Caparica | Simpósio Internacional – Abordar o Transbordo

Na Biblioteca Maria Lamas, no Monte da Caparica, dia 9 de Novembro a partir das 10h

Este é um um simpósio internacional dedicado às zonas costeiras e partilhadas do Atlântico, que se integra no projecto do Centro de Estudos Ingleses da Universidade de Lisboa (ULICES), centrado nas zonas costeiras e zonas entre marés, e na forma como estas podem ser abordadas através de perspectivas mais hidro e eco centradas nos idiomas, artes e literatura. “Abordar o Transbordo: o que fizemos e o que faremos quando galgarem as águas?”.

Na Biblioteca Maria Lamas, académicos de diferentes áreas, decisores políticos, activistas e investigadores que trabalham nas zonas costeiras afectadas, vão abordar temas como linguagem, comunicação, ecologia, perdas das cheias, mar, alterações climáticas, ciência e comunidade. Haverá também lugar para uma leitura performática, e para o visionamento de parte do documentário “Vida nas Margens”, da autoria de João Duarte e Renata Camargo, da Associação Canto do Curió, que retrata as formas de vida nos bairros Madame Faber, Cova do Vapor, e 1º e 2º Torrão, na Trafaria.

O ULISSES, tenta contribuir para a narrativa e transformação de pressões e desafios nos habitats naturais e áreas residenciais ou de trabalho, que resultam de alterações climáticas e da actividade antropogénica. O projecto irá também analisar a forma como estas costas foram moldadas cultural e historicamente, particularmente no que diz respeito aos intercâmbios portugueses e norte-americanos.

Uma das principais preocupações é como se pode combinar conhecimentos e afectos entre as disciplinas (laços), para colmatar de forma imaginativa e mais eficaz a profundidade temporal e a urgência (tempos) do impacto ambiental humano, e seguir os rastos e, esperançosamente, acompanhar melhor ou alterar, as marés das costas portuguesas e norte-americanas e dos seus aglomerados insulares no Atlântico (marés).

Academicamente, o simpósio será estruturado em torno de três linhas de investigação.

“Memórias de cais distantes” no Atlântico triangular, que aborda a história das relações entre os EUA e os países lusófonos através dos oceanos / desenvolvimentos comparativos costeiros (e insulares/arquipelágicos) no Atlântico. ex: Costa Leste e Açores/Portugal, Ilhas das Caraíbas para os EUA, Cabo Verde para Portugal, países lusófonos para Brasil-EUA.

“As correntes em saída”, são trânsitos da diáspora com destaque para as vivências luso-americanas, o storytelling e a (eco)poesia de margens opostas e paralelas; intersecções com estudos de fronteira e justiça ambiental; géneros híbridos e cruzamentos de (id)entidades.

“ Costas mais que humanas ”, engloba estudos costeiros e as Humanidades… ou, mais humildemente, as “humusities”  (Haraway 2015): desafio ao conceito (e existência) de humanidade(s) vistas a partir das costas e/ou do limite sem retorno; o mar a subir; nostalgia e ansiedade da água salgada; história ambiental e histórias de linhas de costa, vestígios, inscrições e emaranhados de humanos e de outros que não-humanos; exposição, toxicidade e ameaças ocupacionais ao trabalho tradicional/culturas comunitárias e à biodiversidade; portos, docas, baías, dunas, ilhas, zonas húmidas e aquecimento global.

É nesta terceira linha que acontece o evento na Biblioteca Maria Lamas, sendo que as outras duas foram abordadas a 7 e 8 de Novembro na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

Consulte o programa completo aqui.

Sofia Quintas

Directora e jornalista do Almada Online