Medalha de prata para Portugal no IBSA Grand Prix 2023
O último dia do IBSA Grand Prix Portugal 2023 cumpriu-se esta Terça-Feira, 31 de Janeiro, após dois dias de combates entre os melhores judocas cegos e com baixa visão, no Complexo Municipal dos Desportos da Cidade de Almada. Miguel Vieira conquistou uma medalha de prata para Portugal.
O último dia do IBSA Grand Prix Portugal 2023 cumpriu-se esta Terça-Feira, 31 de Janeiro, após dois dias de combates entre os melhores judocas cegos e com baixa visão do mundo, no Complexo Municipal dos Desportos da “Cidade de Almada”.
O evento marcou a estreia de Portugal, enquanto país anfitrião, no Circuito Mundial da IBSA. No total, estiveram presentes 91 Judocas (70 Masculinos e 21 Femininas) em representação de 24 Países. A competição integra o processo de qualificação paralímpica para Paris 2024 e concedeu pontos para o ranking mundial. Portugal esteve representado por 3 Atletas: Miguel Vieira (-60 kg J1), Nuno Rocha (-73 kg J2) e Rúben Gonçalves (-73 kg J2), acompanhados pelo Treinador Jerónimo Ferreira, que combateram no dia inaugural. Miguel Vieira venceu 3 dos 4 combates que realizou, conquistando a Medalha de Prata para Portugal.
Miguel Vieira (-60 kg J1) discutiu a sua categoria com mais 4 atletas ontem, Segunda-Feira dia 30, disputada em sistema de todos contra todos (‘round robin’). O Vice-Campeão Europeu estreou-se com uma vitória por ‘wazari’ sobre o brasileiro Roberto Nunes Paixão (14º do ranking mundial), em período de ‘ponto de ouro’. No combate seguinte, enfrentou o nº3 do ranking mundial, Marcos Blanco. O judoca paralímpico luso entrou melhor no confronto e adiantou-se no marcador por ‘wazari’. O venezuelano reagiu e empatou o marcador, mas Miguel superiorizou-se e fechou o combate com o segundo ‘wazari’. Somou o terceiro triunfo sobre o italiano Fabian Amarfi (19º), alcançando o ‘ippon’ em poucos segundos. Na ronda final do ‘round robin’ encontrou o brasileiro Elielton Oliveira, nº4 do ranking mundial, que também contava com 3 triunfos nos 3 confrontos realizados. Sabendo que o vencedor conquistava o Ouro, ambos os atletas realizaram um excelente combate, mas foi o brasileiro a triunfar no final, por ‘ippon’.
“Penso que é um balanço positivo. Foram quatro combates de nível alto contra grandes atletas. Conheço-os a todos, são muito difíceis, especialmente o venezuelano, com quem perdi no mundial. Só tenho a agradecer aos meus treinadores e colegas. Queria o ouro por ser em nossa casa, mas não foi possível. Espero que numa próxima oportunidade consiga chegar ao Ouro.”, disse Miguel Vieira à imprensa.
Fernando Seabra, treinador de Miguel Vieira faz uma avaliação positiva do desempenho do atleta nesta competição. “Quando se consegue uma medalha de prata numa prova internacional, a avaliação só pode ser positiva. O Miguel tinha hipóteses de conseguir o Ouro. Considero que tem um nível semelhante ao atleta que o venceu. No entanto, o fundamental de todas estas provas é conseguir o apuramento para Paris 2024 e o Miguel está muito bem posicionado. Neste momento, ele está virtualmente apurado, mas ainda temos muitas provas pela frente e as contas só se fazem no final.”
Na categoria -73 kg J2, Nuno Rocha começou a sua prestação nos quartos-de-final, onde encontrou o nº4 do ranking mundial, Olzhas Orazalyuly. Apesar do esforço, o português não conseguiu contrariar o favoritismo do cazaque, cedendo dois ‘wazaris’. Com o atleta do Cazaquistão a seguir em frente na prova, o judoca luso foi repescado, enfrentando o sul-coreano Donghoon Kim (11º). Nuno Rocha voltou a ceder por duplo ‘wazari’, terminando na 7ª posição.
“Foi uma boa primeira luta, estive por cima, mas faltou gerir melhor o combate. O adversário também esteve bem e penso que melhor do que eu fisicamente. Por esse motivo, considero a vitória dele justa.”, declarou Nuno Rocha.
