Comissão de trabalhadores da CMA denuncia instalações “degradantes” em Vale Figueira
Situação foi também debatida na reunião da CMA, na passada Segunda-Feira, 5 de Fevereiro
A Comissão de Trabalhadores (CT) da Câmara Municipal de Almada (CMA), em comunicado enviado às redacções, denuncia a situação “degradante em que se encontram as instalações de Vale Figueira Parque”, da CMA, “situação esta que já se arrasta para lá de dois anos”. Nestas instalações trabalham cerca de 800 pessoas dos departamentos de Higiene Urbana, Espaços Verdes e, Manutenção e Frota.
No passado dia 23 de Janeiro a Comissão de Trabalhadores (CT) fez uma visita a Vale Figueira Parque (VFP), “constatando o adiantado estado de degradação destas instalações, principalmente as situadas no sector sul (Sala dos técnicos, vereação e armazém geral) e no lado noroeste, onde fica situada a oficina de viaturas da DGMF, situação esta que já se arrasta há pelo menos dois anos, sem que nada tenha sido feito entretanto.”, pode ler-se no comunicado
Na sala dos técnicos e vereação, “há infiltração e escorrência de águas em vários locais, facto que leva à impossibilidade de utilizar algumas salas, (…) Na sala dos técnicos, as secretárias e armários têm que estar afastados das paredes, havendo autênticas ‘instalações criativas’ para recolha das águas e sua canalização para diversos tipos de recipientes. Os quadros eléctricos têm que estar ‘protegidos’ com plásticos.”
No armazém geral “‘chovia a cântaros’ no interior do espaço, com a água a chegar aos tornozelos. A situação é tal, que grande parte das estantes não pode ter material, pois correm o risco de ficar completamente estragados. “
Nas oficinas de reparação de viaturas da Divisão de Gestão e Manutenção de Frota (DGMF), “as infiltrações de água levaram à queda de placas do tecto falso, obrigando à sua retirada total, o que faz com que actualmente as condições de trabalho neste espaço sejam indignas, com muito frio e correntes de ar. “
A visita que a CT fez, foi acompanhada pelo Director Municipal Engº Rui Carvalheira e pelo Engº Filipe Caetano, Director da DGMF, que informaram “que já por diversas vezes foram iniciados e abandonados, procedimentos concursais para resolver o problema, tendo afirmado que brevemente, vai ser lançado um concurso público urgente para sanar este problema”.
A CT termina o comunicado dizendo que “vai ficar atenta aos desenvolvimentos deste processo, pois julgamos que a situação não pode aguentar mais um Inverno.”
A situação também foi abordada na reunião da CMA da passada Segunda-Feira 5 de Fevereiro, quando a vereadora da CDU Helena Azinheira questionou o executivo sobre “quando seria a resolução desta situação”. Inês de Medeiros, presidente da CMA disse que “o objectivo não é continuar a prolongar esta situação. Todos nós e os trabalhadores temos consciência da precaridade daquelas instalações. Vale Figueira é a recuperação de um pavilhão da Expo, o pavilhão dos Estados Unidos, não deixa de ter alguma ironia, que era por excelência precário. As obras têm de ser feitas, as condições têm de ser garantidas aos trabalhadores, isso não há dúvida. Já houve vários procedimentos, neste caso como noutros as coisas não estão a decorrer de forma tão célere como nós desejaríamos. Um procedimento de urgência é um procedimento de urgência. Quando pergunta para quando, é dentro dos prazos do procedimento de urgência. Não tenho dúvidas que temos de pensar e, isso é muito complicado dada a quantidade de trabalhadores, dado que Vale Figueira acolhe entre 700 a 800 trabalhadores. Não tenho dúvidas que são necessárias obras estruturais e que talvez, não pavilhões precários, ou alteração de pavilhões. É preciso um investimento muito avultado. Naturalmente, sendo pavilhões precários que são da Expo98, é fácil de perceber que o período de validade dos mesmos já terá sido ultrapassado, até muito antes de nós chegarmos. Cá estamos para resolver da melhor forma e, aqui como noutros sítios, garantir as condições de trabalho dos nossos trabalhadores, nas nossas instalações”.
