Almada | A Quimera

Um filme de Alice Rohrwacher, que pode ser visto dia 4 de Setembro às 21h, no Auditório Fernando Lopes-Graça

Acabado de sair da cadeia, e de regresso à sua pequena aldeia Riparbella junto ao mar Tirreno, Arthur, um arqueologista britânico, reencontra o bando de tombaroli, saqueadores de túmulos com preciosidades arqueológicas da era etrusca, que se dedica à venda desses objetos no mercado de arte. Arthur coloca ao serviço dos amigos salteadores o dom de sentir “o vazio”, o seu dom paranormal de espeleólogo, que consegue “sentir” onde se encontram soterradas as preciosas relíquias. Devido a esta peculiariedade, é muito acarinhado pelos amigos. Para o grupo, a Quimera é o desejo de dinheiro fácil. Já para Arhtur, a quimera é a mulher perdida que um dia amou, Beniamina. Para encontrá-la, desafia o invisível e procura por toda parte um caminho mitológico para a vida após a morte.

Os tombaroli de “A Quimera” são temerários, fantasistas, têm algo de circense, de caótico, giram, tal como Arthur, em torno de uma matriarca interpretada por Isabella Rossellini.

O filme é a quarta longa-metragem da cineasta italiana Alice Rohrwacher, ambientada na zona rural da Toscana da década de 1980, numa localidade imaginária à beira do Mar Tirreno, que explora o tema de pilhagem arqueológica, a venda ilícita de artefatos históricos e o conceito de Quimera. É no fundo uma nova versão da tradicional história de Orfeu e Eurídice. Esta foi também a década da infância de Alice, e a de maior actividade dos tombaroli, dos quais conheceu alguns na região entre a Toscana e a Úmbria em que cresceu. “Tudo é etrusco onde eu vivo…”, contou ela ao Expresso, no final do Festival de Cannes de 2023. “Habituei-me a pisar desde criança um solo habitado por outra civilização, há grutas etruscas debaixo da minha casa… Eles foram um povo estranhíssimo. Ao contrário dos romanos, que construíram grandes monumentos para celebrar a vida, como o Coliseu, os etruscos esconderam as suas riquezas debaixo da terra. Quase tudo o que construíram foi a pensar na morte ou em honra dos seus mortos. Eles intrigam-me, tanto mais porque a nossa era é cada vez menos espiritual.”

Os ladrões eram quase todos camponeses pobres que, tentados pelo dinheiro fácil, profanaram e pilharam túmulos etruscos a troco de calhamaços de liras no mercado negro. Esta foi uma práctica popular de contrabando arqueológico na Itália dos anos 80, uma rapinagem que também atraiu alguns estrangeiros à procura de quimeras, como o inglês Arthur do filme.

O filme entrou na competição da 76.ª edição do Festival de Cinema de Cannes, em 2023, onde recebeu o Prémio AFCAE.

©DR / Os tombaroli de Alice Rohrwacher são Fellinianos.

Ficha Técnica:

Título original: La Chimera
Realização: Alice Rohrwacher
Argumento: Alice Rohrwacher, Carmela Covino, Marco Pettenello
Produção: Tempesta, Ad Vitam, Amka Films Production, Rai Cinema
Elenco: Josh O’Connor, Isabella Rossellini, Alba Rohrwacher, Carol Duarte, Vincenzo Nemolato, Lou Roy-Lecollinet, Gian Piero Capretto, Ramona Fiorini, Luca Gargiullo, Giuliano Mantovani, Melchiorre Pala, Yle Vianello, Carlo Tarmati, Barbara Chiesa, Elisabetta Perotto, Chiara Pazzaglia, Francesca Carrain
Fotografia: Hélène Louvart
Edição: Nelly Quettier
Género: Comédia
Origem: Turquia, Suíça, Itália, França
Ano: 2023
Duração: 133 min.
Classificação: M/12

Preço: 3,00€ (desconto de 50% jovens e séniores).

Os bilhetes podem ser adquiridos na bilheteira do Auditório Fernando Lopes-Graça uma hora antes do ínico da sessão.

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Sofia Quintas

Directora e jornalista do Almada Online