Almada | Paixão

“Paixão” acompanha a vida de dois casais de amigos. Durante uma festa de aniversário, um dos casais anuncia o seu noivado, e acidentalmente alguém revela um caso amoroso que o noivo teve no passado, desencadeando uma série de revelações e conflitos. Esse amor proibido ou não correspondido, a paixão que dá título ao filme, é o móbil desestabilizador de uma ordem social. A partir daqui, tudo entra em convulsão e desagregação, entre o grupo, e especialmente entre o casal. Tomoya (Ryuta Okamoto), Kenichiro (Nao Okabe) e Takeshi (Kyohiko Shibulkawa) são três homens amigos, que largam as mulheres com quem casaram ou estão prestes a casar, após a festa de aniversário para darem azo a uma longa noite não dormida, repleta de fisicalidade, correrias, deambulações, nas ruas e nos autocarros noturnos. A amizade e o amor são tema de diálogos confrontacionais entre todos, uns e outros fazem confissões das suas dores e amores. Para as personagens o sofrimento é o único certificado de existência, e falar verdade a derradeira forma de absolvição do rebanho humano. Numa paragem na noite em casa de Takako (Fusako Urabe) e da amiga escritora de Best Sellers, para copos, cigarros e conversas sobre cães e gatos, e as suas diferenças comportamentais, o casado Takeshi enfeitiça-se pela escritora que rapidamente lhe foge das mãos pelas ruas escuras de Tóquio. Takako, a outra mulher da casa, forma um triângulo com Tomoya e Kenichiro, no terraço, num jogo onde passam um disco voador de mãos em mãos, num jogo de intenções. Mas no final, tudo tende para a paz quen existia no início do filme.

Hamaguchi narra com mestria a complexidade das relações, as suas feridas intrincadas e frequentemente inexprimíveis. Um filme seco, sobre a geração de japoneses de 30 anos, a fazer uma espécie de balanço existencial. A violência, sentimental e emocional, que as pessoas infligem umas às outras todos os dias, é outro tema do filme. Uma violência catártica, que faz cada um atingir a paz sentimental.

Nascido em 1978, em Kanagawa, Ryûsuke Hamaguchi é o realizador japonês mais importante surgido nos últimos anos, adepto de um realismo despojado que retrata de forma meticulosa o tumulto dos sentimentos. Após concluir a formação em Estética pela Universidade de Tóquio, em Março de 2003, trabalhou como assistente de realização em cinema e televisão durante três anos. Em Março de 2008, concluiu o Mestrado em Cinema na Graduate School of Film and New Media, na Universidade de Artes de Tóquio. Em 2015, surpreende com “Happy Hour – Hora Feliz”, filme com o qual conquistou o Prémio de Melhor Actriz (para o ensemble das actrizes do filme) e uma Menção Especial pelo Argumento, no Festival de Locarno, onde integrou a Selecção Oficial. Recebeu ainda o Prémio de Melhor Realização no Festival de Cinema de Singapura e o Prémio de Melhor Argumento nos Asia Pacific Screen Awards. “Asako I & II” (2018), baseado no romance “Netemo Sametemo” de Tomoka Shibasaki, integrou a Selecção Oficial em Competição do Festival de Cannes. “Wheel of Fortune and Fantasy” (2021) venceu o Grande Prémio do Júri, no Festival de Berlim, e “Drive My Car” (2021) foi galardoado com o Prémio do Júri Ecuménico, Prémio de Melhor Argumento e ainda o FIPRESCI, no Festival de Cannes.

Este é o filme de fim de curso de Hamaguchi, um filme sob influência de John Cassavetes, a sua segunda longa-metragem, e o primeiro filme seu a ser distribuído em sala, chamando assim a atenção do público para a sua obra. Ryusuke Hamaguchi é conhecido pelas suas narrativas detalhadas, e por explorar as emoções e dinâmicas das personagens nos seus filmes.

Ficha Técnica:

Título original: Passion
Realização: Ryusuke Hamaguchi
Argumento: Ryusuke Hamaguchi
Produção: Satoshi Fujii
Elenco: Aoba Kawai, Ryuta Okamoto, Fusako Urabe, Nao Okabe, Kiyohiko Shibukawa
Fotografia: Yûichi Yuzawa
Música: George Gershwin
Edição: Ryôko Yamamoto
Género: Drama
Origem: Japão
Ano: 2008
Duração: 120 min
Classificação: M/12

Preço: 3,00€ (desconto de 50% jovens e séniores).

Os bilhetes podem ser adquiridos na bilheteira do Auditório Fernando Lopes-Graça uma hora antes do ínico da sessão.

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