Costa da Caparica | Ciclo de cinema “Clássico”

No Auditório da Costa da Caparica, todas as Quintas-Feiras do mês de Junho às 21h

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O CineClube da Associação Gandaia, leva ao grande ecrã do Auditório Costa da Caparica durante o mês de Junho o Ciclo de Cinema “Clássico”, com sessões que decorrem todas as Quintas-Feiras às 21h. Cada filme tem o custo de 1€ para os sócios e 2€ para os não sócios.

Quinta-Feira 8 de Junho – Ana Karenina

Na Rússia czarista no final do século XIX, Ana (Keira Knightley) é uma jovem mulher casada com Alexei Karenin (Jude Law), um destacado oficial de São Petersburgo habituada a frequentar a alta roda da sociedade russa. A sua existência é tranquila até ao momento em que conhece o irresistível conde Vronsky (Aaron Taylor-Johnson), com quem cria uma ligação que mudará a forma como se vê a si mesma e ao mundo. Em São Petersburgo, depressa o caso amoroso entre Vronsky e Ana torna-se conhecido e, Karenin seu marido, sofre as humilhações da opinião pública devido ao adultério da esposa. Sentido a pressão de uma sociedade profundamente machista e moralista, entre um amor que não controla e o dever de esposa e mãe, Anna acaba por se abandonar a um avassalador sentimento de dor e culpa.

Esta é a terceira colaboração entre Keira Knightley e o realizador Joe Wright, depois dos premiados sucessos de “Orgulho e Preconceito” e “Expiação”, na épica história de amor adaptada do clássico de Leo Tolstoy, publicado entre 1875 e 1877 no “The Russian Messenger”, uma dos mais influentes revistas russas da época.

Anna Karenina de Joe Wright irritou os espectadores russos aquando da sua estreia. O dramaturgo e teatrólogo inglês de origem checa Tom Stoppard, conhece bem a realidade russa, mas tal não foi suficiente para convencer os conterrâneos de Tolstoi, que criticaram em particular a opção do cineasta situar toda a acção num palco de teatro. Os críticos de cinema russos também não gostaram do décor, que consideraram esmagador. Anna Karenina de Joe Wright irrita espectadores russos

O romance de Tolstoi foi muitas vezes adaptado ao cinema e, antes de Knightley, Anna Karenina fora interpretada por actrizes como Greta Garbo, Vivien Leigh ou, mais recentemente, a francesa Sophie Marceau, num filme de Bernard Rose. Mas para qualquer espectador russo, a Karenina de referência será sempre Tatyana Samoylova, que a interpreta no filme realizado em 1967 por Aleksandr Zarkhi, uma obra pouco conhecida nos Estados Unidos e na Europa ocidental, mas que foi  unanimemente elogiada pela crítica.  

O premiado guarda roupa de Jacqueline Durran não só coloca a produção no período histórico correcto, mas apresenta-se também quase como um desfile de moda clássica, pois a protagonista principal sempre que possível troca de vestimentas.

A longa metragem quase não possui filmagens em exteriores e, funciona como um teatro antigo, com os actores a passearem pelo palco e pelos bastidores da própria casa de espectáculos, criando um ambiente impressionante. Faz lembrar Dogville, o emblemático filme de Lars Von Trier que também se passa num palco.

O filme foi nomeado aos Óscares de melhor banda sonora, melhor design de produção, melhor fotografia e melhor guarda roupa, tendo vencido a estatueta dourada nesta última categoria.

©DR / Esta é a terceira colaboração entre Keira Knightley e o realizador Joe Wright.

Ficha Técnica: 

Título original: Anna Karenina
Realização: Joe Wright
Argumento: adaptação de Leo Tolstoy por Tom Stoppard
Produção: Tim Bevan, Alexandra Ferguson, Liza Chasin
Elenco: Keira Knightley, Jude Law, Aaron Taylor-Johnson,  Matthew MacFadyen, Kelly Macdonald, Olivia Williams, Luke Newberry e Alicia Vikander
Fotografia: Seamus McGarvey
Música: Dario Marianelli
Edição: Melanie Ann Oliver
Género: Drama / Romance
Origem: Reino Unido, EUA
Ano: 2012
Duração: 2h11 minutos
Classificação Etária: M/12

