Cacilhas | Apresentação do livro “Almada Atlântica – Mar da minha terra”

O livro “Almada Atlântica – Mar da minha terra” do fotógrafo Luis Quinta e do ilustrador científico Martim Quinta, foi apresentado a 14 de Abril no Clube Náutico de Almada, em Cacilhas

O livro “Almada Atlântica – Mar da minha terra” do renomeado e premiado fotógrafo de Natureza Luís Quinta e do seu filho Martim Quinta, foi apresentado no dia 14 de Abril no Clube Náutico de Almada. Presentes estiveram Inês de Medeiros, presidente da Câmara Municipal de Almada (CMA), a investigadora Maria José Costa e o ilustrador científico Pedro Salgado.

“Num arco de litoral com cerca de 30 quilómetros de costa entre o Bugio e o Cabo Espichel, com o enorme estuário do Tejo a influenciar as dinâmicas marinhas da zona, um vale submarino de grande dimensão (o Canhão de Lisboa) a proporcionar o desenvolvimento de grandes quantidades de microorganismos, toda a frente Atlântica do concelho de Almada reúne excelentes condições para a presença de uma rica biodiversidade”, declarou o fotógrafo Luís Quinta de 58 anos, na apresentação.

Esta criação cúmplice entre pai na fotografia e filho na ilustração científica “é uma declaração de amor a esta Almada Atlântica, a este mar da nossa terra”, afirmou Inês de Medeiros, presidente da Câmara Municipal de Almada, na mesma ocasião.

A investigadora Maria José Costa no seu discurso, salientou o rigor científico da obra e a importância deste tipo de livros para a comunicação da Ciência e sensibilização das pessoas.

O prestigiado ilustrador científico Pedro Salgado concentrou o seu discurso na pessoa do jovem ilustrador Martim Quinta, ao referir que “estamos perante um talento natural e um dos melhores alunos” que teve na sua já longa carreira.

©Luis Quinta / Uma Orca perto da Trafaria

Foi quando finalizou o filme de história natural Almada Atlântica – Mar da Minha Terra, que Luís Quinta pensou criar um projecto “irmão”. Não uma obra igual ao filme, com a mesma narrativa, imagens e conteúdos, mas antes um trabalho complementar, com informação mais detalhada, uma maior diversidade de animais e uma abordagem estética muito mais vasta. Pensou no desenho de campo, na ilustração com cariz mais científico, na fotografia de acção, imagens de abordagem documental ou ainda outras formas de representação de seres vivos com técnicas pouco comuns. Em conversa com o departamento de Ambiente, Clima e Sustentabilidade da Câmara Municipal de Almada, co-productora do filme e do livro, foi detalhado o projecto e iniciaram o trabalho de criação dos conteúdos. 

Com uma enorme diversidade de vida marinha à porta de casa e inspirados pela mesma paixão pelo mar, Luís e Martim Quinta fotografaram e desenharam pequenos e grandes animais, agora publicados no livro “Almada Atlântica – Mar da Minha Terra”. Muitas horas passadas juntos no mar e nas praias perto de onde moram, na Costa da Caparica, a fotografar e a desenhar, resultaram numa obra cheia de curiosidades e criaturas deslumbrantes. Sabem as valências de cada um, o potencial que uma situação pode ter, quer na perspectiva do desenho, quer na abordagem fotográfica. A ideia base do trabalho estava delineada, e foram fazendo caminho, complementando situações, conversando sobre ideias. Enquanto o pai filmava e fotografava debaixo de água, à superfície o filho desenhava em cadernos de campo ilustrações de cariz científico, golfinhos, baleias, tubarões, crustáceos, aves marinhas, entre muitos outros peixes e invertebrados da costa do concelho de Almada.

O livro é essencialmente uma “viagem” por esse mundo marinho e nele, o leitor pode encontrar textos que descrevem muitos detalhes e curiosidades do mundo natural que ali ocorre, ver imagens de criaturas interessantes e bonitas, ou ainda, ver pormenores de muitos animais em desenhos com grande rigor científico. São cerca de cem as ilustrações que compõem a obra e recorrem a registos estéticos diferentes e a técnicas distintas. Os detalhes, a beleza de muitos animais ganham outra dimensão com as ilustrações que acompanham as fotografias de Luís Quinta. Desde as grandes baleias, a invertebrados de poucos centímetros, peixes em estado adulto ou em estado larvar, pode ver-se ao pormenor como todos são diferentes e belos. A maioria das ilustrações é feita a aguarela, outras com recurso a outras técnicas, como o grafite, lápis de cor ou a técnica mista, em que Martim Quinta utilizou duas em simultâneo, por exemplo lápis de cor e aguarela. 

