Costa anuncia expansão do Metro Sul do Tejo e corredor verde de Almada a Alcochete

Anúncio foi feito ontem, 29 de Março, numa cerimónia que teve lugar às 15h, no Parque Empresarial da Baía do Tejo, no Barreiro

O Primeiro-ministro António Costa anunciou ontem, Quarta-Feira dia 29 de Março, vários projectos para o Arco Ribeirinho Sul, que engloba os municípios de Alcochete, Almada, Barreiro, Moita, Montijo e Seixal. O anúncio foi feito numa cerimónia que teve lugar pelas 15h no Parque Empresarial da Baía do Tejo, Cais 2, no Barreiro. A cerimónia einclui-se na na iniciativa “Governo Mais próximo” levada a cabo ontem e hoje dia 30 de Março, em todos os concelhos do distrito de Setúbal.

Foram várias as visitas que membros do executivo fizeram ontem a projectos no concelho de Almada, mas António Costa e o Ministro das Finanças Fernando Medina, guardaram os grandes anúncios para a cerimónia no Barreiro. Presentes estiveram também o Ministro do Ambiente e Acção Climática, Duarte Cordeiro; a Ministra da Habitação, Marina Gonçalves; a Ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa e, os autarcas de Almada, Inês de Medeiros; do Seixal, Paulo Silva; do Montijo, Nuno Canta; de Alcochete, Fernando Pinto e; do Barreiro, Rui Braga.

Os anúncios dizem respeito ao Arco Ribeirinho Sul, um projecto já apresentado em 2009 pelo executivo de José Sócrates e retomado em 2017 pelo próprio António Costa. O projecto prevê a requalificação dos antigos complexos industriais da Margueira em Almada, da Siderurgia Nacional no Seixal, e da CUF/Quimigal (actualmente Quimiparque), no Barreiro.

A iniciativa “Governo Mais Próximo”, que já passou anteriormente por Castelo Branco e Faro, privilegia os contactos de proximidade, auscultando os representantes locais e promovendo o desenvolvimento económico e social da região, reforçando a coesão territorial. Com visitas a projectos marcantes, acções associadas à implementação do Plano de Recuperação e Resiliência no distrito de Setúbal e reuniões de trabalho, o executivo aposta no diálogo e procura dar resposta aos desafios da região.

No distrito de Setúbal a iniciativa conta com cerca de 80 iniciativas em dois dias, que culminarão numa reunião descentralizada do Conselho de Ministros no Forte de Albarquel em Setúbal, e o briefing das suas conclusões em Almada, ainda com hora e local a anunciar.

No Barreiro, foram ontem anunciadas a extensão do Metro Sul do Tejo do Seixal a outros concelhos da Margem Sul nomeadamente “através do avanço nos estudos para a sua extensão à Costa da Caparica e a Alcochete”; um novo terminal fluvial na Moita para os barcos da Transtejo que fazem a ligação a Lisboa; novas pontes rodoviárias entre Barreiro-Seixal e Barreiro-Montijo e; um corredor verde com um total de 38 quilómetros, o Passeio do Arco Ribeirinho Sul, para bicicletas e peões, que ligará Almada a Alcochete.

O Primeiro-Ministro antecipando-se a si próprio revelou tudo isto num artigo de opinião publicado na Quarta-Feira no diário regional O Setubalense, onde exalta as qualidades do distrito de Setúbal e assume o compromisso de investimento na região.

No artigo António Costa escreve que “durante anos, o distrito foi definido pela sua proximidade à capital. Uma região na órbita de Lisboa que servia de dormitório à capital. Mas isso mudou. Setúbal já não é um distrito satélite, nem vive na sombra de ninguém. Cresceu e assumiu-se pelos próprios méritos”

“E continuaremos a investir em Setúbal como distrito incontornável no desenvolvimento do país. Prova disso é a aposta no Projecto do Arco Ribeirinho Sul que colocará estes territórios à disposição das populações através da requalificação urbanística de importantes áreas da margem sul do estuário do Tejo.”, continuou o primeiro-ministro.

“O Arco Ribeirinho Sul, que envolverá 6 municípios (Alcochete, Almada, Barreiro, Moita, Montijo e Seixal), será um território pensado para a utilização equilibrada do espaço: terá espaços de habitação, serviços, indústria tecnológica e lazer. Os primeiros passos para a sua concretização serão dados neste Governo + Próximo, através da aprovação de uma Resolução do Conselho de Ministros que permitirá, entre outros, o arranque dos trabalhos técnicos das próximas fases da expansão do Metro Sul do Tejo e a concretização de projectos para a construção de novas ligações entre o Barreiro e o Montijo e o Barreiro e o Seixal, de um novo terminal fluvial na Moita e do “Passeio do Arco Ribeirinho Sul”, via pedonal, ciclável e de estrutura verde, garantindo a ligação de Almada a Alcochete.”, pormenorizou António Costa.