Rúben Gonçalves (-73 kg J2) não conseguiu ultrapassar o seu primeiro adversário, Bachuki Shelia (20º), da Geórgia, cedendo por ‘ippon’. O atleta assumiu no final, que “foi um combate difícil, contra um adversário complicado, com bons resultados. Tentámos perceber o que podíamos fazer e assumi a liderança do combate. Estava a atacar mais e melhor, ele mais baixo, com muita força. Já tinha feito aquele movimento algumas vezes, estávamos a perceber que ele ia para aquele lado. Desta vez acabei por ficar preso no movimento dele.”
Jerónimo Ferreira, treinador da seleção nacional paralímpica faz um resumo positivo do IBSA Grand Prix 2023. “A nível de organização, a prova esteve excelente, até porque aproveitámos as valências do Grand Prix da IJF. O Nuno esteve bem e lutou bem. Teve dois deslizes, onde podia ter feito melhor, mas também serve de aprendizagem. Teve uma boa prestação, nota-se muito a evolução dele e está num bom caminho. O Rúben teve um adversário muito difícil no primeiro combate, não conseguiu ganhar, mas demonstrou todo o empenho que lhe é característico. O Miguel teve um desempenho brilhante, conseguiu 3 vitórias em 4 combates. Mereceu as vitórias nos combates que ganhou. No último, que decidia o ouro, não conseguiu vencer por muito pouco, mas penso que é uma questão de tempo até vencer o Ouro.”
János Tardos, o húngaro que preside à IBSA Judo Sport Committee, em declarações à imprensa disse que estavam “muito felizes por voltar a Portugal. Temos construído uma forte relação com a Federação Portuguesa de Judo (FPJ), com a Federação Portuguesa de Desporto para Pessoas com Deficiência (FPDD) e com o Comité Paralímpico de Portugal. Já fizemos um Campeonato da Europa e um Campeonato do Mundo em Portugal, mas penso que este Grand Prix, organizado também com o IJF, está num nível acima. Esta vertente do Judo está a crescer, as mudanças recentes que fizemos em conjunto com o Comité Paralímpico Internacional abriram portas para a participação de mais atletas.”
A Direcção da Federação Portuguesa de Judo declarou que “esta é uma prova sob a alçada da IBSA e da IJF. É uma das provas mais importantes desta vertente do judo e conta para a qualificação dos Jogos Paralímpicos 2024. Sempre foi um objectivo nosso fazer com que o Judo seja uma modalidade inclusiva, por esse motivo, a nível nacional, promovemos os campeonatos nacionais para judocas cegos e baixa visão, assim como para surdos e trissomia 21/síndrome de Down.”
A ANDDVIS (Associação Nacional de Desporto para Pessoas com Deficiência Visual) é uma organização sem fins lucrativos, fundada em 2008, e associada efectiva da FPDD (Federação Portuguesa de Desporto para Pessoas com Deficiência). A ANDDVIS tem como principais objectivos a promoção da práctica de actividade física regular e do desporto de alto rendimento para pessoas com deficiência visual e a cooperação com entidades nacionais e internacionais que desenvolvem o seu trabalho com o mesmo propósito.
Luís Gestas, Presidente da ANDDVIS disse que o IBSA Grand Prix 2023 “é um reflexo do trabalho que tem vindo a ser desenvolvido em Portugal no âmbito do desporto para pessoas com deficiência e, mais especificamente, do desporto para pessoas com deficiência invisual. A Federação Portuguesa de Judo está de parabéns pelo excelente resultado. Temos acompanhado na ANDDVIS todo o trabalho que tem sido desenvolvido, com a IBSA, a nível internacional, a reconhecer o que se tem feito em Portugal. O nosso país está no epicentro do desporto mundial e o Judo não é excepção. Estão todos de parabéns por esta excelente organização.”
Todos os resultados do IBSA Grand Prix Portugal 2023 podem ser consultados aqui.
O Judo regressa ao Complexo Municipal dos Desportos da Cidade de Almada já no próximo fim-de-semana, com a realização do Campeonato AS Nacional de Cadetes 2023 no Sábado, dia 4 de Fevereiro, e do Campeonato Nacional Equipas Cadetes 2023, no Domingo, dia 5. Na prova de Sábado, estão inscritos 443 Atletas e, a competição de Domingo, reúne 30 Equipas (8 Femininas e 22 Masculinas).
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