Quinta-Feira 15 de Junho – Capitão Kidd

A história gira em torno do mítico pirata escocês Capitão William Kidd (Charles Laughton), um homem tão impiedoso como astuto, de actuação ambígua quer ao serviço da coroa inglesa, quer dos seus próprios interesses. Em 1699, ao largo de Madagascar, o Capitão Kidd afunda o navio real do Capitão Blaney, perdendo também o seu. Com alguns companheiros Kidd esconde o tesouro de Blaney na ilha, para mais tarde o ir buscar. Em Inglaterra é Blaney e não Kidd que se pensa ser o pirata, o que vale a Kidd, que surge como um inocente mercador, ser comissionado pelo rei Guilherme III (Henry Daniell) para escoltar um navio que traz riquezas da Índia. Blaney é acusado de pirataria, Kidd consegue fazer-se nomear protector de navios reais junto do rei, com vista a roubar mais um tesouro, sem que se saiba dos seus actos piratas. Para tal recruta uma tripulação de condenados, entre eles Adam Mercy (Randolph Scott), mestre de artilharia com maneiras aristocráticas, que poderá ser mais do que aparenta. Antes de partir, Kidd vê chegar o seu antigo companheiro Povey, que o chantageia para seguir a bordo e recuperar o tesouro. Seguem-se as mortes dos outros dois antigos companheiros de Kidd que sabem da existência do seu tesouro, Lorenzo (Gilbert Roland) e Boyle (Sheldon Leonard), e o encontro com o navio a proteger, que Kidd sabota, depois de transferir o tesouro e a bela Lady Anne Dunstan (Barbara Britton). É a esta que Mercy revela ser Adam Blayne, filho do Capitão Blayne, que procura provas para incriminar Kidd.

O Capitão Kidd é um filme onde a acção é secundária, quando comparada com o papel da intriga e do suspense que rodeia os combates surdos entre Kidd e os seus homens e, entre Kidd e Mercy. Embora com a sua dose de duelos de espada, e de explosões em alto mar, o filme de baixo orçamento, vive essencialmente da interpretação de Charles Laughton, sempre seguro nos papéis de cruel e astuto criminoso. A forma como Laughton passa de impiedoso a dócil pretendente a aristocrata, cujas cenas com o seu tutor de etiqueta dão um tom divertido ao filme, é bem conseguida enriquecendo-lhe a personagem, deixando sempre uma ponta de mistério quanto ao que lhe poderá ir na alma.

Já Randolph Scott tem um papel apagado, numa interpretação que não o distingue como herói. O mesmo acontece com o curto papel de Barbara Britton, cuja presença parece forçada e apenas porque é de bom tom ter uma dama em perigo neste género de filmes, mesmo que tal represente uma distracção sem interesse.

O Capitão Kidd foi nomeado ao Oscar de Melhor Banda Sonora.

Charles Laughton voltaria a protagonizar o famoso pirata na comédia Encontro com o Capitão Kidd (Abbott and Costello Meet Captain Kidd, 1952) de Charles Lamont.

Rowland V. Lee foi um experiente realizador, reputado por vários dramas históricos e de aventuras com personagens famosas – Conde de Monte Cristo, Cardeal Richelieu, Os Três Mosqueteiros-, e alguns filmes de culto na série de terror da Universal.

©DR / O Capitão Kidd foi nomeado ao Oscar de Melhor Banda Sonora.

Ficha Técnica: 

Título original: Captain Kidd
Realização: Rowland V. Lee
Argumento: Norman Reilly Raine, Robert N. Lee
Produção : Benedict Bogeaus, James Nasser
Elenco: Charles Laughton, Randolph Scott, Barbara Britton, John Carradine, Gilbert Roland, John Qualen, William Farnum, Henry Daniell, Reginald Owen, Sheldon Leonard
Fotografia: Archie Stout [preto e branco]
Música: Werner Janssen
Edição: James Smith
Género: Aventura
Origem: EUA
Ano: 1945
Duração: 88 minutos
Classificação Etária: Livre

Quinta-Feira 22 de Junho – Adeus às Armas

No inverno de 1917, o americano Frederic Henry (Rock Hudson) alista-se no exército italiano como motorista de ambulânc iase é ferido em acção. No hospital, é cuidado pela bela e jovem enfermeira inglesa ao serviço na frente italiana Catherine Barkley (Jennifer Jones). Acabam por apaixonar-se e tentam consolidar a relação no meio da brutalidade de guerra. Tentam fugir dos horrores da guerra para a Suíça em busca de paz e felicidade. O destino aguarda-os para perturbar seus planos. Devido a uma intriga Frederick acaba por separar-se de Catherine, que está grávida do seu filho. Ele tenta reencontrá-la enquanto as forças inimigas estão à sua procura por toda a Itália. A pobre Catherine não está bem de saúde e Frederick talvez não chegue a tempo.

