Almada | Golfinhos e saúde do Tejo

Apresentação do estudo "Golfinhos no Tejo: por um estuário mais saudável" decorreu dia 24 na Biblioteca de Alcântara

O concelho de Almada fica entre o rio e o mar e, muito do seu património que importa proteger e preservar é aquático. Os golfinhos fazem parte dele. A população destes mamíferos está a aumentar no rio Tejo e o fenómeno está ser estudado, ao mesmo tempo que se alerta para a importância da preservação da biodiversidade almadense.

Foi esta Segunda-Feira (24 de Outubro) apresentado o relatório da Associação Natureza Portugal (ANP) | World Wide Fund for Nature (WWF) Portugal “Golfinhos no Tejo: por um estuário mais saudável”. A conclusão mais importante, que foi partilhada na Biblioteca de Alcântara onde decorreu a apresentação e, onde em Agosto do ano passado o artista EDIS one pintou um mural no âmbito deste projecto, foi a de que a qualidade da água do Rio Tejo melhorou.

Para esta melhoria contribuíram a diminuição da poluição, causada sobretudo pelo tratamento das águas residuais e redução de indústrias poluentes, o que permitiu o aumento da abundância de várias espécies de peixe, a recuperação de habitats e, como consequência, o regresso dos golfinhos. No entanto, apesar destas melhorias dos últimos 30 anos, o estuário do Tejo, um dos maiores da Europa e o mais ameaçado a nível nacional, ainda não se encontra num bom estado ambiental. Note-se que este é o primeiro relatório do género sobre o Estuário do Tejo, em que se analisa dados da qualidade da água.

Este relatório resultou de uma parceria com o MARE, nomeadamente com as investigadoras Marisa Batista e Susana França (MARE-ULisboa) e com a Ana Rita Luís (MARE-ISPA), e teve o apoio da Fundação Oceano Azul. Juntos andam a investigar a chegada de dezenas, às vezes centenas, de golfinhos ao rio, um número que cresceu a olhos vistos no último ano. E juntos também apelam a todos os almadenses para que ajudem a proteger o Tejo e os seus habitantes.

Este projecto foi lançado em 2021 e, o regresso dos golfinhos foi o ponto de partida para o estudo agora apresentado, que defende a criação de uma Comissão de Acompanhamento para conservar o estuário do Tejo, com entidades científicas e políticas da Área Metropolitana de Lisboa (AML)

Porém, no debate realizado na Biblioteca de Alcântara, as autoras destacaram que a pressão das actividades humanas que ainda se verificam na zona pode deitar tudo a perder e, consideraram que não é defensável que quando se está a tentar melhorar o equilíbrio do estuário, se pense em simultâneo na construção de um aeroporto no Montijo.

©Sofía Rabassa / Pexels / Tem-se assistido à chegada de dezenas, às vezes centenas, de golfinhos ao rio Tejo.

“Como sistema altamente complexo e dinâmico que é, para compreender as visitas dos golfinhos, temos de conhecer primeiro o estuário e as várias fontes de pressão ambiental a que está sujeito. Só assim poderemos perceber que tipo de impactos e alterações estão a ocorrer devido às actividades humanas e definir acções efectivas para os minimizar, melhorar a sua saúde e, permitir que as visitas dos golfinhos continuem. Como ponto de partida recomendamos a criação de uma Comissão de Acompanhamento do Estuário do Tejo, alicerçada na AML, que inclua todos os stakeholders relevantes, dentre os quais a comunidade científica, sectores de actividades locais, Governo e municípios.”, avançou Ângela Morgado, directora executiva da ANP|WWF, que sublinhou ainda a responsabilidade das empresas pela saúde do rio. “As empresas que dele beneficiam têm não só a responsabilidade de diminuir a pressão sobre este sistema natural, como de apoiar o desenvolvimento do conhecimento científico sobre o estuário, colaborando activamente para garantir a sua protecção.”

Da parte do Governo, o secretário de Estado da Conservação da Natureza e Floresta, João Paulo Catarino, já disse que via com bons olhos a criação desta comissão e a inclusão dos municípios na tomada de decisões, numa altura em que o executivo está a descentralizar competências para as autarquias.

O Observatório Golfinhos no Tejo (OGT) está a trabalhar desde Março deste ano. É na torre de controlo do tráfego marítimo da Administração do Porto de Lisboa (APL) que, munidos de binóculos e telescópios, voluntários com formação em observação de cetáceos monitorizam o estuário do Tejo, tentando ver se nas suas águas conseguem encontrar golfinhos.

Se estiver num barco no Tejo e avistar golfinhos reduza a velocidade, tenha cuidado para não cruzar o grupo a meio e, não se aproxime muito da frente.

Poderá ler o relatório aqui

Sofia Quintas

Directora e jornalista do Almada Online

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