Teodolinda Silveira, vice-presidente da CMA e detentora do pelouro dos Recursos Humanos acrescentou que “o pavilhão do lado esquerdo é o que está mais degradado, fomos resolvendo a questão a nível de administração interna, mas pequenas intervenções já não resultam. Os grandes concursos não foi possível levá-los adiante. Todos sabemos o que aconteceu no momento em que houve degradação maior das instalações, que foi agora com estas últimas chuvas. As pequenas intervenções que foram feitas nos telhados não resolveram problema nenhum e, a situação em que se ficou depois destas grandes chuvas é de facto muito complicada. Logo a seguir a essa situação, e porque sim trata-se de uma situação de urgência, que justificaca o lançamento de um concurso por essa via, foi imediatamente mobilizada a verba, porque se trata também de uma grande verba, no sentido de se fazerem essas obras e, a urgência poder aqui acelerar esse procedimento. Entretanto, as salas onde entrou maior quantidade de água no dia das chuvas, nós desalojámos os trabalhadores para outras salas. Eu, porque também tenho os Recursos Humanos, já estou a ver com o Sr. Director Municipal e os recursos humanos uma forma de aliviarmos a densidade de trabalhadores que estão por sala, porque mudar de uma sala para outra e até para salas de reuniões que não eram salas de trabalho e passaram a ser, levou a uma grande concentração [de trabalhadores] e, já está a circular uma medida para ser discutida com o Director Municipal da Higiene Urbana e Espaços Verdes, que são os trabalhadores que ali estão, e com os Recursos Humanos e vamos equacionar a libertação de alguns trabalhadores em ‘roulement’ [turnos ou trabalho rotativo] para não estar uma concentração tão grande. Já não há chuva, mas há gente a mais dentro de uma sala. Iremos resolver por aí e, estamos convictos que com o procedimento de urgência possamos fazer as obras o mais rapidamente possível. “
Inês de Medeiros salientou ainda “desde que haja condições para as fazer, isso também é importante ter em conta. Volto a dizer, estamos a falar de obras de remendo, e todos nós sabemos que estamos a falar de obras de remendo. Temos estado a pensar se será naquele espaço, noutro, se há alguma possibilidade. Aqueles pavilhões estão a chegar ao final daquilo que é a sua vida útil, o que é normal, também não foram construídos para ser eternos.”
A CT termina o comunicado enviado à redacção do Almada Onlineinformando que o mesmo foi também enviado aos “trabalhadores, executivo municipal e igualmente junto das diversas forças políticas com representação na Assembleia Municipal, assim como aos diversos meios de comunicação da região e concelho.”
O Almada Online contactou directamente a vice-presidente Teodolinda Silveira, para esclarecer há quanto tempo os trabalhadores da CMA trabalham nas condições que as fotografias demonstram, visto a CT dizer ser há dois anos e o executivo ter mencionado “últimas chuvas”. Também contactou o departamento de Comunicação da CMA para esclarecimento desta e de outras questões, como a data de início do procedimento de urgência, seu valor e que obras abrange; número exacto de trabalhadores que trabalham no VFP; quantos procedimentos anteriores foram feitos, os seus valores, datas, que obras englobavam e porque não chegaram a ser concretizados; qual o valor exacto de “um investimento muito avultado” para as obras estruturais necessárias; se essas obras estruturais iriam ser realizadas no VFP ou noutra localização; e por último, se houve aumento de baixas por motivos de saúde desde que chove dentro das instalações de VFP. Não recebemos nenhuma resposta a tempo útil da publicação desta notícia.
Veja as fotografias das instalações de VFP na galeria abaixo.
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