Urgências do Garcia de Orta fechadas para ambulâncias

Falta de médicos leva a esta situação que se mantém até às 20h

Segundo a SIC Notícias, o Hospital Garcia de Orta deu ordens ao CODU (Centro de Orientação de Doentes Urgentes do INEM) para não enviar doentes para as urgências, por ter a equipa de medicina interna incompleta.

Em declarações ao mesmo canal, Jorge Roque da Cunha, Secretário Geral do Sindicato Independente dos Médicos explica que “nos últios 15 dias, pelo menos em quatro vezes isto já aconteceu. A equipa da urgência geral devia ter 7 elementos, dois dos quais médicos especialistas, como não o tem, neste momento o INEM não está a referenciar doentes para essa urgência”.

Os utentes estão assim a ser reencaminhados para as urgências de Setúbal e Lisboa, por não estar a ser cumprida a regra de um médico de Medicina Interna por cada 50 doentes. Esta é uma orientação cada vez mais difícil de cumprir por haver menos médicos no Serviço Nacional de Saúde (SNS), e por haver cada vez mais doentes nas chamadas “falsas urgências”.

A dificuldade em preencher as escalas tem-se sentido sobretudo na Ginecologia e Obstetrícia, sendo que as urgências destas especialidades voltam a fechar no Garcia de Orta às 20h da próxima Sexta-Feira dia 12 de Agosto, o que deverá prolongar-se durante todo o fim-de-semana alargado.

Jorge Roque da Cunha diz que “esta é uma questão de organização, de criar as condições para que as pessoas fiquem tranquilas. Estando estes serviços fechados, irão sobrecarregar os das suas proximidades também com as equipas reduzidas aos mínimos.” Para enfrentar esta sobrecarga seria necessário o dobro dos profissionais por equipa.

Há duas semanas entrou em vigor o novo regime criado pelo Governo, na tentativa de resolver o problema das urgências. Nele o valor pago pelas horas extra aumentou e, os hospitais têm agora autonomia para contratar, mas os médicos avisam que o novo decreto não vai resolver o problema.

“Quando se age sobre pressão, sem ter uma forma estruturada, não se consegue encontrar a solução”, acrescenta Jorge Roque da Cunha, que já havia declarado ontem à Rádio Renascença que “ Há um conjunto de situações que, não havendo uma solução estrutural, não se consegue ultrapassar. A gravidade disto é que temos um Governo que está há sete anos no poder e que tem uma insensibilidade atroz perante os seus cidadãos. Não garantir serviços de urgência aos seus cidadãos, não garantir um nascimento tranquilo [dos filhos] às suas grávidas é perfeitamente inqualificável”.

Sofia Quintas

Directora e jornalista do Almada Online

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