Almada | “Chovem Amores na Rua do Matador”

Peça de Mia Couto e José Eduardo Agualusa questiona o machismo

Baltazar Fortuna, “macho” moçambicano, e as três mulheres da sua vida são as personagens principais da peça “Chovem amores na Rua do Matador”, produzida pela Fundação Fernando Leite Couto, de Maputo, a partir de um conto escrito por Mia Couto e José Eduardo Agualusa.

Em palco vai estar um conflito que se vive atualmente no tecido social dos subúrbios moçambicanos. A peça retrata uma ruptura com prácticas herdadas nas relações de género e, mostra uma mudança em que as mulheres questionam as tradições machistas.

A história passa-se no sul de Moçambique, perto de uma cidade onde Baltazar Fortuna tem três mulheres nas quais conta encontrar submissão, como todos os homens esperam, mas o problema é que elas não estão de acordo, têm ideias próprias e isso ele não previa. Esse, sabe ele bem, é o problema do Mundo: andarem a meter ideias na cabeça das mulheres. Confrontado com a oposição, ele quer matá-las, mas elas não querem morrer. Este é o enredo do espectáculo.

Há conflitos de cada personagem consigo própria e entre elas. Discutem problemas existenciais, querem resolver problemas pessoais a partir do outro, durante uma hora e 20 minutos em palco e com humor quanto baste, característica subjacente aos textos de Mia Couto, seja qual for o género.

Trata-se de uma peça escrita para um público jovem, que constitui a maioria da população moçambicana, sendo que mais de metade de Moçambique tem menos de 20 anos. São os jovens que herdam as estruturas mentais, que se submetem ao machismo e que estão em questão na peça.

Mia Couto e José Eduardo Agualusa, reflectem neste conto – adaptado ao palco com dramaturgia do próprio Mia Couto – sobre o conflito entre um Moçambique periférico urbano, que hesita entre um lastro de tradições e prácticas ancestrais cristalizadas nas mentalidades masculinas dominantes; e um novo país, de demografia galopante, cheio de jovens que, a cada dia se revêm menos nas estruturas culturais herdadas e nas práticas sociais que elas impõem.

O conflito entre Baltazar Fortuna e as suas mulheres – Mariana Chubichuba, Judite Malimali e Ermelinda Feitinha – leva inevitavelmente, à morte de um desequilíbrio social, onde o lugar que cabe às mulheres e o dos homens é vigorosamente questionado e resolvido em cada opção, em cada atitude, em cada gesto do presente.

Esta peça que tem feito digressão em Portugal, sendo a maior digressão realizada por uma companhia moçambicana na Europa até ao momento, chega agora a Almada, com sessões dia 28 e 29 de Julho às 21h no Auditório Fernando Lopes-Graça. Depois de Portugal, estão em preparação digressões pelo Brasil, Cabo Verde e Angola.

A produção é da Fundação Fernando Leite Couto, com apoio da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), tem uma equipa 100% moçambicana e, é interpretada por Angelina Chavango, Horácio Guiamba, Joana Mbalango, Josefina Massango e Violeta Mbilane.


SESSÕES: Dias 28 e 29 às 21h

Preço: € 5,00 (preço único)
Idade: M/12

Ficha Técnica:

Dramaturgia: Mia Couto

Com: Angelina Chavango, Horácio Guiamba, Joana Mbalango, Josefina Massango, Violeta Mbilane

Cenário: Evaro de Abreu

Figurinos: Sara Machado

Coreografia: Ademar Chauque

Música: Shigeru Umebayashi

Sonoplastia: Pedro Pinto

Luz: Quito Tembe

Direcção de produção: Clotilde Guirrugo, Pablo Ribeiro

Encenação: Clotilde Guirrugo, Vitor Gonçalves

Apoio: União Europeia, Cine, Instituto Camões – Moçambique
 

Contacto da Bilheteira do AFLG
Tel.: 212 724 922 | auditorio@cm-almada.pt
Quarta a Sexta, das 14h30 às 18h00
Sábado das 15h00 às 18h00
1 hora antes do espectáculo.

Sofia Quintas

Directora e jornalista do Almada Online

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