Início da musealização do Barracuda

Obras iniciadas dia 17 de Agosto têm objectivo de ser visitável para o ano

As grandes obras de musealização do antigo submarino Barracuda, que se encontra em Cacilhas, começaram dia 17 de Agosto, com o processo de abertura dos acessos laterais, para que possa ser visitado pelo público no futuro, anunciou a Marinha Portuguesa em comunicado.

Interior Barracuda
©Marinha Portuguesa / O interior do Barracuda a ser reestruturado

Instalado na zona ribeirinha, junto ao Farol de Cacilhas, na antiga doca 1 da H. Parry & Son, no futuro o submarino estará equipado como se fosse participar em missões, estando a ser reestruturado de modo a garantir a abertura a visitas do público em segurança. O plano é começar a receber visitas já no próximo ano.

Sendo o submarino mais antigo de todas as marinhas de guerra da NATO, com 54 anos ao serviço da Marinha Portuguesa, e mais de 52 mil horas navegadas, o ex-NRP Barracuda, desarmado em Agosto 2010, irá integrar o núcleo museológico do Museu de Marinha em Cacilhas, ficando depois de reestruturado aberto ao público juntamente com a Fragata D. Fernando II e Glória.

Com 35 camas para uma guarnição de 54 elementos, o espaço era exíguo dentro do submarino, obrigando os marinheiros a dormirem por turnos, sistema chamado de “cama quente”, excepto o comandante e o enfermeiro que tinham cama fixa. A bordo havia apenas 12 mil litros de água, o que fazia com que não se tomasse banho. Só na véspera de chegar a porto estrangeiro, é que o comandante e o grupo de serviço tomavam banho.

©Marinha Portuguesa / Planta geral do submarino Barracuda

Construído em 1968 nos Estaleiros Dubigeon-Normandie em Nantes, França, o Barracuda tinha uma autonomia de 31 dias no mar, podia mergulhar até 300 metros, possuía dois motores a diesel de 1300 cavalos e outros dois elétricos de 1600 cavalos. Na sua vida útil, prevista em 25 anos mas largamente ultrapassada, percorreu cerca de 800 mil milhas em mais de 300 missões, o equivalente a 36 voltas ao mundo.

Os seus primeiros anos foram passados em ações de formação e aprontamento da sua guarnição, uma vez que a tecnologia e sistemas que empregava eram completamente inovadores, quando comparados com os submarinos da anterior esquadrilha.

A sua actividade operacional passou pelo desempenho de missões de patrulha nas águas nacionais e em exercícios, quer no âmbito interno quer em contexto internacional, como nas Ilhas Britânicas, Ilhas Canárias e no Mediterrâneo Ocidental. Uma das missões mais marcantes ocorreu a 14 de Dezembro de 1982, quando saiu para o mar com o objectivo de torpedear e afundar o navio mercante Bandim. Este navio encontrava-se à deriva e semi-submerso na costa portuguesa, com gás propano e butano liquefeitos, constituindo um perigo para a navegação naquelas águas. Este episódio ficou marcado por terem sido utilizados, pela primeira vez, torpedos de combate.

A última viagem do submarino com nome de peixe feroz, aconteceu em 2013, em direção às docas do estaleiro naval de Cacilhas, onde se encontra actualmente. 

Abriu ao público dia 4 de Maio deste ano, para visitas guiadas que marcaram os 54 anos ao serviço efectivo da Marinha Portuguesa, voltando a fechar para as reestruturações museológicas, que agora se iniciam.

“Bravo Zulu”

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Sofia Quintas

Directora e jornalista do Almada Online