Trafaria | Reabilitação do Forte de Nossa Sra da Saúde
Foram inaugurados os primeiros edifícios do complexo que já se encontram reabilitados
A primeira fase do projecto de restauro e recuperação do Forte de Nossa Senhora da Saúde da Trafaria, antigo presídio, foi concluída a semana passada. A presidente da Câmara Municipal de Almada, Inês de Medeiros, inaugurou os dois primeiros edifícios intervencionados.
Estes espaços, pensados para receber associações locais, startups e pequenas empresas das áreas cultural e criativa, integram o conjunto edificado do Forte da Trafaria, cujo projecto global inclui a recuperação total do complexo, com a integração do futuro Instituto de Arte e Tecnologia (IAT), da Universidade Nova de Lisboa.
O IAT, que resulta de um consórcio entre a FCT NOVA e a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da NOVA, será o primeiro centro de investigação, ensino e criação artística a nascer na região da Grande Lisboa e visa a valorização e transferência de tecnologia ligada às Artes. A cedência do direito de superfície de parte significativa dos imóveis à NOVA, por um período de 50 anos que pode ser renovado por períodos sucessivos de 20 anos, foi aprovada pelo município de Almada, no dia 7 de Setembro de 2020.
O novo instituto deverá ser, segundo a autarquia, uma unidade académica para a educação, investigação e criação que aborde as artes e as tecnologias “na sua máxima amplitude conceptual e de expressão”, e que trabalhe como um agente de “divulgação universal”. A UNL fica com a obrigação de orientar a gestão deste pólo na Trafaria no sentido de uma colaboração e “integração plena” com a envolvente, designadamente a população, as instituições locais e a malha urbana.
Em simultâneo, o município almadense assume o encargo de requalificar o Edifício das Celas para o transformar num centro de artes que funcione como “um espaço de memória que permita ao público conhecer a história e vivências” do local. O espaço das celas, depois de recuperado, ficará aberto ao público. “Pretende-se que seja um espaço dedicado à Liberdade, Justiça, Resistência e Utopia. Dimensões que estão também muito vinculadas à história do Município de Almada”, refere a proposta municipal aprovada pelo executivo.
O projecto de recuperação destes edifícios contou com financiamento do Programa Operacional Regional Lisboa 2020 (POR Lisboa 2020).
A presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDR – LVT), Teresa Almeida, acompanhou esta inauguração, no contexto de uma visita aos diversos projectos realizados pela Câmara Municipal de Almada, aprovados no âmbito do POR Lisboa 2020.
Um pouco de História
Esta fortificação marítima foi erigida sob o reinado de Pedro II de Portugal, em meados de 1683, para complemento da defesa da capital, na margem sul da barra do rio Tejo. A fortaleza não reúne unanimidade relativamente à eficácia defensiva, pois apenas impediria um possível desembarque. A documentação refere que, em 1711, a fortificação se encontrava artilhada.
Cessada a sua função estratégica, serviu como Lazareto e hospital de quarentena até ao ano de 1820, altura em que foi desocupado.
No contexto da Guerra Civil Portuguesa (1828-1834), beneficiou de obras de reparação entre 1829 e 1831, vindo a ser utilizado como presídio militar até ao fim do conflito, após o que voltou a ser desactivado.
Ocupado pela Companhia Geral das Reais Pescarias do Reino do Algarve, as suas dependências foram utilizadas como fábrica de guano de peixe para saboaria, fábrica de explosivos e infraestruturas de produção de conservas de peixe. Seguiu-se a função de viveiro das matas nacionais. Diante da condenação desta função pelo Conselho de Saúde Pública, as actividades foram suspensas.
Posteriormente foi reocupado pelo Estado até que, sob o reinado de Manuel II de Portugal, sofreu obras de adaptação das suas instalações a presídio militar. Data deste período a recuperação da sua ermida, sob a invocação de Nossa Senhora da Saúde.
Transitou para a administração da Marinha Portuguesa, conservando as funções de presídio militar, retornando mais tarde para a alçada do Exército Português. À época da Primeira Guerra Mundial, em 1917 encontrava-se uma vez mais ao abandono.
Em 2000, a Câmara Municipal de Almada adquiriu o imóvel.
O conjunto é composto por 7 edifícios (de diferentes épocas) principais, incluindo a Ermida de Nossa Senhora da Saúde. As instalações e a sua dimensão são razoavelmente amplas e o relativo isolamento favoreceu o aproveitamento da fortaleza para diferentes fins.
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