©Luis e Martim Quinta / Pormenor do interior do livro “Almada Atlântica – Mar da minha terra”

Os autores defendem que é necessario conhecer a biodiversidade e as espécies para as proteger. Daí que com o livro visem dar a conhecer histórias da vida das diversas espécies, para despertar um sentimento de curiosidade, admiração, orgulho e prazer nos leitores, que podem levar muitas vezes à vontade de proteger. Numa perspectiva mais antropocêntrica, acham que conhecer as espécies, o modo como estas se reproduzem, em que altura, se são migradoras ou não, o que comem, é importante para que a espécie humana possa moderar as suas acções sobre as mesmas, de modo a que vivam todas em equilíbrio.

O arco litoral entre o Bugio e o Cabo Espichel, está muito perto da capital e, existem actualmente meios de estudo razoáveis, no entanto, toda a área tem sido pouco estudada, apesar da sua rica biodiversidade. Há algumas publicações, alguns estudos científicos, mas muito longe do potencial de conhecimento que esta região poderia proporcionar aos cientistas, à Academia. Existe no concelho de Almada um “laboratório natural” invejável ainda muito pouco estudado.

O livro de 204 páginas, um projecto “irmão” do filme Mar da Minha Terra – Almada Atlântica estreado em 2020, encontra-se organizado em dois grandes capítulos, Zona Costeira e Mar Aberto, que contêm espécies diversas, com hábitos distintos, em territórios muito diferentes. O livro, para além de dar a conhecer uma faceta menos conhecida da biodiversidade de Almada, também apela à conservação dos habitats e espécies da região. Seja para quem viva na Costa da Caparica, nos arredores, no concelho de Almada, ou para quem visita este território, ou ainda para aqueles que nunca vieram a esta zona costeira, é um documento sobre a biodiversidade que aqui existe.

©Martim Quinta / A Marinha é da mesma família dos cavalos-marinhos, está em risco de extinção mas existe na Trafaria

Há 30 anos que Luís Quinta fotografa a natureza, sendo um dos mais prestigiados fotógrafos nesta área no nosso país. Viveu 30 anos em Almada e vive há 28 na Costa da Caparica. É um multipremiado fotógrafo e realizador de história natural, e colaborador regular da National Geographic Magazine. Publicou mais de um milhar de artigos, reportagens e imagens na imprensa nacional e internacional, sendo autor de vários livros e colaborador em muitos outros. No seu currículo, conta com fotografias publicadas nas principais revistas de natureza, como a BBC Wildlife, GEO, Terre Sauvage, entre outras. É formador na área da fotografia e cinema de natureza em ambiente terrestre e subaquático. Em Novembro de 2004 foi homenageado pelo Governo português pelo seu trabalho na área da fotografia subaquática, e designado um dos “Novos Heróis do Mar”. Recebeu também vários prémios de grande destaque em concursos de fotografia de natureza em Portugal e no Mundo, e muitas das suas imagens e filmes têm sido usadas por universidades e museus em várias publicações científicas e como suporte pedagógico. É co-autor e autor de diversos filmes de história natural, entre os quais “Arrábida da serra ao mar” (2013), “Almada entre o rio e o mar” (2014), “Mar da Minha Terra – Almada Atlântica” (2020) e “Costa das Cegonhas, Retratos do SW” (2021).

©Luis Quinta / Tubarão Azul fotografado ao largo da Fonte da Telha

Martim Quinta, de 20 anos, estuda Biologia na Universidade de Aveiro, e é um ávido desenhador desde os 7 anos, focado na história natural desde os 14. Há cerca de cinco anos apaixonou-se pela ilustração científica e frequentou o curso de Pedro Salgado, no Museu Nacional de História Natural e da Ciência, em Lisboa. Nas suas ilustrações científicas utiliza várias técnicas, como aguarela, lápis de cor, grafite, e técnica mista, com diversos objectivos. Foca-se no rigor das proporções, da cor, da luz, dos pormenores. Os peixes e os polvos nas suas actividades, são a espécies que mais gosta de observar quando mergulha na Costa da Caparica, no Portinho da Arrábida ou em Sesimbra. Vai muitas vezes à praia depois de um temporal, para observar animais que arrojam na praia, alguns raros de encontrar no dia-a-dia. Tudo na natureza o fascina, sobretudo a sua imprevisibilidade.

©Martim Quinta / Polvo comum desenhado a lápis de cor

Editado pela Câmara Municipal de Almada, o livro está à venda em vários locais do concelho.

Ficha Técnica:

Título: Almada Atlântica – Mar da minha terra
Fotografias: Luís Quinta
Ilustrações Científicas : Martim Quinta
Editora: Câmara Municipal de Almada
Número de páginas: 204
Preço: 20 €

©Luis Quinta / Pode ver aqui o documentário completo Mar da Minha Terra – Almada Atlântica “irmão” mais velho do livro
Sofia Quintas

Directora e jornalista do Almada Online

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