Caparica | Conferência assinalou 40 anos da Paisagem Protegida da Arriba Fóssil
Território, ambiente, alterações climáticas, biodiversidade, erosão e sustentabilidade, foram alguns dos temas
De forma a assinalar o 40º aniversário da Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Costa da Caparica (PPAFCC), a Câmara Municipal de Almada (CMA) e a Comissão de Cogestão da PPAFCC, organizaram a “Conferência Comemorativa dos 40 anos da Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Costa da Caparica” que decorreu no Convento dos Capuchos, na Caparica, a 21 de Novembro entre as 9h e as 17h.
Inês de Medeiros, presidente da CMA e também Presidente da Comissão de Cogestão da PPAFCC; Ana Cristina Falcão, do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), e também Directora do Departamento Regional de Conservação da Natureza e da Biodiversidade de Lisboa e Vale do Tejo; e José Manuel Alho, Vice-Presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDR-LVT), abriram a conferência, onde foi possível visitar também a exposição dedicada à biodiversidade da PPAFCC.
“Sabemos que há situações críticas na nossa arriba e por isso a criação da cogestão, que tenho a honra de presidir, foi um passo essencial para termos uma acção mais presente no território e, sobretudo, mais articulada”, referiu Inês de Medeiros, na abertura da conferência. “Hoje em dia, mais do que ninguém, são os municípios que têm a consciência de como querem fazer o seu desenvolvimento sustentável, proteger o seu património natural, proteger o seu território, criar os seus corredores verdes”, salientou a autarca,
“Só se ama o que se conhece e só se protege aquilo que se ama”, disse Ana Cristina Falcão, do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, reforçando que é através do conhecimento que protegemos este território tão especial e o passamos às próximas gerações.
José Manuel Alho, explicou que “as populações que vivem nas áreas protegidas são as principais responsáveis pelo que lá acontece, de bom e de mau” e que hoje têm uma palavra “firme e liderante”, sendo este um passo significativo na sua preservação.
Ao longo do dia, foram apresentados e debatidos os valores naturais e culturais da PPAFCC, a sua biodiversidade e a geodiversidade, as iniciativas de educação e sensibilização ambiental, o potencial turístico, e os riscos e desafios que enfrenta e o modelo de cogestão desta área protegida.
Temas como a apresentação da PPAFCC; prioridades para a conservação da flora e vegetação da PPAFCC; monitorização dos processos de erosão e de alterações do perfil da Arriba Fóssil na PPAFCC; Riscos Costeiros e Alterações Climáticas, desafios para a PPAFCC; a importância da PPAFCC no território; Caminho do Atlântico Cabo Espichel – Trafaria; entre outros, foram debatidos por especialistas da área do ambiente.
A Câmara Municipal de Almada e a Câmara Municipal de Sesimbra celebraram a formalização do modelo de cogestão para a PPAFCC em 2022.
Um pouco de História
A PPAFCC é uma paisagem protegida criada pelo Decreto-Lei nº168/84 de 22 de maio, com 1.559 hectares, que envolve uma área de 13 km de praia ao longo da orla litoral Oeste da Península de Setúbal, estendendo-se pelos concelhos de Almada e Sesimbra, na faixa litoral entre a Costa da Caparica (a Norte) e a Lagoa de Albufeira (a Sul), passando pelos Capuchos e pela Fonte da Telha. Insere-se nesta área protegida a Reserva Botânica da Mata Nacional dos Medos.
A Arriba Fóssil foi moldada pelas repetidas flutuações que o oceano sofreu ao longo de milhões de anos. Devido ao Terramoto de 1755, o mar regrediu e fossilizou a arriba até aos dias de hoje. É constituída por uma sucessão de estratos de rochas sedimentares, dos mais importantes da Europa Ocidental cuja origem remonta ao período Pliocénico, datado de há cerca de 10 milhões de anos. Nessa altura, o mar chegava até à base da arriba, mas ao longo dos tempos foi recuando devido ao movimento das placas tectónicas da crosta terrestre e pela acção do terramoto de 1755, que deu origem à planície litoral em que predominam as dunas. Como estas ameaçavam avançar para o interior, em direcção aos terrenos agrícolas (Terras da Costa), no séc. XVIII o rei D. João V mandou plantar a Mata dos Medos, em que médão ou medo, significa duna. Actualmente, na Mata prevalecem o pinheiro-manso e a aroeira, e esta serve de abrigo a aves de rapina como a águia de asa-redonda e a coruja das torres, que podem ser observáveis em percursaos pedestres.
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