Almada | Os Três Irmãos
Três irmãos perdem-se e reencontram-se depois da perda dos pais. Um espectáculo que une as palavras de Gonçalo M. Tavares e a fisicalidade da criação coreográfica de Victor Hugo Pontes. Em cena na Sala Principal do Teatro Joaquim Benite, dia 25 de Fevereiro às 21h
“Os Três irmãos” da Nome Próprio vai a cena na Sala Principal do Teatro Municipal Joaquim Benite (TMJB), dia 25 de Fevereiro às 21h.
Victor Hugo Pontes coloca em cena três bailarinos imaginados pelo escritor Gonçalo M. Tavares: Abelard, Adler e Hadrian são “Os três irmãos”. Quando se encontram, num não-lugar, procuram o rasto dos seus pais, marcam a giz a sua ausência, lavam-se, comem juntos à mesa, carregam os corpos uns dos outros num sacrifício ritualizado, carregam-se aos ombros, vivem em fuga, practicam o jogo perigoso do encontro com o passado.
Estes três irmãos tentam concretizar a sua ligação à terra e sobreviver à existência uns dos outros, mesmo se essa existência tiver sido esburacada a berbequim, enrodilhada numa trouxa de roupa, e transportada num carrinho de mão.
Sobre esta criação, o coreógrafo afirma: “Não trabalho com palavras, mas sim com movimentos, o que vai tornando progressivamente difícil escrever sobre os meus espectáculos. Mas uso muitas vezes as palavras como ponto de partida, como meio, e até como fim. Acabo quase sempre por retirá-las da boca dos intérpretes, ou por calar os autores. Desta vez não foi assim: as palavras do Gonçalo M. Tavares estão presentes em ‘Os três irmãos’. São o motor da acção e surgem no espectáculo para serem lidas, e não ditas. A força da sua presença é por isso diferente – são palavras que não se ouvem, mas que conduzem o espectador”.
A morte e a perda são omnipresentes no texto de Goonçalo M. Tavares, que acompanha com música original da dupla Joana Gama e Luís Fernandes.
A Nome Próprio é uma estrutura residente no Teatro Campo Alegre, no âmbito do programa Teatro em Campo Aberto, dedicada à produção e promoção de projectos artísticos, sobretudo de dança contemporânea e teatro. Fundada em 2000, por Victor Hugo Pontes, coreógrafo e encenador, que assegura a direção artística, as suas actividades intensificaram-se a partir de 2010. Tem desenvolvido projectos com inúmeros artistas e instituições, apresentados em todo o país, e também internacionalmente.
Victor Hugo Pontes tem 43 anos e, celebra este ano 20 anos de actividade com uma nova peça (“Bantu” em fase de audições e ensaios, com estreia marcada para 5 de Outubro no Teatro Nacional de São João, no Porto), um livro (“Por uma felicidade assim. Victor Hugo Pontes, 20 anos de criação artística”, título provisório do livro a lançar em Novembro), uma exposição (“Por uma felicidade assim – Victor Hugo Pontes, imagens de 20 anos de criação artística” uma colectiva de fotografia patente até 1 de Abril nos Estúdios Victor Cordon) e um filme (“Era como um filme” na continuidade de “Meio no Meio” de 2021).
Licenciado em artes plásticas na vertente de pintura, pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, Victor Hugo Pontes frequentou a Norwich School of Art & Design, em Inglaterra, Reino Unido. Estudou teatro no Balleteatro Escola Profissional e no Teatro Universitário do Porto, além de pesquisa e criação coreográfica no Fórum Dança, encenação na Fundação Calouste Gulbenkian, dirigido pela companhia inglesa Third Angel, e o curso do Projet Thierry Salmon – La Nouvelle École des Maîtres, dirigido por Pippo Delbono, na Bélgica e em Itália.
Com a sua formação em artes plásticas, teatro e coreografia, Victor Hugo Pontes é um criador que não se deixa limitar por formatos, e que explora constantemente as ligações entre o movimento e a palavra. Em 2019 venceu o Prémio SPA na categoria de Dança – Melhor Coreografia, com o espectáculo “Margem”. Colaborou com Beatriz Batarda e Marco Martins, Jorge Andrade, Joana Craveiro, Inês Barahona e Miguel Fragata, entre outros. Como intérprete, trabalhou com diversos encenadores e coreógrafos entre os quais Nuno Carinhas, Lygia Pape, Clara Andermatt, David Lescot e Joana Craveiro. É, desde 2009, o Director Artístico da Nome Próprio – Associação Cultural dedicada à dança contemporânea e ao teatro e, e lecciona na Universidade do Minho no curso de Teatro.

Ficha Artística:
Os Três irmãos
Nome Próprio
Texto: Gonçalo M.Tavares
Direcção Artística: Victor Hugo Pontes
Interpretação: Dinis Duarte, Paulo Mota e Valter Fernandes
Cenografia F. Ribeiro
Música original: Joana Gama e Luís Fernandes
Desenho de luz e dir. técnica: Wilma Moutinho
Desenho de som: João Monteiro
Figurinos: Cristina Cunha, Victor Hugo Pontes
Consultoria artística: Madalena Alfaia
Direcção de produção: Joana Ventura
Produção executiva: Mariana Lourenço
Assistente de produção: Inês Guedes Pereira
Duração: 90min.
Classificação etária: M/12