Almada | VEM – Videoarte em Movimento
Dia 23 de Julho às 22h, na Casa da Cerca
A Casa da Cerca acolhe o VEM – Videoarte Em Movimento, uma carrinha que viaja entre Espanha e Portugal a exibir um programa composto por obras de videoartistas internacionais. De 17 a 31 de Julho, esta experiência itinerante leva criações visuais, que normalmente estariam expostas noutro ambiente, para espaços abertos de projecção pública, para que a sua assistência a céu aberto, numa noite de Verão, seja acessível e do interesse de todos os públicos.
Este roteiro Ibérico, que passa por Almada, já esteve anteriormente em Madrid, Cáceres, Lisboa e Montemor-o-Novo. Depois de Almada, seguirá para Montemor-o-Velho e Penafiel, terminando em A Coruña. Esta é uma experiência itinerante de fruição da criação visual, em ambientes de transição e passagem.
Com uma curadoria de perspectiva histórica e com classificação livre, as projecções são realizadas em ambientes de pequena a média escala e foram organizadas segundo o tema “Interferências e políticas”.
“Todas as imagens registadas, documentadas e eventualmente ficcionadas pela Arte reflectem, traduzem, ou têm como pano de fundo o resultado da intervenção humana na Terra. Esta ideia ultrapassa largamente a conhecida e prevalente agenda ambiental, que deplora as nossas atitudes de intromissão inconsequente na natureza, para dizer respeito a milénios de interposições de todo o tipo: em povos, em geografias, em paisagens, em objectos, em ecossistemas, em nações, em imagens, em corpos, em informações, em governos, em sentimentos. Pertencemos a uma existência marcada por interferências.”, explicam os seus curadores, Alisson Ávila, Mario Gutiérrez Cru, e António Câmara Manuel.
“Tais intromissões podem tanto correr bem e serem virtuosas, positivamente evolutivas, quanto serem inconsequentes, gratuitas, descuidadas, dolosas na sua intenção. Tal intencionalidade determina a nossa história de ciclos e contraciclos de glórias e desgraças, construções e obliterações, conquistas e tragédias. E na qual, consoante a escala e o ângulo sob o qual olhamos, podemos ser tanto agentes quanto vítimas. Pertencemos também a uma existência marcada por políticas, na medida em que estas intenções e acções determinam a nossa idealização do mundo e os efeitos que dela saem sobre nós e sobre os outros. “, prosseguem na apresentação do projecto.
Interferências e políticas são dois conceitos poderosos, que ao transformarem-se no olhar de diferentes artistas, abrem uma enorme paleta de possibilidades de diálogo e construção de significado sobre a qual a programação do VEM – Videoarte Em Movimento 2024 se procurou debruçar. Esta colecção de obras internacionais, de diferentes épocas e contextos, traz um recorte das múltiplas possibilidades de diálogo, que um artista visual pode desenvolver a partir destes dois dispositivos.
Transformadas através da linguagem da imagem, estas ideias de interferências e políticas percorrem diferentes sentimentos e percepções. Como no ballet mecânico de Fernando Sánchez Castillo, em “Pegasus Dance” (2007); no opus tour-de-force entre pessoas e equipamentos de Shir Handelsman, em “Recitative” (2019); nos close-ups simbólicos da incongruência entre máquinas e itens cotidianos de Hsin-Yu Chen e Jessi Ali-Jin , em “Semiotics of the Home” (2023); na paisagem interrompida de Tânia Dinis, em “Linha” (2016); na deslocação sonora na paisagem de Katherinne Fiedler & Gabriel Alayza, em “Lugar Común” (2016); na épica contemplação antropocênica de Ilaria di Carlo, em “Sirens” (2022); na aparentemente banal, e randômica, fuga do impacto da materialidade de Kuang-Yu Tsui, em “The Welcome Rain Falling from the Sky” (1997); no enigma espacial rumo a um encontro desconhecido de Enrique Ramirez, em “Cruzar el Muro” (2012); na dorida colecção de invisibilidades de Thenjiwe Niki Nkosi, em “The Same Track” (2023); na supressão de forças físicas de Gary Hill, em “Mediations” (1986); na meta-intervenção no poder de Santiago Sierra e Jorge Galindo, em “Los encargados” (2013); e na ironia poética que celebra a vitória da beleza sobre o poder e a violência de Carlos Aires, em “Sweet dreams are made of this” (2016).
Programa:
. Fernando Sánchez Castillo: Pegasus Dance (Espanha, 2007, 12:16)
. Shir HandelSman: Recitative (Israel, 2019, 4:57)
. Hsin-Yu Chen – Jessi Ali Lin: Semiotics of the Home (Taiwan, 7:25, 2023)
. Tânia Dinis: Linha (Portugal, 2016, 2:31)
. Katherinne Fiedler – Gabriel Alayza: Lugar Común (Perú, 2016, 2:07)
. Ilaria di Carlo: Sirens (Itália, 2022, 13:23)
. Kuang-Yu Tsui: The Welcome Rain Falling from the Sky (Taiwan, 1997, 1:00)
. Enrique Ramirez: Cruzar o Muro (Chile, 2012, 5:12)
. Thenjiwe Niki Nkosi: The Same Track (África do Sul, 2023, 4:03)
. Gary Hill: Mediations (towards a remake of Soundings) (USA, 1979/86, 4:17)
. Santiago Sierra y Jorge Galindo: Los encargados (Espanha, 2015, 5:55)
. Carlos Aires: Sweet dreams are made of this (Espanha, 2016, 4:21)
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