Túnel imerso Algés-Trafaria, o futuro sempre adiado!

(...) Uma solução há muito pensada (...) e que falta para ligar o IC17 (CRIL) à A33 e completar o arco rodoviário até à Ponte Vasco da Gama.

No passado dia 14 de maio, no sítio da internet do XXIV Governo Constitucional da República Portuguesa, foi anunciada a decisão de construir a ponte que fará a terceira travessia do Tejo em Lisboa (TTT) entre Chelas e o Barreiro. Essa nova ponte será simultaneamente ferroviária e rodoviária. Não sou contra esta nova travessia. Aliás, não sou contra qualquer travessia no rio Tejo que favoreça a mobilidade na Área Metropolitana de Lisboa, adiante designada de AML.

No entanto, permitam-me falar de uma solução há muito pensada, em concreto, em 1998 com o Ministro do Planeamento e da Administração do Território, o Eng.º João Cravinho, durante o XIII Governo Constitucional de Portugal, veja-se há quanto tempo, e que falta para ligar o IC17 (CRIL) à A33 e completar o arco rodoviário até à Ponte Vasco da Gama. Estou a falar do Túnel imerso Algés-Trafaria.

Este túnel imerso rodoviário, com uma solução de metropolitano ligeiro tipo Metro Transportes do Sul, é essencial para a mobilidade na AML. A sua localização serviria as populações a poente da AML, e complementaria a mobilidade no IC17 (CRIL), no IC20, na A5, na A33, e na Ponte Vasco da Gama, bem como todas as ligações rodoviárias Norte-Sul.

Esta solução de mobilidade é de fácil construção. Um túnel imerso envolve diversas disciplinas da engenharia e várias obras que se organizam do seguinte modo: dragagem e construção em doca seca; expropriação e construção das ensecadeiras de proteção nas áreas dos emboques do túnel; construção das rampas, das estruturas de contenção (túnel CUT&COVER, metálica e parede moldada) e das infraestruturas e estruturas de acesso para pedestres, ciclistas e eventuais áreas de estacionamento nos emboques do túnel; betonagem dos elementos estruturais em doca seca (segmentos ) do túnel; dragagem, escavação da trincheira e execução da fundação para colocação dos elementos do túnel; transporte e imersão dos elementos do túnel; selagem das juntas e aterro para estabilização e proteção do túnel; construção das obras de arte especiais, vias rebaixadas e passagens desniveladas para integração do túnel na rede viária local. 

Há, de facto, uma urgência na implementação da solução “Túnel imerso Algés-Trafaria”. Se não vejamos: 80% do tráfego na ponte 25 de Abril é gerado nos concelhos de Almada e Seixal, principalmente em Almada; 37% do tráfego na ponte 25 de Abril tem como destino Oeiras, Cascais e Sintra; 26% do tráfego na ponte 25 de Abril tem como destino locais após a 2ª Circular. É realista estimar em 60 mil veículos, a captação da travessia em Túnel imerso Algés-Trafaria à Ponte 25 de Abril, o que significa uma redução de 40% no eixo mais congestionado.

E quanto custa esta solução “Túnel imerso Algés-Trafaria”? E qual a previsão do tempo de construção? 

A ser concretizado, demoraria 7 anos a construir e custaria 1.100 milhões de euros. No entanto, esta solução de mobilidade poderia ser ainda apoiada por Fundos Comunitários, mas teria de ser inscrita com esse objetivo pelo XXIV Governo Constitucional da República Portuguesa nos programas de Investimentos a que Portugal tem acesso, e como objetivo de ser instrumento de planeamento do próximo ciclo de investimentos estratégicos e estruturantes de âmbito nacional. E ao que parece, aliás como foi anunciado publicamente, a escolha imediata do atual Governo para a terceira travessia do Tejo em Lisboa (TTT) é uma ponte entre Chelas e o Barreiro. Como afirmei supra, nada contra, mas em relação aos concelhos de Almada e Seixal, quanto à mobilidade no atravessamento do rio Tejo, continuaremos a ter o futuro sempre adiado.

Pedro Dias Pereira

Advogado e Deputado Municipal eleito pelo PS na Assembleia Municipal de Almada.

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