Costa da Caparica | Ciclo de Cinema Hitchcock

No Auditório da Costa da Caparica, todas as Quintas-Feiras às 21h

O CineClube da Associação Gandaia, apresenta durante o mês de Fevereiro um ciclo de cinema dedicado a Alfred Hitchcock, no Auditório Costa da Caparica, todas as Quintas-Feiras às 21h.

Considerado um dos mais influentes cineastas de todos os tempos, Hitchcock (1899 – 1980) foi eleito pelo The Telegraph como o maior director da história da Grã-Bretanha e, pela Entertainment Weekly como o maior do cinema mundial. Conhecido como “o Mestre do Suspense”, dirigiu 53 longas-metragens ao longo de seis décadas de carreira. Tornou-se também famoso pelas suas entrevistas, as frequentes aparições nos seus filmes e pela apresentação do programa Alfred Hitchcock Presents entre 1955 e 1965. Em 1960 Hitchcock já tinha realizado quatro filmes recorrentemente classificados entre os melhores de todos os tempos: Rear Window (1954), Vertigo (1958), North by Northwest (1959) e Psycho (1960). Recebeu o título de cavalheiro da Ordem do Império Britânico quatro meses antes de sua morte.

O estilo hitchcockiano inclui o uso de movimento de camera para emular o olhar de uma pessoa, tornando os espectadores em voyeurs, e concebendo planos para maximizar a ansiedade e o medo.

Quinta- Feira 2 de Fevereiro – Psico (1960)

A acção situa-se em Phoenix, onde encontramos Marion Crane (Janet Leigh), uma funcionária pública frustrada por não poder casar-se com o seu namorado Sam Loomis (John Gavin), recém-divorciado e a pagar uma altíssima pensão de alimentação à ex-mulher. Ambiciosa, Marion rouba 40 mil dólares ao seu patrão e foge para a Califórnia, onde decide começar uma nova vida. Apanhada por uma tempestade, decide instalar-se num motel gerido por Norman Bates (Anthony Perkins), um jovem tímido e dominado por uma mãe doente. Contudo, Bates não passa de um homicida psicótico e mata Marion quando esta se encontra no duche. Intrigados com o desaparecimento de Marion, a sua irmã Lila (Vera Miles) e Sam decidem procurá-la e, horrorizados, descobrem o estranho mundo de Norman Bates.

Apesar de Hitchcock, até à sua morte, ter sempre defendido que Psico não passava duma comédia negra filmada a preto e branco para acentuar o suspense, este título tornou-se um clássico do terror e marcou a carreira futura do actor Anthony Perkins, que ficaria indelevelmente ligado à personagem de Norman Bates. A cena da morte de Marion no duche, acentuada pela música de Bernard Herrman, tornou-se emblemática e, apesar da sua curta duração, demorou cerca de dois dias para ser filmada.

Baseado num livro de Robert Bloch e filmado em 1960, é uma das obras mais conhecidas de Alfred Hitchcock. Foi rodado em poucas semanas, com orçamento reduzido e uma equipa de televisão. É um dos mais célebres filmes de terror e suspense. A Academia de Hollywood não reconheceu a grandeza do filme, tendo Hitchcock e Leigh recebido apenas nomeações nas categorias de Melhor Realizador e Melhor Atriz Secundária, respectivamente. Tal não impediu que este fosse o grande êxito em termos comerciais da carreira de Hitchcock.

Hoje é considerado um dos melhores filmes de Hitchcock e uma obra de arte por críticos internacionais, sendo classificado entre os melhores filmes de todos os tempos. Quando estreou estabelecu um novo nível de aceitação da violência, comportamento desviante e sexualidade nos filmes americanos.

Curiosidade: Hitchcock comprou anonimamente os direitos do livro de Robert Bloch, que originou o argumento do filme. Depois comprou todas as cópias do livro existentes no mercado a fim de esconder o seu final.

©DR / A célebre cena do chuveiro, que deixou milhares de pessoas com medo de tomar duche

Ficha Técnica:

Título Original: Psycho
Realização: Alfred Hitchcock
Productor: Alfred Hitchcock
Argumento: Joseph Stefano baseado no livro Psycho de Robert Bloch
Elenco: Anthony Perkins, Janet Leigh, John Gavin, Vera Miles, Martin Balsam
Fotografia: John L. Russell
Banda Sonora: Bernard Herrman
Origem: EUA
Género: Terror/Suspense
Ano: 1960
Duração: 109 minutos

Quinta-Feira 9 de Fevereiro – Vertigo – A Mulher que Viveu Duas Vezes (1958)

James Stewart interpreta o papel de Scotie Ferguson, um polícia atormentado pelo seu medo de alturas, que é transferido para uma corporação de São Francisco devido a suspeitas de não ter evitado a morte de um colega. Aí, é destacado para proteger Madeleine Elster (Kim Novak) dos seus constantes ataques suicidas. Depois de salvá-la de morrer afogada, não consegue, devido às suas vertigens, impedi-la de subir a uma torre e assiste impotente à sua morte, culpabilizando-se. Contudo, quando acidentalmente vê uma mulher muito parecida com ela coloca a hipótese de Madeleine estar viva.

Para o sucesso deste filme contribuiu em grande parte a originalidade do desfecho da história, do virtuosismo da banda sonora de Bernard Herrmann e sobretudo da interpretação de Stewart numa luta complexa com o seu bloqueio psicológico, tentando obter um equilíbrio emocional através de um amor obsessivo.

