Almada | O Medo Devora a Alma

De 28 de Outubro a 27 de Novembro, a Companhia de Teatro de Almada leva à cena um texto de Fassbinder

Em 1971, Rainer Werner Fassbinder vê uma retrospectiva de filmes de Douglas Sirk e decide ir conhecê-lo pessoalmente a sua casa em Lugano, na Suíça. O contacto com o cinema de Sirk é determinante na carreira do alemão que, a partir desse momento, procura criar filmes “como os de Hollywood, porém sem a hipocrisia”. Essa influência é particularmente visível em O medo come a alma, um filme de 1974 que é decalcado de All That Heaven Allows (O que o céu permite), de Douglas Sirk (1955).

No filme americano, a actriz Jane Wyman é uma viúva rica que se apaixona pelo seu jardineiro, interpretado por Rock Hudson. Fassbinder transporta a acção para a Alemanha da década de 70, extremando as diferenças de idade, de cultura e até raciais. Na sua versão, temos Emmi, uma viúva sexagenária que trabalha como mulher-a-dias, e Ali, um imigrante marroquino, muçulmano, que trabalha numa oficina de carros e é muito mais novo do que ela.

Sem o glamour de Hollywood, deparamo-nos com pessoas normais, marcadas pelas vidas duras que levam. Contra todas as probabilidades, Emmi e Ali encontram um no outro a fuga às suas solidões. Só que ela vai começar a sentir a discriminação por parte de quem a rodeia – vizinhos, colegas e a própria família –, para quem o relacionamento com um estrangeiro é um escândalo. O par decide casar-se mas a relação ressente-se do ambiente de intolerância em que vivem. Retrato de uma Alemanha em crise, esta continua a ser, apesar de tudo, uma história de amor – e de como o amor pode ser ao mesmo tempo salvação e maldição.

O alemão Rainer Werner Fassbinder (1945-1982) começou a sua carreira no teatro, como actor, dramaturgo e encenador. A partir de 1969 dedicou-se sobretudo ao cinema e foi um dos mais importantes representantes do Novo Cinema Alemão. Entre as suas obras mais conhecidas estão As lágrimas amargas de Petra von Kant e O casamento de Maria Braun.

Ficha Técnica:

Companhia de Teatro de Almada

Texto: Rainer Werner Fassbinder

Encenação: Rogério de Carvalho

Tradução: António Sousa Ribeiro
Cenografia: José Manuel Castanheira
Desenho de luz: Guilherme Frazão
Assistência de Guarda-roupa: Carolina Furtado
Assistência de encenação: Paulo Mendes
Interpretação: Catarina Campos Costa, Cláudio da Silva, David Pereira Bastos, Júlio Mesquita, Laura Barbeiro, Lavínia Moreira, Maria Frade, Miguel Eloy, Pedro Fiuza, São José Correia, Teresa Gafeira

28 Outubro a 27 Novembro, 2022 | Teatro Municipal Joaquim Benite | Sala Experimental

qui a sáb às 21h00
qua e dom às 16h00

Duração aprox.: 90min. | M/12

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Sofia Quintas

Directora e jornalista do Almada Online

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