Almada | Na colónia penal
Festival dos Capuchos apresenta ópera na sala principal do TMJB a 2 de Junho às 18h
“Na colónia penal”, a partir de um conto homónimo de Franz Kafka, adaptado por Rudy Wurlitzer, música de Philip Glass, direcção musical de Martim Sousa Tavares, e encenação de Miguel Loureiro, vai estar em cena no Teatro Municipal Joaquim Benite (TMJB) no Domingo 2 de Junho às 18h. A ópera de câmara está integrada no Festival de Música dos Capuchos e é co-apresentada com o TMJB.
Chegado a uma colónia penal numa ilha sem nome, um visitante depara-se com um complexo engenho de execuções pronto a funcionar sobre um condenado anónimo. A zelar pela máquina impiedosa encontra-se um oficial, única pessoa que compreende o seu funcionamento e acredita na sua razão de ser. A partir do conto homónimo de Franz Kafka, adaptado por Rudy Wurlitzer, a ópera de câmara “Na colónia penal” foi composta em 2000 pelo norte-americano Philip Glass, um dos mais influentes compositores do final do século XX e do início do século XXI.
“É uma ópera, obra de arte total, que tem canto, tem teatro, tem vídeo, tem dança, tem o texto de Kafka, portanto, tem muitas portas de entrada possíveis, que conjuga todas estas disciplinas artísticas, numa espécie de afunilamento do pensamento para irmos a um sítio muito específico, que é o lugar da opressão”, explicou o maestro Martim Sousa Tavares, responsável pela direcção do espetáculo.
“Na colónia penal” é um clássico moderno que propõe uma reflexão intensa sobre a frágil dualidade da razão humana, onde a fronteira ténue entre a justiça e a injustiça é explorada e atravessada com mestria narrativa. A apresentação desta ópera, inserida no Festival de Música dos Capuchos 2024, cuja programação é inspirada pela liberdade e pelo cinquentenário do 25 de Abril, permite traçar um paralelo com a terrível memória da Colónia Penal do Tarrafal, o campo de concentração criado em 1936 pelo Estado Novo.
“Sabemos que estamos num espaço ultramarino de alguma potência europeia, onde nesta Colónia Penal há um mecanismo de execução dos piores prisioneiros, que é um mecanismo extremamente cruel. E, portanto, toda a ópera se desenvolve à volta desta história do dualismo de um visitante que vai encontrar este sistema e tem a oportunidade de acabar com ele ou não”, explica, ressalvando “não há moral da história”, porque Kafka nunca revela o que está certo ou errado.
Segundo o encenador de “Na Colónia Penal”, Miguel Loureiro, esta ópera de câmara ‘clássica-moderna’ é uma “descida aos infernos” que decorre “numa ilha tropical” e que serve de colónia penal para um regime mais autoritário, que está a sofrer uma mudança.
Martim Sousa Tavares explica que a música é minimal, na linha do compositor, e “anda muito à volta de repetições” e de “desenvolvimento de uma mesma ideia”, construindo assim um efeito de “claustrofobia acústica”.
Ficha técnica e artística:
O Rumo do Fumo
Composição Philip Glass
Libreto Rudolph Wurlitzer baseado no conto de Franz Kafka
Direção Musical Martim Sousa Tavares
Encenação Miguel Loureiro
Movimento Miguel Pereira
Maestro Martim Sousa Tavares
Cantores André Henriques (barítono), Frederico Projecto (tenor)
Performers João Gaspar, Paulo Quedas
Figuração Tomás Vinhas
Músicos Malu Santos (primeiro violino), Frederico Oliveira (segundo violino),Inês Barros (viola de arco) Pedro Serra e Silva (violoncelo), Miguel Menezes(Contrabaixo)
Pianista correpetidor Ricardo Martins
Cenografia André Guedes
Desenho de Luz Eduardo Abdala e Manuel Abrantes
Figurinos José António Tenente
Cabelos e maquilhagem Magali Santana, Mariana Mattos
Técnico de som Pedro Baptista
Composição videográfica Beatriz Tomaz & Armanda Claro
Apoio à composição gráfica (Cenografia) Ana Braga
Tradução Ricardo Pereira
Legendagem Ângela Flores Baltazar
Produção O Rumo do Fumo
Produção Executiva João Albano, Patrícia Teixeira
Espectáculo em inglês com legendas em português.
Duração: 80 min
Classificação:
Preço: entre 11,90€ e 17€ (Clube de Amigos: 8,50€)
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