Trafaria | Como olhar junto

A artista visual Luiza Baldan lança o projecto “Como Olhar Junto”, que reúne livro, vídeo, série fotográfica e performance, resultado de uma pesquisa desenvolvida na Cova do Vapor entre 2023 e 2025. O lançamento oficial do livro acontece a 29 de Junho pelas 18h, no Parque das Merendas da Cova do Vapor. Às 20h será projectado o vídeo, no campo de futebol do antigo presídio. A entrada é livre.

Este é o resultado de uma investigação colaborativa, que parte do interesse da artista por identificar casas que foram retiradas mecanicamente da praia da Cova do Vapor, para escaparem do avanço do mar. Em vez de procurá-las em documentos oficiais, Baldan queria encontrá-las através dos depoimento dos moradores, especialmente dos mais velhos, para também reflectir sobre memória, história de vida e paisagem afectiva.

Um dos principais parceiros do projecto foi a Biblioteca do Vapor, espaço comunitário central na vida cultural da Cova do Vapor, que abrigou os encontros de partilha realizados durante um ano por Baldan, e cujas actividades foram interrompidas no final do Verão de 2024. No início de 2025, a biblioteca foi encerrada pela Associação de Moradores da Cova do Vapor (AMCV) e aguarda futuras instalações ainda incertas. Luiza Baldan se inspira na Cova do Vapor para desenvolver um olhar conjunto
Na semana passada, conta, a Junta da União de Freguesias de Caparica e Trafaria (JUFCT) e a Câmara Municipal de Almada (CMA) inauguraram um posto de socorro de praia, no imóvel onde funcionava a biblioteca. O projecto “Como Olhar Junto” homenageia esse espaço de resistência e convivência comunitária, que extrapola o papel de mero depósito de livros.

Luiza Baldan é doutora e mestre em Linguagens Visuais pela UFRJ (Rio de Janeiro, RJ) e bacharel em Artes Visuais pela Florida International University (Miami, EUA). Investiga dinâmicas urbanas que se estabelecem entre o homem e a arquitectura, a memória e a cidade. As suas imagens e textos resultam da inter-relação com o envolvente, numa espécie de performance dilatada pelos lugares onde reside e por onde passa. A imersão é parte fundamental da pesquisa, como ocorre nas residências e nos projectos de longa duração envolvendo viagens e deslocações periódicas aos locais.