Almada | Corpo de Noori encontrado na praia da Leirosa na Figueira da Foz
Jovem almadense de 18 anos estava desaparecida desde 9 de Outubro
O corpo de Carolina Torres, mais conhecida por Noori, uma jovem 18 anos que se encontrava desaparecida em Almada desde 9 de Outubro, foi encontrado na praia da Leirosa, na Figueira da Foz. A mãe, Cristiana Gaspar, que manteve a esperança até ao último momento, já se pronunciou através das suas redes sociais: “Parte de mim morreu.”
Segundo o Diário de Coimbra (DC), que cita fonte da Polícia Judiciária (PJ), o corpo de uma mulher “em elevado estado de decomposição”, foi encontrado na manhã de 16 de Novembro na praia da Leirosa, no concelho da Figueira da Foz.
O alerta foi dado pelas 8h30 por populares, e o óbito foi declarado no local pelo médico do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM). Também estiveram presentes operacionais dos Bombeiros Voluntários e Sapadores da Figueira da Foz (BVSFF), da Guarda Nacional Republicana (GNR) e da PJ.
Na mesma data, a Autoridade Marítima Nacional (AMN) indicou que “o corpo de uma mulher” foi encontrado “em elevado estado de decomposição”, desconhecendo-se as causas na origem da ocorrência.
À Lusa, o comandante do Porto da Figueira da Foz, Salvado Pires, indicou que não se conseguia “determinar a idade”, pois o corpo parecia “estar há muito tempo na água”.
As autoridades já teriam considerado a possibilidade de se tratar de Carolina, devido a tatuagens e outros elementos físicos, mas apenas os resultados laboratoriais confirmaram que se tratava da jovem desaparecida em Almada.
Cristiana Gaspar, a mãe da jovem, confirmou a morte através de uma publicação nas redes sociais, a 28 de Novembro. “Hoje uma parte de mim morreu. A minha filha, a minha Carolina (Noori)… já não está neste mundo”, escreveu.
Carolina Torres, conhecida por Noori, tinha sido vista pela última vez a 9 de Outubro, na Praça São João Baptista, no centro de Almada. Segundo revelou a mãe, num apelo feito nas redes sociais aquando do seu desaparecimento, a jovem “iria ter com um amigo, mas nunca chegou ao destino”. O seu telemóvel esteve ligado até à noite de 10 de Outubro, mas as chamadas nunca foram atendidas. O seu cartão bancário não foi utilizado desde o seu desaparecimento.
Numa entrevista a Júlia Pinheiro, na SIC, a 4 de Novembro, a mãe de Noori contou que a adolescente tinha uma relação conturbada com os pais, que estão divorciados, por não aceitar as “regras básicas” de ambas as casas, tendo decidido sair, acabando por viver numa casa ocupada. Descrita com uma “menina meiga“, Cristiana Gaspar revelou ainda como as drogas e o álcool influenciavam a forma de ser da jovem, chegando esta a ter comportamentos agressivos devido ao diagnóstico de Transtorno de Personalidade de Borderline (instabilidade emocional crónica, com episódios de violência menos graves que a bipolaridade). Em Setembro passado, Noori tentou pôr termo à vida. Depois de vários conflitos com a mãe e o pai, Carolina chegou a um ponto de ruptura com o progenitor, Sérgio Torres, tendo aceitado ficar unicamente ao cuidado e responsabilidade da mãe, depois de ter estado internada. Esta tentativa de mudança viria a durar pouco e Carolina acabou por regressar à rua. Foi nessa última saída de casa que a jovem acabaria por desaparecer.
A investigação da Polícia Judiciária prossegue agora para apurar as circunstâncias em que a jovem perdeu a vida e como apareceu o corpo na costa da Figueira da Foz, cerca de 154 quilómetros do local onde a jovem foi vista pela última vez.
A morte de Carolina Torres continua assim envolvida em mistério, num caso que emocionou Almada e todo o país.
Mãe de Noori pede silêncio, respeito e compaixão
Nas suas redes sociais, Cristiana Gaspar, escreveu um testemunho emotivo. “Escrever isto pesa. Dói. Fere. É como se cada letra me abrisse uma ferida nova. Não existe dor maior do que esta. É um vazio que não se descreve, um silêncio que engole tudo, uma falta que não tem fundo. A minha menina partiu… E eu fiquei aqui, partida também, a tentar juntar o que sobrou de mim”, desabafou.
“Quero agradecer, com o pouco que ainda consigo sentir, a todos os que a procuraram comigo, que não desistiram, que me deram força quando eu já não tinha nenhuma. Obrigada por terem caminhado ao meu lado. Obrigada por não terem deixado a Carolina desaparecer sozinha. Hoje peço apenas respeito, silêncio e compaixão”, apelou, agradecendo aos que ajudaram nas buscas durante quase dois meses.
“Deixem que a Carolina seja lembrada com verdade, com ternura, com amor. Sem julgamentos. Sem barulho. Sem invenções. Ela foi, é e será sempre o primeiro amor da minha vida, por quem me apaixonei assim que a vi nascer. E vou levá-la comigo para sempre – no peito, na pele, na memória, em tudo o que ainda consiga ser daqui para a frente. Obrigada a todos.”, finalizou.
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