O cineasta nunca tinha sido, nem nunca mais viria a ser, tão desesperadamente romântico. É quase uma celebração funesta, perversamente necrófila, que avança em estado febril até à eclosão da tragédia. Foi eleito o melhor filme de todos os tempos pela revista “Sight and Sound”.

Curiosidade: Este foi o primeiro filme a utilizar o zoom Dolly, um efeito de camera que distorce a perspectiva para criar desorientação, para mostrar as vertigens de Scottie. Como resultado do seu uso no filme, o efeito é muitas vezes referido como “o efeito Vertigo”.

©DR / Vertigo Foi eleito o melhor filme de todos os tempos pela revista “Sight and Sound”.

Ficha Técnica:

Título Original: Vertigo
Realização: Alfred Hitchcock
Productor: Alfred Hitchcock
Argumento:  Alec Coppel e Samuel A. Taylor
Elenco: James Stewart, Kim Novak, Barbara Geddes
Fotografia: Robert Burks
Banda Sonora: Bernard Herrmann
Origem: EUA
Género: Suspense
Ano: 1958
Duração: 128 minutos

Quinta-Feira 16 de Fevereiro – Mr. & Mrs. Smith (1941)

Ann e David são um casal feliz. Certo dia ela pergunta-lhe se tivesse de fazer tudo de novo, ele se casaria com ela? Para sua surpresa, ele responde que não. Mais tarde, naquele mesmo dia, ambos separadamente descobrem que, devido a uma complicação quando se casaram há três anos, eles não são legalmente casados. Ann espera que David lhe conte e a peça em casamento novamente, mas saem para jantar e ele não comenta nada sobre não serem casados. Então, ela coloca-o fora de casa e ele fará de tudo para tê-la de volta

Este é o terceiro filme da fase americana de Hitchcock, o primeiro inteiramente filmado nos Estados Unidos e, a única comédia romântica da sua carreira. O humor sempre esteve presente nos filmes de Hitchcock, mas como um elemento secundário. Mr. & Mrs. Smith é uma uma screwball comedy, nome dado às comédias românticas amalucadas dos anos 30 e 40. Não era um filme que ele quisesse fazer e, fê-lo a pedido da amiga Carole Lombard. Hitchcock não interferiu em nada na história e no roteiro, ambos de autoria de Norman Krasna, sob o argumento de que não estava familiarizado com os costumes americanos, e não entendia nada a respeito dos muito ricos de Manhattan, como são os personagens principais da história.

©DR / O filme é a única comédia romântica da carreira de Hitchcock

Ficha Técnica:

Título Original: Mr. & Mrs. Smith
Realização: Alfred Hitchcock
Productor: Alfred Hitchcock
Argumento: Norman Krasna
Elenco: Carole Lombard, Robert Montgomery, Gene Raymond
Fotografia: Harry Stradling Sr.
Banda Sonora: Edward Ward
Origem: EUA
Género: Comédia romântica
Ano: 1941
Duração: 95 minutos

Quinta-Feira 23 de Fevereiro – Os Pássaros (1963)

Melanie Daniels (Tippi Hedren) é uma bela e rica socialite que sempre vai atrás do que quer. Um dia conhece o advogado Mitch Brenner (Rod Taylor) numa loja de animais e fica interessada nele. Depois do encontro decide procurá-lo na sua cidade. Ela conduz por uma hora até a pacata cidade litoral de Bodega Bay, na Califórnia, onde Mitch costuma passar os fins de semana. Melaine não sabia que iria viver algo assustador: milhares de pássaros instalaram-se na localidade e começam a atacar as pessoas. Os brutais ataques dos pássaros transformam cidade num cenário de horror.

Curiosidades: O filme Os Pássaros foi parcialmente inspirado pelos eventos verdadeiros de um ataque de pássaros em bando na cidade litoral de Capitola, na Califórnia, em 18 de agosto de 1961, quando “os residentes de Capitola acordaram com uma cena que parecia saída de um filme de terror. Hordas de aves marinhas bombardearam suas casas, colidindo com carros e vomitando anchovas meio digeridas nos relvados”. Alfred Hitchcock ouviu falar desse evento e utilizou-o como material de pesquisa para o filme A verdadeira causa do comportamento das aves eram as algas tóxicas, mas isso não era conhecido na década de 1960.

Tippi Hedren ficou mesmo ferida numa das cenas do filme. Sofreu cortes no rosto feitos por um dos pássaros. A sequência em que Melanie é atacada demorou uma semana a ser filmada. Para que não fugissem, as aves foram amarradas através de longos fios de nylon na sua própria roupa.

3.200 pássaros foram treinados para o filme. Também foram usadas aves mecânicas e marionetes. Hitchcock disse que os corvos eram os mais inteligentes. Segundo o actor Rod Taylor, as gaivotas foram alimentadas com uma mistura de trigo e uísque, a única forma de permanecerem por perto durante tanto tempo.

©DR / Os ataques dos pássaros tornam-se tão brutais que os habitantes de Bodega Bay têm de lutar pelas suas vidas

Ficha Técnica:

Título Original: The Birds
Realização: Alfred Hitchcock
Productor: Alfred Hitchcock
Argumento: Evan Hunter baseado no livro de Daphne Du Maurier
Elenco: Tippi Hedren, Rod Taylor, Jessica Tandy, Suzanne Pleshette, Veronica Cartwright
Fotografia: Robert Burks
Banda Sonora: Não tem
Origem: EUA
Género: Terror/Suspense
Ano: 1963
Duração: 119 minutos

Sofia Quintas

Directora e jornalista do Almada Online

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