Costa da Caparica | Corações na Penumbra

Um clássico de Hollywood que pode rever dia 17 às 21h, no Auditório Costa da Caparica

A programação do CineClube Impala é organizada pela Associação Gandaia e, no seu ciclo dedicado a Tenessee Williams, poderá ver no Auditório da Costa da Caparica o filme Corações na Penumbra, no dia 17 às 21h.

Ao adaptar para cinema a peça de Tennessee Williams “Sweet Bird of Youth”, o realizador Richard Brooks foi buscar Paul Newman para representar, no grande écrã, o mesmo papel que tinha desempenhado nos palcos da Broadway.

Em “Corações na Penumbra” Newman é Chance Wayne, que regressa à sua terra natal, acompanhando a actriz de Hollywood, Alexandra Del Lago (Geraldine Page). Esta viaja incógnita como Princesa Kosmonopolis, fugindo do aparente fracasso do seu último filme, entregando-se ao álcool, drogas e sexo. Já Chance é apenas um nadador salvador em Los Angeles, e agora gigolo da actriz, procurando, na fraqueza dela, uma oportunidade para que esta o ajude numa carreira. Mas o seu regresso a casa é também um ajuste de contas com o passado, procurando resgatar a antiga namorada, Heavenly Finley (Shirley Knight), cujo pai, o todo-poderoso ‘Boss’ Finley (Ed Begley), magnata do petróleo, antigo governador, e dono de quase tudo e todos na região, em tempos provocou a sua saída da cidade, depois de Chance ter engravidado Heavenly. Por tudo isso, a estadia de Chance é conturbada. Por um lado tem de lidar com Alexandra, em depressão, dependente de drogas e dele próprio, por outro tenta contactar em vão Heavenly, e esquivar-se às ameaças de Finley e do seu colérico filho Thomas Jr. (Rip Torn).

©GM/Kobal/Shutterstock / Paul Newman (Chance Wayne) e Shirley Knight (Heavenly Finley)

Em 1959, mais uma peça de Tennessee Williams estreava na Broadway com grande sucesso. Tratava-se de “Sweet Bird of Youth”, com encenação do conhecido realizador de cinema Elia Kazan, um dos fundadores do Actors Studio, e impulsionador da vaga de adaptações do teatro contemporâneo em Hollywood, nos anos 50 e 60. Três anos depois surgia a adaptação desta peça ao cinema, a cargo de outro perito neste campo, Richard Brooks, que escreveria também o argumento, e contaria nos principais papéis com Paul Newman, Geraldine Page (nomeada para um Tony para a mesma peça), Rip Torn e Madeleine Sherwood a repetir os papéis da Broadway, a que se juntavam Ed Begley e Shirley Knight. 

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Sob a mão de Brooks, e a chancela da MGM, “Corações na Penumbra” tornava-se um filme bem mais versátil tematicamente que o habitual em Williams, com o sul dos Estados Unidos e as suas idiossincrasias sempre como pano de fundo, e temas que iam dos altos e baixos da fama de Hollywood, à corrupção política, do aborto e disrupção familiar aos papéis de submissão sexual (gigolos e acompanhantes), passando pelo abuso de drogas. Estes eram os tradicionais casos polémicos com que Tennessee Williams construía as suas tramas, sempre bem vindas na irreverência dos palcos, mas vista com desconfiança pela censura de Holywood.

Mesmo com todas as vicissitures criadas pelas lutas com a censura, e apesar (ou talvez por causa) do adocicar romântico da história, “Corações na Penumbra” foi um sucesso de bilheteira, e garantiu três nomeações para Oscars, Melhor Actriz Principal (Page), Melhor Actor Secundário (Begley) e Melhor Actriz Secundária (Knight). Destes apenas Ed Begley levaria a respectiva estatueta para casa.

©MGM/Kobal/Shutterstock / Paul Newman e Geraldine Page são Chance Wayne e Alexandra del Lago

Ficha Técnica:

Título original: Sweet Bird of Youth;

Produção: Roxbury Productions Inc.

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País: EUA

Ano: 1962

Duração: 115 minutos

Distribuição: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)

Estreia: 21 de Março de 1962 (EUA), 29 de Maio de 1962 (Portugal).

Realização: Richard Brooks

Produção: Pandro S. Berman

Produtora Associada: Kathryn Hereford

Argumento: Richard Brooks, a partir da peça homónima de Tennessee Williams

Música: Robert Armbruster, Jeff Alexander, Bronislau Kaper, André Previn, Albert Woodbury

Direcção Musical: Robert Armbruster

Supervisão Musical: Harold Gelman

Fotografia: Milton R. Krasner, filmado em CinemaScope, cor por Metrocolor

Montagem: Henry Berman

Direcção Artística: George W. Davis, Urie McCleary

Cenários: Henry Grace, Hugh Hunt

Figurinos: Orry-Kelly

Caracterização: William Tuttle

Efeitos Visuais: Lee LeBlanc.

Elenco: Paul Newman (Chance Wayne), Geraldine Page (Alexandra Del Lago, Princesa Kosmonopolis), Shirley Knight (Heavenly Finley), Ed Begley (Tom ‘Boss’ Finley), Rip Torn (Thomas J. Finley, Jr.), Mildred Dunnock (Tia Nonnie), Madeleine Sherwood (Miss Lucy), Philip Abbott (Dr. George Scudder), Corey Allen (Scotty), Barry Cahill (Bud), Dub Taylor (Dan Hatcher), James Douglas (Leroy), Barry Atwater (Ben Jackson), Charles Arnt (Mayor Henricks), Dorothy Konrad (Mrs. Maribelle Norris), James Chandler (Professor Brutus Haven Smith), Mike Steen (Adjunto do Xerife), Kelly Thordsen (Xerife Clark).

Sofia Quintas

Directora e jornalista do Almada Online

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