Hemingway foi motorista de ambulâncias na Itália durante a Primeira Guerra Mundial e, em 1929 publicou um livro baseado nessa sua experiência.

David O. Selznick, produtor de E Tudo o Vento Levou, demitiu o primeiro director, John Huston, e incumbiu Charles Vidor filmar nos Alpes italianos em busca de cenários autênticos. Rock Hudson, tinha aceite o papel sobretudo por ir trabalhar com Huston e não gostou da troca.

©DR / Esta foi a segunda adaptação ao cinema da obra de Ernest Hemingway.

Ficha Técnica: 

Título original: A Farewell to Arms
Realização: Charles Vidor
Argumento:  adaptação de Ernest Hemingway por Ben Hecht
Produção: David O. Selznick
Elenco: Jennifer Jones, Rock Hudson, Vittorio De Sica, Mercedes McCambridge, Elaine Stritch, Luigi Barzini, Georges Bréhat, Memmo Carotenuto, Patrick Crean, Albert D´Amario, Victor Francen
Fotografia: Oswald Morris, Piero Portalupi
Música: Mario Nascimbene
Edição: John M. Foley, Gerard J. Wilson
Género: Guerra / Romance
Origem: EUA
Ano: 1957
Duração: 152 minutos
Classificação Etária: M/14

Quinta-Feira 29 de Junho – Cinco Anos Depois

Depois de assaltar um banco na cidade de Sonora, no México, Dad Langworth (Karl Malden) foge com o dinheiro, deixando para trás seu parceiro Kid Rio (Marlon Brando). Detido em flagrante pela polícia local, Rio é preso e condenado. Passados cinco anos, ele consegue fugir da prisão e está disposto a pôr em práctica um plano de vingança contra o seu ex-parceiro de crimes. Para seu espanto, Rio descobre que Dad agora é um respeitado xerife na cidade de Monterrey, na Califórnia, e percebe que não será fácil derrotar o seu traidor. Para facilitar sua aproximação, Rio envolve-se com Louisa (Pina Pellicer), a enteada que Dad trata como filha. O que Rio não poderia imaginar é que seria traído novamente, desta vez pelo seu coração.

O que poderia ter sido um Western sobre vingança, torna-se num melodrama sobre a jornada de um homem, que procura vingança, mas também um motivo de redenção e perdão. Marlon Brando queria fazer um Western diferente e conseguiu-o.

Cinco Anos Depois era para ser dirigido inicialmente por Stanley Kubrick, demitido duas semanas antes das filmagens pelo próprio Marlon Brando segundo uma versão, segundo outra, Kubrick interessou-se mais por Lolita (1962). Este foi o único filme que Marlon Brando realizou.

Ao fim de 5 dias de filmagens, a produção já estava com atrasos. Brando chegava a estar horas a ver as ondas do mar, à espera das mais dramáticas e, exigiu estar bêbado numa cena em que o seu personagem estava bêbado. Na altura, Brando não ficou satisfeito com o resultado final do filme, anos depois considerou-o como um dos seus preferidos.

O filme conta com a participação da primeira latina a ser nomeada para um Oscar pelo filme High Noon, a actriz mexicana Katy Jurado, que faz a mãe da enteada de Dad, Louise que se envolve com Rio. Nomeado para Melhor Fotografia – Cor, nos Oscars de 1962, perdeu para West Side Story. Marlon Brando  esteve nomeado para Melhor Realização, pelo Directors Guild of America 1962 e, perdeu para Robert Wise em West Side Story. O filme esteve nomeado para Top Action Drama, nos Laurel 1962, perdeu para El Cid.

Inspirado no livro sobre Billy The Kid, The Authentic Death of Hendry Jones, de Charles Neider, foi escolhido em 2018 como filme de valor imaterial a preservar pela a Biblioteca do Congresso Americano.

©DR / Cinco Anos Depois foi o único filme realizado por Marlon Brando

Ficha Técnica: 

Título original: One-Eyed Jacks
Realização: Marlon Barndo
Argumento: Guy Trosper, Calder Willingham
Produção: Frank P. Rosenberg
Elenco: Marlon Brando, Karl Malden, Katy Jurado, Pina Pellicer, Ben Johnson, Slim Pickens
Fotografia: Charles Lang Jr.
Música: Hugo Friedhofer
Edição: Archie Marshek
Género: Western
Origem: EUA
Ano: 1961
Duração: 141 minutos
Classificação Etária: M/12

Sofia Quintas

Directora e jornalista do Almada Online

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