Almada Online questiona Transtejo
Perturbações constantes nas linhas, renovação da frota, requalificação do terminal, carregadores eléctricos, cumprimento de serviço público, foram temas sobre os quais pedimos esclarecimentos
O Almada Online endereçou várias questões à Transtejo, no seguimento da suspensão da linha Trafaria / Porto Brandão / Belém no dia 27 de Julho e, das constantes perturbações na ligação entre Cacihas e o Cais do Sodré.
Todos estes acontecimentos, acrescidos da greve dos seus trabalhadores na semana passada, fizeram com que o serviço de transporte fluvial de pessoas e veículos, ficasse bastante afectado nos últimos meses, assim como a mobilidade de todos os que a ele recorrem.
Ficámos a saber que “a suspensão temporária do serviço de transporte na ligação fluvial da Trafaria decorreu de avaria técnica inesperada do navio ferry “Almadense” que opera nesta ligação, ao início da tarde do dia 27 de julho.” “Ultrapassada a questão técnica, a ligação fluvial foi retomada às 16h de 2 de Agosto, restabelecendo-se, assim, o serviço regular de transporte de passageiros e de veículos nesta ligação fluvial.”
Havendo apenas dois ferries a efectuar esta travessia, e estando o ferry “Lisbonense” parado há dois anos devido a avaria, questionámos porque não foi este ferry ainda reparado. Responderam-nos que “o navio ferry “Lisbonense” tem de ser submetido a docagem para efeitos de renovação do certificado de navegabilidade, podendo isso acontecer este ano para que reforce a frota da Transtejo.”
Apesar dos constrangimentos, a empresa diz que tanto a Transtejo como a Soflusa têm “assegurado as suas obrigações contratuais” no âmbito do contrato de serviço público. Segundo a administração, em 2021, a taxa de cumprimento de horários, que resulta da comparação entre o número de carreiras realizadas com atraso e o número total de carreiras realizadas, foi de 99,5% na Transtejo e de 99,8% na Soflusa. Já no primeiro trimestre de 2022, verificou-se um cumprimento de horários de 99,7% na Transtejo e de 99,9% na Soflusa.
Quisemos saber qual o ponto da situação referente à encomenda de 10 navios eléctricos, que representavam um investimento de 52,4 milhões de euros inicial, depois revisto para 62 milhões e de seguida para 70,6 milhões, ao estaleiro espanhol Gondan, a empresa escolhida no seguimento de um dos maiores concursos públicos em Portugal. Fomos informados que “a chegada dos quatro primeiros navios da nova frota eléctrica encontra-se prevista para o período entre Dezembro de 2022 e Junho de 2023. Outros quatro navios chegarão até final do ano de 2023 e os últimos dois navios, que completam o projecto, serão recebidos em 2024. A entrada ao serviço dos novos navios eléctricos ocorrerá após a sua chegada e a formação das respectivas tripulações.”. Concluimos que este processo está atrasado 8 meses, relativamente às previsões iniciais. (cláusula 4 do contrato)
Sobre a construção de postos de carregamento eléctrico para os novos navios nos terminais fluviais existentes, foi-nos dito que, “finda a fase de audiência prévia do concurso público internacional para empreitada de concepção/construção e fornecimento das estações de armazenamento de energia de terra para a nova frota de navios eléctricos da Transtejo, encontram-se em análise as pronúncias apresentadas pelos concorrentes nesta sede.” Ou seja, ainda não foi escolhido o vencedor do concurso, até porque que o mesmo já foi lançado três vezes, sendo a última datada do corrente mês de Agosto no valor de 16 milhões de euros.
Sobre o projecto de requalificação do terminal de Cacilhas, previsto ter arrancado em Junho de 2021 e que inclui a remoção do telhado de fibrocimento há muito aguardada por utentes e trabalhadores, a Transtejo “não dispõe ainda de data para início das obras.”
A não remoção desta estrutura pode ser considerado um perigo para a saúde pública, sobretudo para os utentes e profissionais que se deslocam e operam diariamente no respectivo terminal, uma vez que as autoridades de saúde aconselham a remoção com urgência de todas as infra estruturas que contenham placas de fibrocimento com amianto. O amianto foi totalmente proibido em construções e edificações a partir do ano de 2005, sendo que o terminal de Cacilhas teve obras de remodelação em 2010, que não removeram o telhado em fibrocimento.
O Conselho de Administração da Transtejo afirmou publicamente que tem nos seus planos uma empreitada de requalificação do Terminal Fluvial de Cacilhas, que tinha previsão de início para o mês de Junho de 2021, obra esta que seria financiada através do Fundo Ambiental, ao abrigo do Programa de Estabilização Económica e Social 2020/2021.
O Terminal Fluvial de Cacilhas é uma infraestrutura do Grupo Transtejo, integrada no equipamento para a prestação de serviço público de transporte fluvial entre as duas margens do Rio Tejo, parte do sistema global da Área Metropolitana de Lisboa, mais concretamente entre Cacilhas/Cais do Sodré. Deste Terminal fazem uso milhares de utentes que diariamente escolhem o transporte fluvial para atravessar as duas margens. Este equipamento que data de 1978, teve obras de remodelação em 2010, com a instalação de sanitários e do posto de venda de bilhetes.
A Transtejo-Soflusa registou uma evolução positiva do número de passageiros transportados entre 2013 e 2019, passando de 15,2 milhões para 19,3 milhões, registando-se nos dois anos seguintes, marcados pela pandemia de covid-19, uma redução significativa: 10,7 milhões transportados em 2020 e 10,6 milhões em 2021. Actualmente, de acordo com a empresa, a Transtejo – Soflusa tem 429 trabalhadores no seu quadro de pessoal, dos quais 242 (56%) são trabalhadores marítimos.
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