafa Margarida Belo Costa (29 de Setembro no Auditório Fernando Lopes-Graça). Aqui a criadora assume-se como intérprete ao lado de Teresa Alves da Silva e Ester Gonçalves, numa peça coreográfica que reflete sobre o papel da mulher enquanto protagonista de vários episódios entre o bem e o mal. Margarida Belo Costa parte deste estímulo e convida estas personagens femininas a visitarem a contemporaneidade, a questionarem o seu papel histórico e a aproximarem-se do quotidiano de qualquer mulher, de qualquer religião, poder, raça e ideais políticos.

Segue-se a estreia nacional de uma das mais reconhecidas companhias britânicas, a James Wilton Dance, no dia 30 de Setembro, no Auditório Fernando Lopes-Graça. THE FOUR SEASONS é uma obra coreográfica de imensa fisicalidade, energia e beleza. A peça apresenta a assinatura da companhia: cruza capoeira, acrobacia, artes marciais e dança clássica, com cenários e figurinos. Usando a versão de Max Richter da obra de Vivaldi – As Quatro Estações – a coreografia relaciona cada uma das quatro estações da composição musical com as quatro fases do universo, criando uma caleidoscópica celebração.

Em ano de centenário do nascimento de José Saramago, esta edição conta com um programa dedicado ao escritor – Saramago em Movimento. Este projecto, unificado pela reapropriação e reinterpretação do universo literário de José Saramago em visões personalizadas, partiu de uma proposta da Rede Municipal de Bibliotecas de Almada, acolhida e comissionada pela Ca.DA. O programa visa apoiar jovens artistas empenhados na criação coreográfica. No dia 1 de Outubro, serão apresentadas três peças na Casa da Cerca – Centro de Arte Contemporânea: Antonius Adalfuns, de Raquel Tavares, inspirada num texto da obra “O Homem Duplicado”. ProtoRetrato, de Mariana Dias, a partir da obra “As Pequenas Memórias” e, Solo Quase, de Beatriz Lourenço, sobre a obra “Objecto Quase”.

De 6 de a 9 de Outubro, o festival oferece seis programas da Plataforma Coreográfica Internacional, na qual Portugal será representado por 5 coreógrafos/as, num programa único. Por estes dias a cidade de Almada é uma importante montra para a dança contemporânea. Um espaço de encontro e partilha entre coreógrafos/as e bailarinos/as que apresentam ao público os seus trabalhos no Auditório Fernando Lopes-Graça (Prog. 1), no Teatro-Estúdio António Assunção (Prog. 2 e 5), no Auditório Osvaldo Azinheira – Academia Almadense (Prog. 4) e na Casa da Cerca – Centro de Arte Contemporânea (Prog. 3 e 6).

Ao longo de 18 dias de descoberta e valorização da Dança Contemporânea, a seleção de trabalhos para o ecrã ocupa um importante espaço na programação do festival. Nesta edição, é possível ver na Mostra de Videodança 30 vídeos de diferentes realizadores/as e coreógrafos/as, 8 dos quais são portugueses e os restantes representam 20 países de todos os continentes. Esta programação começa no dia 29 de Setembro com uma Sessão Especial na Escola Superior de Dança, destinada aos alunos da instituição.

No mesmo dia, o público poderá ver no Auditório Osvaldo Azinheira – Academia Almadense o 1º programa da Mostra. No mesmo espaço, mas dia 6 de Outubro, será projetado o 2º programa de Videodança. Dia 9 de Outubro, na tela da Casa da Cerca – Centro de Arte Contemporânea, será exibido o e último programa desta Mostra.

Do realizador e diretor artístico da Vo’ArtePedro Sena Nunes, será possível ver no auditório da Casa da Cerca, no dia 1 de outubro, o filme de dança Fo[u]r Void com coreografia de Ana Rita Barata, seguido de uma conversa com os criadores sobre a obra e o seu processo de produção.

No decorrer do festival, haverá momentos de formação com workshops para bailarinos e estudantes de dança. Espaço para conversas e debates de ideias no formato de encontro entre participantes, programadores e público interessado (dia 7 de Outubro na Sala de Ensaios do Teatro Municipal Joaquim Benite), mediado pela Directora Artística do festival, Ana Macara.

E, na reta final do festival, a Quinzena presenteia-nos com uma Jam Session Party, em que a coreógrafa Samira Marana irá convidar o público a participar, dançando em conjunto num momento de celebração, troca e partilha, nos jardins da Casa da Cerca, no dia 8 de outubro.

Na 30ª edição da Quinzena, Ana Macara recorda que quando a iniciativa teve início “não havia nenhum festival de dança em Portugal. Nesse ano surgem dois, o nosso e o “Danças na Cidade”. Aos poucos fomos crescendo, e temos trazido coreógrafos de todos os continentes para mostrar a grande diversidade existente na dança contemporânea”.

A Companhia de Dança de Almada que criou e organiza o festival desde 1992, conta que anualmente recebem cerca de 500 propostas internacionais e têm muitos artistas que pretendem regressar.

Actualmente a direção artística mantém a mesma visão de mobilizar artistas portugueses, tais como a companhia CAMA, São Castro, Margarida Belo Costa, Purga Associação, Jonas & Lander, Companhia Diálogos, Catarina Casqueiro & Tiago Coelho.

Também o trabalho de coreógrafos portugueses radicados noutros países, onde os seus trabalhos se têm destacado, tem merecido especial atenção da Quinzena, nomeadamente Carla Jordão, Luís Marrafa, Ricardo Ambrózio, Gonçalo Cruzinha, Hugo Pereira e Sofia Fitas.

A Quinzena tem sido palco de lançamento de criadores como o francês François Veyrunes, o italiano Enzo Celli, a húngara Rita Gobi, as espanholas Laura Lliteras, Marina Fullana e Led Silhouette, que também regressaram à Quinzena com criações de uma noite inteira.

No certame dedicado à dança já se apresentaram, ao longo das décadas, entre outros, os criadores portugueses João Fiadeiro, Paulo Ribeiro, Francisco Camacho, Clara Andermatt, Amélia Bentes, e Aldara Bizarro.

A Quinzena de Dança de Almada continua a ser montra do circuito internacional e nacional da Dança Contemporânea. Serão 30 edições de um dos festivais mais antigos desta arte em Portugal e que promete oferecer ao público uma grande diversidade de trabalhos coreográficos, e aos participantes e a todos os profissionais da Dança um importante ponto de encontro.

Sofia Quintas

Directora e jornalista do Almada Online

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