Fectrans pronuncia-se sobre situação na Transtejo

Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações considera o serviço degradado

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A falta de trabalhadores e de navios são as causas apontadas pelos sindicatos para as falhas no transporte fluvial que liga Lisboa à Margem Sul, admitindo a empresa um aumento das avarias e uma elevada taxa de indisponibilidade dos barcos.

“Muitos dos navios estão avariados e encostados em docas à espera de reparações grandes”, disse em declarações à agência Lusa Carlos Costa, dirigente da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans).

Os trabalhadores da Transtejo, realizaram entre o dia 8 e 19 de Agosto uma greve parcial em cada turno de serviço, o que levou à supressão de algumas carreiras. Esta é uma luta que já se arrasta há meses com sucessivas acções de protesto.

Em causa está, segundo a Fectrans, “o facto de a administração/Governo não ter iniciado um efectivo processo de negociação, de modo a discutir as reivindicações sindicais, das quais, além da valorização salarial, consta a melhoria do serviço público”.

Segundo Carlos Costa, existe uma tentativa de prolongamento de vida dos actuais navios até à chegada dos novos, mas até isso acontecer há muitas supressões, “não estando a ser prestado o serviço público devido”.

Em Julho, uma avaria técnica inesperada do ferry que opera na ligação Trafaria–Porto Brandão–Belém, entre os concelhos de Almada e Lisboa, levou à suspensão do serviço durante uma semana, uma situação que levou a Junta da União das Freguesias de Caparica e Trafaria a realizar um protesto formal.

Numa resposta enviada à agência Lusa, a Transtejo/Soflusa confirma um aumento de 9% do número de avarias da frota total, comparando Janeiro a Julho de 2022 com o período homólogo de 2021, atribuindo esse crescimento aos constrangimentos e limitações da frota.

No entanto, na análise dos registos dos últimos três anos, aponta para uma tendência decrescente deste indicador: em 2020, a frota teve -21% de avarias face a 2019 e em 2021 -16% face a 2020. Por outro lado, a administração admite que “a taxa de disponibilidade de serviço do total de frota foi de 68% em 2019, 65% em 2020, 59% em 2021 e 60% nos primeiros sete meses” deste ano.

Segundo o sindicalista Carlos Costa, não existe ainda uma estação de carregamento para os novos navios eléctricos, tendo sido aberto concurso internacional pela terceira vez ainda sem resultados tornados públicos.

Por outro lado, adianta, a empresa tem falta de trabalhadores e, embora sejam publicados concursos para contratações, as condições de trabalho e salariais oferecidas não cativam.

“A empresa precisa de 50 funcionários para a normalização de um serviço. Mas, as vagas não são preenchidas porque as condições financeiras não são atractivas”, disse, adiantando que é o caso dos maquinistas, que na Transtejo auferem cerca de 800 euros de salário quando noutras empresas privadas a operar no rio Tejo conseguem o dobro do valor.

Questionado sobre que futuro tem a travessia entre as duas margens, Carlos Costa responde: “Não faço ideia. O que sabemos é que o serviço está degradado. Não há meios nem pessoas”.

A administração da Transtejo/Soflusa explica que os vários processos de recrutamento e seleção decorrem do facto de durante os mesmos terem surgido novas vagas para preencher.

Quer a Transtejo quer a Soflusa, adianta a empresa, têm em curso processos de recrutamento e selecção para preencher vagas originadas pela saída de trabalhadores, estando ainda em preparação pedidos de autorização para a contratação de trabalhadores.

Actualmente, a TTSL – Transtejo Soflusa tem 429 trabalhadores no seu quadro de pessoal, dos quais 242 (56%) são trabalhadores marítimos.

Sofia Quintas

Directora e jornalista do Almada Online

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