Com estes projectos e depois de concluída a criação da NUTS II para a península de Setúbal, “finalmente aprovada no início do ano”, conclui António Costa no seu artigo de opinião, “Setúbal já não é um dormitório”.

©Baia do Tejo / A Margueira em Almada será englobada num corredor verde até Alcochete

Na apresentação do projecto no Barreiro, Fernando Medina foi peremptório ao afirmar que “Não queremos que esta região seja um dormitório da cidade de Lisboa, mas um polo gerador de emprego altamente qualificado, capaz de propiciar melhores salários, oportunidades de vida para os jovens e que seja um referencial de qualidade de vida própria dos modernos espaços urbanos — uma condição também indispensável de competitividade”.

O titular da pasta das Finanças adiantou que o Conselho de Ministros, de Quinta-Feira. Vai estabelecer a “assumpção integral pelo Estado, através do fundo ambiental e do Orçamento do Estado, das verbas para a descontaminação dos solos em concelhos da margem sul do Tejo”.

“É aqui que tem residido um dos principais obstáculos”, disse, numa alusão às discussões “entre estratégias de descontaminação, verbas e entidades responsáveis”, assinalando, depois, que o projecto será desenvolvido em parceria com os organismos do Ministério do Ambiente.

O ministro das Finanças referiu-se em seguida a um conjunto de alterações dominiais, que vão permitir uma integração das áreas industriais, de comércio e de serviços, tendo em vista a concretização da estratégia de requalificação do Arco Ribeirinho Sul.

Fernando Medina salientou a vontade do Governo em querer que o distrito tenha um grande crescimento e seja local de fixação de jovens e empresas. “Queremos que esta seja uma zona de novas empresas, novas actividades, de habitação acessível e que possa fixar população”, concluiu.

António Costa iniciou o seu discurso dizendo que “Esta margem esquerda do Tejo merece um grande projecto de regeneração urbana”, sublinhando que “é particularmente gratificante iniciar estes dois dias de Governo Mais Próximo, com o arranque efectivo dos trabalhos que são necessários para construir o futuro. Não temos uma Expo 2023 mas temos a ambição 2023. Essa ambição de passarmos definitivamente para um projecto que já tem 12 anos e que foi mantendo este território de imensas oportunidades num quase vazio.”

António Costa deixou ainda elogios e agradecimentos aos presidentes das câmaras do Arco Ribeirinho Sul (Alcochete, Almada, Barreiro, Moita, Montijo e Seixal), “por se terem unido para podermos desbloquear esta situação”. Mas fez questão de lembrar que não é a primeira vez que estes projectos estão em cima da mesa, referindo também que “projectos levam tempo, mas o mais importante de tudo na política é ser-se persistente”.

Inês de Medeiros, presidente da Câmara Municipal de Almada, mostrou-se feliz com os anúncios do Governo feitos no Barreiro, mas lembrou que “os almadenses já viram vários planos ser anunciados e querem ver concretização”.

Na memória dos almadenses estão a Lisbon South Bay de 2015 que iria transformar Almada o Seixal e o Barreiro; ou o projecto Cidade da Água de 2019 que iria resolver os problemas habitacionais de Almada e ser o maior projecto desde a Expo98 e, outros mega projectos que nunca saíram do papel.

“[Almada] vê esta medida com grande entusiasmo e com muita energia. Agora começa a história no sentido de que, torna-se nossa obrigação de que isto [Arco Ribeirinho Sul] venha a tornar-se uma realidade. Para nós é muito importante ver o Governo absolutamente envolvido nisto através das entidades representativas, houve aqui compromissos claros que foram ditos que é garantido”, continuou Inês de Medeiros.

A autarca falou ainda nas potencialidades que este projecto vai trazer ao nível da economia, do ambiente, e da mobilidade. “Um projecto que mais do que andar a imaginar hotéis ou edifícios, pensa naquilo que são os desafios do crescimento e do desenvolvimento, nomeadamente o ambiente e a mobilidade, o criar condições para que também a própria economia possa avançar”.

O projecto prevê ainda a criação de um Plano Geral de Mobilidade, a construção de habitação pública com arrendamento acessível e a criação de um novo Polo de emprego qualificado que beneficie toda a Área Metropolitana de Lisboa.

O anúncio dos projetos foi precedido de uma visita do Ministro das Finanças, Fernando Medina, aos territórios do Arco Ribeirinho Sul. Em Almada, o ministro visitou os antigos estaleiros da Lisnave.

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Sofia Quintas

Directora e jornalista do Almada Online