Almada | José Saramago recebe a título póstumo o Prémio Memória e Identidade 2022

O Prémio será entregue dia 10, às 10h30, no Auditório Fernando Lopes-Graça

A cerimónia de entrega do Prémio Nacional Memória e Identidade 2022 à família do escritor da Azinhaga realiza-se no dia 10 de Novembro, às 10h30, durante o XVIII Encontro Nacional de Municípios com Centro Histórico, que se realiza em Almada no Auditório Fernando Lopes-Graça de 10 a 12 de Novembro. Pilar del Río, sua mulher e presidente da Fundação José Saramago irá recebê-lo. As alocuções da cerimónia estarão a cargo do Presidente do Conselho de Curadores dos Centros Históricos Portugueses, José Miguel Noras e da Presidente da Fundação José Saramago, Pilar del Río.

A proposta para a atribuição a título póstumo a José Saramago do prémio nacional Memória e Identidade partiu do próprio José Miguel Noras e, foi feita a 12 de Maio e aprovada por unanimidade e aclamação, dia 27 do mesmo mês. A cerimónia de entrega desta distinção à família do escritor será feita seis dias antes da data da comemoração do centenário do nascimento de José Saramago.

O Prémio Memória e Identidade foi instituído em Angra do Heroísmo no ano de 2012, e visa distinguir as personalidades que mais se destacaram nas áreas da salvaguarda e da valorização do património cultural, sob o lema “Transformar sem destruir, crescer sem devorar as raízes”.

Pretende enaltecer a carreira de quem se destacou ao longo da vida nas áreas da arquitectura, da engenharia, da história e das artes, pugnando sempre pela defesa e pela divulgação dos centros históricos, enquanto conjuntos representativos de valores culturais e artísticos, cuja memória importa preservar e cuja vida se impõe dinamizar.

A primeira edição deste prémio nacional foi conferida em 2012 a Álvaro Siza Vieira, tendo contemplado até hoje, de entre outras, personalidades como José-Augusto França, Helena Roseta, Júlio Pomar, António Ramalho Eanes, Alexandra Gesta e Jorge Sampaio. Até agora, nunca tinha sido atribuído a título póstumo.

Publicamos na íntegra o texto assinado por José Miguel Noras que deu origem à proposta e consequente aprovação da entrega deste Prémio:

“Dando seguimento à intervenção proferida na cidade de Torres Novas, por ocasião das comemorações oficiais do Dia Nacional dos Centros Históricos Portugueses, a 28 de Março de 2022, cabe-me propor formalmente a atribuição do Prémio Nacional “Memória e Identidade”/2022 a José Saramago (1922-2010).

Reiterando os motivos então invocados, sublinho que José Saramago (1.º Prémio Nobel Global), paralelamente à sua notável actividade literária, desenvolveu profunda acção filantrópica, em cujo âmbito figurou a sua luta pela salvaguarda e pela valorização do património cultural. Sem que desse publicidade a essa sua expressão de incansável generosidade, apoiou monetariamente diversas intervenções de recuperação do património e de requalificação em centros históricos, de que foi exemplo o contributo de 25.000,00€, oferecidos no ano 2000 ao município de Montemor-o-Velho, destinados ao arranjo do órgão de tubos do Convento da Natividade de Tentúgal (conforme revista municipal Montemor [Re]visitado MM [V], n. º 8, Setembro 2009, páginas 5-6). 

A conduta cívica de José Saramago pautou-se sempre pela defesa do património histórico-cultural, sob o lema “crescer sem devorar as raízes”. Nessa conformidade, deu expresso apoio às candidaturas de cidades portuguesas a Património Mundial, bem como a outras candidaturas que visaram diferentes galardões internacionais. Em alguns casos, elaborou mesmo textos de suporte a tais propósitos. Haja em vista o seu admirável trabalho para a candidatura de Guimarães ao prémio Europa Nostra em 2004 (vide página 7 do competente dossier), sem esquecer os textos que enriquecem os livros Beja (primeira edição, 1996) e Évora Património da Humanidade (primeira edição, 1997), somente a título de exemplo. 

Na verdade, bastaria o livro Viagem a Portugal (primeira edição, 1981) de José Saramago, uma montra de mil cuidados postos na divulgação dos centros históricos portugueses, para que o tributo da APMCH lhe devesse ser prestado, tanto mais que a própria revista da Associação, Centros Históricos, ficou igualmente enaltecida com um memorável trabalho seu. 

Assim, após contacto com Pilar del Río (sua viúva e herdeira), que não se opôs à presente proposta, coloco à consideração dos senhores dirigentes nacionais da APMCH a outorga a José Saramago do Prémio Nacional “Memória e Identidade”/2022″.

Sofia Quintas

Directora e jornalista do Almada Online

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