Governo prolonga Situação de Alerta até 19 de Setembro

Mecanismo europeu de protecção civil foi activado, e várias estradas foram cortadas

O Governo decidiu prolongar a declaração de Situação de Alerta em Portugal, até às 23h59 da próxima Quinta-Feira dia 19 de Setembro, face às previsões meteorológicas, adiantou ontem o comandante nacional da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), André Fernandes.

Já arderam 10 mil hectares, mas o potencial estimado são 30 mil. Perto de cinco mil operacionais combatiam mais 130 ocorrências às 20h de ontem, dia 16 de Setembro, e foram registadas ao longo do dia 205 ignições, informou a ANEPC no último balanço da noite.

De acordo com a informação avançada pelo comandante André Fernandes, estavam no terreno a combater os cerca de 130 fogos activos (de mato, florestais e rurais) 5.307 operacionais, apoiados por 1.600 viaturas. 19 ocorrências são consideradas significativas, com mais de 2.000 operacionais no terreno. A situação mais crítica, segundo a Protecção Civil, é o complexo de incêndios “na fronteira entre a área metropolitana do Porto e a região de Aveiro.” André Fernandes explicou ainda que “a situação é critica, mas os dispositivos estão no terreno” e apelou à calma e colaboração da população.

No âmbito da declaração de situação de alerta, foram implementadas várias medidas de caráter excepcional. Entre elas está a proibição do acesso, circulação e permanência no interior de espaços florestais ou caminhos rurais, a realização de queimadas e qualquer tipo de trabalho florestal com recursos a maquinaria. Está também proibida a utilização de fogo-de-artifício ou outros artefactos pirotécnicos.

Assim, continua a ser “proibido aceder, circular e permanecer no interior dos espaços florestais, pelo que os acessos aos passadiços e parques de merendas da Mata Nacional dos Medos estarão encerrados, neste período.”, como havia alertado a Câmara Municipal de Almada (CMA) autarquia em comunicado, no Domingo passado.

Também o Parque de Merendas da Trafaria está encerrado ao público.

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) prevê um agravamento significativo, até Quarta-Feira, do perigo de incêndio rural no continente, devido a condições meteorológicas adversas, como vento forte e temperaturas elevadas.

O sistema europeu de emergência Copernicus EMS também publicou um mapa do risco extremo de incêndio, em que o centro e norte de Portugal estão em evidência.

A Proteção Civil registou um total de 21 vítimas entre 13 e 16 de Setembro, indicou ainda o comandante André Fernandes. As vítimas mortais são um bombeiro que faleceu no incêndio de Oliveira de Azeméis, um civil que sofreu doença súbita no incêndio de Sever do Vouga, e um civil encontrado carbonizado em Albergaria-a-Velha, segundo o Comando Territorial da GNR de Aveiro. Há ainda o registo de dois feridos graves, que correspondem a dois bombeiros que sofreram queimaduras graves no combate ao fogo de Oliveira de Azeméis.

A Proteção Civil deixou o apelo à população para o planeamento das viagens. “Para todos os cidadãos que tenham viagens planeadas à área norte, em ambos os sentidos, que evitem utilizar a autoestradas”, pediu o comandante André Fernandes.

Governo e Comissão Europeia em alerta

Luís Montenegro falava à comunicação social na sede da ANEPC, tendo ao seu lado o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e recusou que tenha havido atrasos quer na activação do mecanismo europeu de protecção civil quer no corte de estradas. O primeiro-ministro cancelou a sua agenda para hoje.

Montenegro revelou ainda que “está criada uma equipa multidisciplinar no governo”, coordenada pelo ministro Adjunto e da Coesão Territorial, para tratar do apoio “mais urgente”, nomeadamente o funcionamento das escolas e das unidades de saúde.

Já o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que também cancelou uma deslocação que iria fazer a Espanha, disse estar agradecido e solidário com “as portuguesas e os portugueses, as populações atingidas”, destacando que tem estado em permanente contacto com o primeiro-ministro, Luís Montenegro, relativamente às “ocorrências”, bem como com os dirigentes da Protecção Civil.

O chefe de Estado agradeceu também à União Europeia pela “forma como respondeu à solicitação do governo português”, mas também “aos governos dos países que imediatamente disponibilizaram meios aéreos”, que estarão operacionais mais intensamente a partir de hoje e nos próximos dias.

De acordo com o Comandante Nacional de Emergência e Proteção Civil, André Fernandes, Portugal solicitou oito aviões. Dois deles, espanhóis, já actuaram em território português, mas espera-se que cheguem ainda mais seis meios aéreos, dois de Itália, dois de França, e dois da Grécia.

A presidente da Comissão Europeia expressou solidariedade para com Portugal. “A União Europeia (UE) está com Portugal enquanto o país tenta debelar grandes incêndios. Vamos mobilizar urgentemente oito aviões de combate a incêndios através do Mecanismo Europeu de Protecção Civil para ajudar os profissionais no terreno”, escreveu Ursula von der Leyen na rede social X.

Recomendações da Direcção-Geral de Saúde

Para evitar a exposição ao fumo de incêndios, para os mais atingidos pelos incêndios, a Direção-Geral de Saúde (DGS) recomenda que se mantenha dentro de casa, com as janelas e as portas fechadas, em ambiente fresco. Se possível, ligue o ar condicionado com modo de recirculação de ar. Evite a utilização de fontes de combustão dentro de casa, tais como aparelhos a gás ou lenha, tabaco, velas e incenso. Evite actividades no exterior. Utilize máscara (N95) sempre que não possa evitar a exposição ao fumo. Mantenha a medicação habitual, nomeadamente se tiver doenças como a asma ou a doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC). Deve seguir as indicações do médico se tiver agravamento das queixas. Mantenha-se hidratado e fresco.

Sofia Quintas

Directora e jornalista do Almada Online

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