Garcia de Orta realiza cirurgia inovadora a hérnia incisional
A primeira cirurgia vídeo-endoscópica a uma hérnia incisional no HGO foi efectuada com sucesso técnico e sem intercorrências, com uma redução substancial da dor pós-operatória e rápido retorno do paciente à sua vida activa
A Unidade de Tratamento de Hérnias da Parede Abdominal do Serviço de Cirurgia Geral do Hospital Garcia de Orta (HGO) realizou recentemente, pela primeira vez, a reparação de uma hérnia ventral incisional por via videoendoscópica.
A técnica em questão, designada por eTEP (extended totally extraperitoneal), é um procedimento inovador, que permite a reparação da hérnia de forma minimamente invasiva, com menos complicações e menos dor pós-operatória. Esta cirurgia resulta, assim, em menos tempo de internamento e recuperação mais rápida do que a cirurgia aberta clássica ou mesmo a cirurgia laparoscópica convencional.
A hérnia incisional é um tipo de hérnia que surge no local cirúrgico de uma cirurgia prévia no abdómen. Uma cirurgia no abdómen leva a uma violação das estruturas da parede abdominal, tais como músculos e fáscias, o que contribui para um enfraquecimento da mesma. Esta predisposição, associada a um aumento da pressão intra-abdominal, como a obesidade, tabagismo ou outros factores de risco, como quimioterapia, predispõe ao aparecimento de hérnias com protrusão de conteúdo intra-abdominal, nomeadamente intestino.
O tratamento das hérnias incisionais depende das características da hérnia em particular (dimensão e localização) e dos problemas associados do doente, nomeadamente patologias de base e cirurgias prévias. Pode passar por uma cirurgia aberta, na qual o cirurgião faz uma nova incisão para poder reduzir o conteúdo herniário e encerrar o orifício, ou numa cirurgia por laparoscopia, em que a abordagem intra-abdominal se faz por incisões centimétricas no abdómen, insuflação da cavidade abdominal, manipulação e redução do saco herniário e encerramento do orifício/defeito. Em ambas as abordagens é colocada uma prótese (que consiste numa rede) a cobrir amplamente o defeito encerrado, de modo a promover um fortalecimento dos tecidos e evitar o reaparecimento de novas hérnias.
Mais recentemente surgiu uma nova abordagem minimamente invasiva, alternativa à laparoscopia convencional, designada por eTEP, em que se evita a entrada na cavidade abdominal. São igualmente feitas pequenas incisões na parede abdominal, com redução da hérnia, encerramento do orifício herniário, e colocação de uma prótese, mas evita-se a manipulação e o contacto da rede com o intestino. Esta via é a que, comprovadamente, permite reduzir substancialmente a dor pós-operatória, o risco de infecções, encurtar o tempo de internamento e acelerar o regresso à vida activa, com maximização dos resultados a longo prazo, nomeadamente redução do risco de recorrência da hérnia ou de complicações relacionadas com a rede.
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