Trafaria | Silo da Silopor no limite da sua capacidade

O silo da Silopor na Trafaria está no limite da sua capacidade e, há navios no Tejo à espera para descarregarem cereais

O silo da Silopor na Trafaria está quase a atingir a sua capacidade máxima de armazenagem, com navios cheios de cereais, destinados essencialmente à alimentação animal, à espera para descarregar. A Silopor diz tratar-se do maior “pico” de tráfego desde que começou a guerra na Ucrânia.

Há navios no Tejo à espera, com custos elevados que podem atingir os 35 mil dólares por dia, para poderem entregar cereais, visto que o silo da Silopor, está com “a capacidade nominal quase no limite”, segundo o presidente da comissão liquidatária, que gere a empresa pública desde 2000. Abel Vinagre justifica o tráfego de níveis sem precedentes com a guerra na Ucrânia, alertando que, devido aos navios serem cada vez maiores, para que se possa diluir o aumento dos custos em quantidades mais elevadas, não há outro porto capaz de servir como alternativa.

Actualmente o comércio internacional utiliza navios com capacidade para 70 mil toneladas de cereais. Se os navios que estão a caminho podem mudar de rota, aos que já chegaram resta aguardar. São esperados durante o mês de Maio navios carregados com 400 mil toneladas de cereais para alimentação animal, e o silo só tem capacidade para 200 mil.

A Silopor descarrega mais de 50% dos cereais consumidos em Portugal. Os importadores na defesa dos seus interesses mandam vir cada vez mais, mas o Silo da Trafaria neste momento não tem mais capacidade para os receber.

Abel Vinagre disse em declarações ao Jornal de Negócios que, “em condições normais”, referindo-se ao período antes da guerra, a actual capacidade (a mesma desde 1990), reforçada com um armazém com capacidade para 30 ou 40 mil toneladas “chegava perfeitamente”. Estando a empresa, que tem como único accionista o Estado, em liquidação, está impedida de fazer investimentos, mesmo não tendo dívidas e tendo “amplas reservas financeiras” para o fazer, explica o responsável. Ou seja, a Silopor está impedida de aumentar a sua capacidade de armazenamento.

O impacto da guerra na Ucrânia não tem sido homogéneo ao longo do tempo. Um primeiro pico de armazenagem aconteceu na Silopor meses depois da guerra começar, com a abertura de corredores que permitiram à Ucrânia escoar os seus produtos agrícolas. A seguir houve um período de escassez de cereais, em que o silo quase atingiu o mínimo da sua capacidade nominal .

Além da Trafaria a empresa opera o silo do Beato, vocacionado para abastecer indústrias transformadoras de trigo panificável, em que o panorama “é diferente” já que os navios “são muito mais pequenos”, o que permite maior capacidade de gestão de quantidades”, seja por parte da Silopor ou dos proprietários da mercadoria.

Sofia Quintas

Directora e jornalista do Almada Online

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