Costa da Caparica | Surfista resgata cinco jovens em risco de afogamento
Resgate ocorreu às 20h15 de dia 26 de Julho na Praia da Cabana do Pescador
Surfista resgatou cinco jovens que tinham sido levados para fora de pé por um agueiro, e que se encontravam em risco de afogamento, cerca das 20h15 de dia 26 de Julho na Praia da Cabana do Pescador, na Costa da Caparica.
Quando se deu o resgate o nadador-salvador da praia já não se encontrava de serviço, pois a assistência a banhistas termina diariamente às 19 horas.
Dois dos cinco jovens, com 18 e 15 anos, foram transportados para o Hospital Garcia de Orta devido a exaustão. Os três restantes não necessitaram de assistência médica, para além da fornecida no local.
Segundo a Autoridade Marítima Nacional “foram de imediato activados para o local elementos do Comando-local da Polícia Marítima de Lisboa e do Projecto “SeaWatch”. Para o local deslocaram-se também um nadador-salvador que estava na zona, elementos dos Bombeiros Voluntários da Amora, dos Bombeiros Voluntários de Almada e uma Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) do INEM.”
As vítimas foram resgatadas para terra por um surfista, “tendo duas delas sido assistidas e estabilizadas pelo elemento do Projeto “SeaWatch”, em colaboração com o nadador-salvador, com recurso a oxigenoterapia, até à chegada do INEM”. Os dois jovens, de 15 e 18 anos, foram posteriormente transportados pelas ambulâncias dos Bombeiros Voluntários da Amora e dos Bombeiros Voluntários de Almada para o Hospital Garcia de Orta.
De acordo com Diogo Vieira Branco, comandante da Polícia Marítima de Lisboa, “dois dos jovens foram transportados para o hospital por exaustão, engoliram muita água, sendo que os restantes não precisavam de assistência”.
O que são agueiros?
Um agueiro é um fenómeno responsável “por 80% das mortes por afogamento” em mar
Trata-se de um “fenómeno natural identificado” que torna a “corrente marítima demasiado forte para lutar contra ela”, sendo por isso importante reconhecer a situação e evitá-la ou, caso contrário, “nadar ao longo da costa” e “flutuar e pedir ajuda”, explica o Instituto de Socorros a Náufragos (ISN).
O problema é que, num agueiro, mal as pessoas levantam os pés, são logo arrastadas. O perigo é maior para quem não sabe nadar porque, normalmente, a pessoa entra em pânico e esquece-se de pedir ajuda. O importante é flutuar e pedir ajuda. Quanto a quem sabe nadar, a tendência das pessoas é nadar contra a corrente, o que é impossível num agueiro e a pessoa acaba por perder as forças.
A identificação de um agueiro começa, desde logo, pela “mudança da tonalidade da água”: nos sítios onde se formam agueiros, a água fica com uma “tonalidade acastanhada e com espuma”, devido à “agitação das areias”.
Para além disso, trata-se de uma zona onde “a ondulação é quase nula”, quando mesmo ao lado há mais ondas, criando uma “falsa sensação de acalmia”, que leve a que o local seja aquele onde há “a tentação de entrar”. “Quando as ondas rebentam e fazem o retorno ao mar, formam uma espécie de canal com uma corrente muito forte para o mar. A tendência das pessoas é nadar contra a corrente, o que é impossível”, explica o ISN.
Por isso, a opção é “deixar-se levar pela corrente porque, à medida que se vão distanciando da costa, a corrente vai perdendo intensidade”, descreve o ISN. Para além disso, os banhistas “devem nadar paralelamente à costa para fazer o retorno para a praia”. Molhar os pés num agueiro não é problema, mas “mal a pessoa levanta os pés, é logo arrastada”.
O ISN esclarece que existem “agueiros súbitos, sobretudo em alturas de troca de marés e, nesses casos, é muito difícil identificá-los”, indicando que eles podem surgir em sítios onde não está hasteada a bandeira vermelha, isto quando existem praias vigiadas e se está durante a época balnear.
Existem outros agueiros que são fixos, que “podem ou não estar no mesmo local” da praia, mas “nas praias vigiadas existe sinalética própria para os identificar”, acrescenta o ISN.