Caparica | Alunos do Monte da Caparica vencem concurso gastronómico
"Inventar a Alimentação do Futuro", concurso pioneiro, promovido pela Escola Superior de Biotecnologia da Católica do Porto, levou alunos a fazer investigação culinária. Alunos da Escola Secundária do Monte da Caparica arrebataram o 1º lugar na categoria Prato principal.
Num concurso pioneiro promovido pela Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa do Porto (UCP Porto) denominado “Inventar a Alimentação do Futuro”, alunos do ensino secundário de todo o país foram desafiados a criarem refeições com três características: nutrição, economia e sustentabilidade ambiental. Participaram cerca de 600 estudantes do ensino secundário de norte a sul do país, com receitas inovadoras, saudáveis e sustentáveis.
A UCP Porto tem-se esforçado por aproximar os jovens do ensino secundário das questões da sustentabilidade alimentar e do papel que a nutrição pode desempenhar na promoção da saúde, através da sua licenciatura em Ciências da Nutrição, cuja directora, Marta Correia, foi a co-organizadora do concurso. A ideia para o mesmo surgiu por acharem que tinham de encontrar uma forma mais divertida, mas construtiva e pedagógica, para envolver os alunos do ensino secundário nestas temáticas.
Assim, a propósito do Dia Mundial da Alimentação, celebrado anualmente pelas Nações Unidas a 16 de Outubro, a UCP Porto convidou “todos os alunos do ensino secundário a reflectir sobre as relações entre a alimentação e o ambiente, economia e saúde através deste concurso onde são convidados a criar e justificar uma receita que represente o caminho do futuro para a alimentação nacional”, podia ler-se nas regras.
A receita devia ser original, saudável, económica e ambientalmente sustentável. Neste caso original significava criada completamente de raiz ou adaptado de uma receita já existente. O principal era pensar nos ingredientes, (se eram locais, se a a sua produção contribuía para a fertilidade do solo, se apoiavam a biodiversidade, quanto custavam, etc.) ; no equlíbrio entre eles (se resultavam num alimento nutricionalmente recomendável, se satisfaziam as nossas necessidades físicas e emocionais, etc.) ; e na maneira como são cozinhados (se contribuíam para as alterações climáticas, se resultavam em muitos resíduos, etc.). Toda a preparação tinha de ser realizada pelos estudantes e, esse trabalho tinha de ser fotografado ou filmado. Também era preciso mostrar o trabalho final: o prato pronto e, noutra imagem, os estudantes a provarem-no. Depois era necessário submeter o dossier online e esperar pelos resultados, que sairam no final do ano de 2022.
Entre guerras, alterações climáticas e o crescimento da população humana, o direito básico à alimentação não é garantido. Há mais de 800 milhões de pessoas, duas vezes a União Europeia, que passam fome diariamente e os números não cessam de aumentar. Para criar um futuro diferente do presente, a alimentação vai ter de conjugar três grandes prioridades: um elevado valor nutricional, um baixo custo económico e uma pegada ecológica reduzida. Esta é uma mudança de perspectiva que exige novos olhares sobre a alimentação: precisamente a premissa por detrás do concurso que agora anuncia os seus premiados.
Paula Castro, directora da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa no Porto, salienta que “criámos este desafio para perguntar qual é a melhor forma de nos alimentarmos. Não há verdadeiramente direito a comer quando os alimentos são nutricionalmente pobres e caros demais, resultando em malnutrição, ou degradam o ambiente, comprometendo o direito das gerações futuras a alimentar-se. Existe uma teia invisível de implicações em cada escolha alimentar e precisamos urgentemente de encontrar respostas sustentáveis.”
No total, cerca de 600 estudantes de 66 escolas secundárias a nível nacional responderam ao desafio. Cada grupo, composto por um professor e 1 a 4 alunos, desenvolveu a receita, preparou o prato e documentou o processo.
Marta Correia mostrou-se positivamente surpreendida pela “adesão tão significativa” dos alunos e escolas secundárias ao desafio lançado. “O trabalho feito quer pelos alunos, quer pelas escolas, mostra que estão conscientes da importância deste tema nas suas vidas e, mais do que isso, tiveram interesse em pôr as mãos na massa e desenvolver estas receitas”.
Em cada categoria (entrada, prato principal e sobremesa) os melhores trabalhos foram escolhidos por uma triagem em duas fases. Na primeira, um júri composto por quatro especialistas em nutrição selecionou as 30 receitas finalistas. Seguidamente, um outro júri, composto por especialistas em ambiente, análise sensorial, transição alimentar e sustentabilidade escolheu os premiados. “Tivemos de ser muito criteriosos e rigorosos”, salientou Marta Correia.
Para a professora, a adesão verificada vem confirmar a necessidade de iniciativas como esta, com os mesmos objectivos de sustentabilidade alimentar e alimentação saudável. No entanto, acredita que o facto de haver uma recompensa monetária para os vencedores pode também ter levado mais alunos a participar, já que cada primeiro lugar vai receber 100 euros, os segundos 60 euros e os terceiros lugares 40 euros cada.
Marta Correia sublinhou ainda que a Universidade Católica está empenhada em reinventar a nutrição sustentável e equilibrada. “Temos a convicção de que se apostarmos na literacia, se despertarmos as consciências destes jovens para a necessidade de fazerem escolhas alimentares saudáveis e sustentáveis, nós estamos a promover não só a sua saúde no futuro, como a do planeta”, concluiu.
Vencedores
Três alunas do 11.º ano do Colégio de Lamas, em Santa Maria da Feira, ficaram em primeiro lugar na categoria “Entradas” e fizeram questão de utilisar produtos locais no seu wrap de vegetais em cama de abóbora, para o qual tentaram utilizar todas as partes dos produtos, de modo a ter “o mínimo desperdício possível”. “Todos os produtos biológicos que usámos na receita vieram dos nossos quintais”, contou Renata Pinto, uma das alunas deste grupo.
Na categoria “Pratos Principais” foi o grupo GreenForce, composto por quatro alunos da Escola Secundária do Monte da Caparica, que venceu o primeiro prémio, ao criar um hambúrguer de cogumelos e duchesse de tremoço. Tatiana Lourenço, membro do grupo, contou “que foi principalmente a preocupação com o ambiente” que levou este grupo de alunos do 11.º ano a participar no concurso.
O segundo lugar na categoria “Sobremesas” foi arrebatado por Carolina Rodrigues Duarte e Carolina Moura Bento o Colégio Luso-Francês com um sorvete de couve-flor em crepes de quinoa. Foi a “possibilidade de aliar criatividade com culinária” que despertou o interesse destas duas alunas pelo concurso.
Também foram premiadas receitas inovadoras como por exemplo, bombons de húmus com sopa de cogumelos e crumble de castanha, “carne” de casca de banana e, Escondidinho de grilo.
Pode ver a tabela com todos os vencedores aqui.
No total, cerca de 600 estudantes de 66 escolas secundárias a nível nacional responderam ao desafio. Cada grupo, composto por um professor e 1 a 4 alunos, desenvolveu a receita, preparou o prato e documentou o processo.
alunos, Caparica, concurso gastronómico, Ecologia, Economia, Escola Secundária do Monte da Caparica, Escola Superior de Biotecnologia, Inventar a Alimentação do Futuro, Monte da Caparica, Nutrição, Pratos Principais, Primeiro Prémio, Sustentabilidade Ambiental, UCP Porto, Universidade Católica Portuguesa