Almada | Emancipação do Vivente

A exposição inaugura dia 18 às 15h, na Galeria Municipal de Arte de Almada. Estará patente até 3 de Junho

Com curadoria do Museum for the Displaced, a exposição “Emancipação do Vivente”, com obras de vários artistas e colectivos, inaugura dia 18 de Março às 15h, na Galeria Municipal de Arte de Almada. A inauguração contará com uma performance de Dima Mabsout (Líbano). A entrada é livre.

Emancipação do Vivente é a primeira exposição do Museum for the Displaced. O projecto, nascido de uma colaboração entre as Galerias Municipais de Lisboa e Almada, ocupa simultaneamente dois espaços, um em cada uma destas cidades vizinhas, que testemunharam na última década muita movimentação e alterações, incluindo uma veloz gentrificação. As obras apresentadas oferecem diferentes pontos de partida para tópicos complexos relacionados com o deslocamento.

O Museum for the Displaced entende o deslocamento de uma forma expansiva – algo que pode acontecer tanto com humanos quanto com não-humanos e que pode ser um estado físico, mental e/ou emocional. O deslocamento está frequentemente ligado a experiências traumatizantes, como a migração forçada, que necessita de tempo para ser desconstruída e curada. Acontece através de muitas formas de violência seja ela física ou econômica; ser filho de primeira geração; ou simplesmente existindo entre diferentes culturas, línguas e costumes. Deslocamento é ser despejado por não poder pagar altas rendas urbanas, ou porque alguma imobiliária deseja o terreno onde construímos a nossa casa, é perder a ligação com a terra sob os pés. Deslocamento é ter sido desenraízado e não encontrar o lar novamente e, ter que inventar um novo lar a partir dos fragmentos.

Em Lisboa, as obras de Colectivo Ayllu, Raquel Lima, Alfredo Jaar e Frame Colectivo focam-se na Europa enquanto território colonizador, enquanto que, em Almada, as obras de Frame Colectivo, Dima Mabsout, ETC e Filipa César reflectem sobre questões relaccionadas com o território, a expropriação e o direito à habitação. A exposição sublinha a importância da colectividade, das prácticas colaborativas e da autonomia como a única forma de alcançar futuros sustentáveis.

O Frame Colectivo é um atelier de arquitectura sediado em Lisboa, que explora a intersecção entre arquitectura, urbanismo e arte em colaborações interdisciplinares. O Almada Online falou com Gabriela Salhe e Agapi Dimitriadou do Frame Colectivo, que criou obras para ambas as Galerias Municipais.

“Desde 2013 dedicamos a nossa pesquisa a espaços urbanos públicos e semi-públicos, onde implementamos projectos colectivos contextualizados. Desenhamos intervenções com o intuito de questionar micropolíticas urbanas dominantes e promover a participação cidadã. Colaboramos com artistas regularmente para desenvolver novas metodologias de comunicação horizontal no âmbito da arquitectura.”, diz-nos Gabriela Salhe sobre este colectivo.

“É um trabalho que nos enche de emoções, de todo o espectro e que sentimos grande urgência em partilhar. A curadoria do MF D criou um espaço de cuidado muito especial nesta exposição em dois capítulos da ‘Emancipação do Vivente’.”, explica Gabriela Salhe, sobre a obra desta exposição.

“No primeiro capítulo na galeria da Boavista em Lisboa, propusemos uma instalação que reflecte sobre a identidade europeia e o reiterar incessante do âmago colonial. Neste segundo capítulo focado no direito à habitação trabalhamos num formato colectivo abrangente para criar uma instalação/acção de solidariedade, de nome pro-sedimento em parceria com a Assembleia de Moradores em Resistência do 2º Torrão, e a associação cultural Canto do Curió.”, acrescenta Agapi Dimitriadou

A instalação de som é da autoria de Bartolo; vídeo “Entre a Terra e o Mar” (2018): Céline Lixon; video “Vida Justa” (2023): filmado por: António Tonga, Renata Camargo, edição: Gabriela Salhe. Fotografias: Sofia Quintas, Francisco Melim, Bruno Miguel, Bernardo Seixas. 

O valor total da venda de posters reverte para a Assembleia de Moradores em Resistência do 2º Torrão

Apoio: Fondation de France.

Sofia Quintas

Directora e jornalista do Almada Online

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