“Terminal”, dos Formiga Atómica abre o Festival de Almada
Cante Alentejano, O Estado do Mundo e duas exposições, marcam o primeiro dia
Dezanove peças, oito palcos, e 17 concertos, integram a programação desta edição do certame, que arranca hoje com a peça “Terminal (O Estado do Mundo)” dos Formiga Atómica. O Cante Alentejano, na esplanada, é o primeiro evento, e a inauguração de duas exposições, marcam também o primeiro dia do Festival de Almada.
Hoje, 4 de Julho, todos os caminhos vão dar à Escola António Da Costa. Às 17h, abre o espaço Bar da Esplanada, às 19h o Restaurante, onde além de poder jantar, também poder assistir ao primeiro concerto do Festival de Almada, pelas 20h30. O Cante Alentejano dá o pontapé de saída para a 41ª edição do Festival, com um projecto que junta os Cantadores do Desassossego, de Beja, e o Grupo Coral e Etnográfica da Academia Sénior de Serpa (GCEASS). Assinalando os 10 anos da elevação do cante a património da Unesco, serão interpretadas modas tradicionais e repertório novo, sobre letras de Valério Romão e Gonçalo M. Tavares.
Às 21h inauguram as exposições “Liberdade! Liberdade! A Revolução no Teatro”. na Sala Polivalente da escola D. António da Costa, e “Um sonho de Federico García Lorca em Lisboa”, no seu Átrio.
“Liberdade! Liberdade!” estreou no Teatro Villaret, em Lisboa, pouco mais de quatro meses depois do 25 de Abril. A peça, uma colagem de textos e canções sobre a defesa da liberdade, era uma adaptação de um original brasileiro, de 1965, que circulou pela América do Sul com enorme sucesso. Esta exposição, que lhe toma o título e o propósito celebratório, centra-se no decénio compreendido entre 1972 e 1982, altura em que, no meio teatral português, se assistia a um dinamismo crescente de tentativas de aproximação às modernas prácticas do teatro ocidental. Desde os primeiros espectáculos de ruptura, ainda testando os limites da censura, até à revisão constitucional de 1982 – que encerra formalmente o período revolucionário – o teatro foi um meio activo de expressão de ideias e críticas sociais, procurando envolver os portugueses e estimular a sua consciência cívica. Funcionou, por isso, também, como uma ferramenta educativa na divulgação dos valores democráticos. Perante a variada e prolífera produção artística desse período, esta exposição destaca algumas companhias e propostas, profissionais e amadoras, que foram surgindo em todo o país. Com a Revolução, caem definitivamente as fronteiras geográficas, temáticas e de públicos do teatro. Das reacções imediatas do teatro de Revista, ao inevitável Bertolt Brecht, a Democracia permitiu a experimentação estética, renovando a relação entre o teatro e a sua audiência. A exposição é organizada pelo Museu Nacional do Teatro e da Dança (MNTD), com curadoria de Nuno Costa Moura.
“Um sonho de Federico García Lorca em Lisboa”, consiste numa instalação da autoria do renomeado José Manuel Castanheira, em homenagem ao Teatro A Barraca, companhia homenageada este ano pelo Festival, pelo seu papel como um dos grupos fundadores do teatro independente português, e pela contribuição para o desenvolvimento do teatro profissional no nosso País. Os seus fundadores são Maria do Céu Guerra, Mário Alberto, e mais tarde Hélder Costa, este último homenageado o ano passado pelo Festival.

Mas é às 22h que o o Palco Grande da Escola D. António da Costa se ilumina, e as cortinas se descerram, para os Formiga Atómica levarem a cena “Terminal (O Estado do Mundo). Ao longo da peça, observam-se e ouvem-se cinco personagens cujas vidas confluíram naquele lugar onde tantos destinos se fecham, e onde muitos outros se abrem. O espaço confinado (mas aberto) serve de metáfora a esta reflexão sobre o planeta que habitamos e a relação que mantemos com ele: na iminência de um ponto de não-retorno climático que poderá levar à extinção da nossa espécie, as histórias contadas pelas personagens revelam-se outras tantas portas entreabertas para um novo destino, uma nova chance, para a Humanidade, assente sobre outros pressupostos. Na convicção de que o teatro mantém ainda o poder de despertar, de interpelar e de esperar de nós a mesma generosidade com que ele se dá diante de nós. Terminal foi precedido de um aturado trabalho de campo, que cobriu o território continental e os Açores, mais dois locais em França, conducente a um levantamento das preocupações centrais da peça. Conclui um díptico iniciado em 2021, com O Estado do Mundo (Quando Acordas), que já teve mais de 120 apresentações em Portugal, França e Espanha. Do Festival de Almada, Terminal segue para o de Avignon.
Os Formiga Atómica, que celebram este ano o seu 10º aniversário, foram fundados por Miguel Fragata (Porto, 1983) e Inês Barahona (Lisboa, 1977), tendo esta dupla criado desde então nove espectáculos.
Ficha Técnica:
Texto: Inês Barahona
Encenação de Miguel Fragata
Interpretação: Anabela Almeida, Carla Galvão Miguel Fragata, Vasco Barroso e (música ao vivo) Hélder Gonçalves e Manuela Azevedo
Cenografia: Eric da Costa
Figurinos: José António Tenente
Música: Hélder Gonçalves
Desenho de luz: Rui Monteiro
Desenho de som: Nelson Carvalho
Idioma: Português
Duração: 1h30m
Classificação: M/14
Esta é uma co-produção da Formiga Atómica com Cine-Teatro São Pedro, Lavrar o Mar, RTP, Teatro Municipal de Ourém, Teatro Nacional D. Maria II, Teatro Nacional S. João, Teatro Virgínia, Teatro Viriato, ACERT, Théâtre du Point du Jour, e Festival d’Avignon.
O Festival de Almada decorre até dia 18 de Julho.
"Liberdade! Liberdade! A Revolução no Teatro", "Terminal (O Estado do Mundo)", "Um sonho de FedericoGarcía Lorca em Lisboa", 41º Festival de Almada, A Barraca, Almada, Cantadores do Desassossego, Cante Alentejano, Cultura, Escola D. António da Costa, Exposições, Formiga Atómica, Grupo Coral e Etnográfico da Academia Sénior de Serpa, Hélder Gonçalves, inauguração, José Manuel Castanheira, Manuela Azevedo, Miguel Fragata, Museu Nacional do teatro e da Dança, Palco Grande, Teatro