Marchas Populares de Almada desfilam na Avenida
A véspera de S. João traz consigo o desfile das marchas almadenses na Avenida António José Gomes. Saiba aqui tudo sobre a noite mais bairrista do concelho.
As Marchas Populares de Almada desfilam hoje, 23 de Junho, na Avenida António José Gomes, na Cova da Piedade, a partir das 20h30. A véspera de S. João é a noite de todos os bairrismos no concelho de Almada, vivida com entusiasmo pelos almadenses.
Em 2025, estão a concurso nove marchas que desfilam na Avenida pela seguinte ordem: Marcha da SCMA – Centro Comunitário do PIA II, Marcha da Capa Rica, Marcha da Ramalha, Marcha do Beira Mar de Almada, Marcha da Cova da Piedade, Marcha da Charneca, Marcha da Costa da Caparica, Marcha da Trafaria e Marcha de Cacilhas. Além das marchas a concurso, desfilam no início da noite a Marcha Popular Vale do Açor e a Marcha Infantil “Os Costinhas”.
A Grande Marcha de Almada 2025, “Almada vais, ser sempre rainha…”, tem letra e música de Mimicat e pode ser ouvida aqui.
No fim do desfile, o baile está a cargo dos Rico Bailelectronic no coreto do Jardim da Cova da Piedade. A dupla de DJs promete uma selecção musical com estilos variados.
As Marchas Populares de Almada são uma manifestação cultural popular, que em Almada ganhou forma oficial a partir de 1994, com organização da Câmara Municipal de Almada (CMA) e das associações locais . O evento reforça a identidade colectiva, valorizando o envolvimento de associações, grupos culturais e a população em geral. Mais do que um espetáculo de cor e ritmo, as Marchas são um espaço de celebração coletiva intergeracional, onde as comunidades preservam e reinventam tradições.
A 28 de Junho, a partir das 20h30, as marchas almadenses voltam a desfilar no Complexo Municipal dos Desportos “Cidade de Almada”, noite em que será anunciada a marcha vencedora da edição deste ano. A Marcha extra concurso dessa noite será a Marcha Inclusiva Rumo ao Futuro. Os bilhetes para este dia custam 5€ e podem ser adquiridos junto de cada marcha, ou no dia do evento nas bilheteiras do Complexo Municipal dos Desportos a partir das 16h.
A grande vencedora da edição de 2024 foi a Marcha da Capa‑Rica, que também recebeu os prémios de avenida e coreografia. O segundo lugar foi atribuído à Marcha da Costa da Caparica e o terceiro à Marcha do Centro Comunitário do PIA II.
Fique a saber aqui os condicionamentos de trânsito que serão implementados.

Temas das Marchas
A Marcha Popular de Vale do Açor tem como tema “É o Disco no Ar e os Anos 70 a Marchar”. O tema foi inspirado na bola de espelhos, com as luzes em movimento e a energia Disco. O seu desfile será um revivalismo da década de 70 do século XX, através da música dos ABBA, do vestuário e brilhos dessa década.
Os Costinhas desfilam sob o tema “Carrossel da Alegria”, que celebra e homenageia a Feira Popular da Costa da Caparica e o carrossel que faz ainda hoje as delícias das crianças caparicanas. O carrossel representa o melhor da infância, a alegria despreocupada, o riso, a festa, luzes, cores, brilho e a união das crianças e das suas famílias, gerando memórias infantis em várias gerações.
“O Alentejo”, essa terra de simplicidade, beleza e força, é o tema da Marcha Inclusiva Rumo ao Futuro. As tradições e memórias alentejanas são património de Almada, fazem parte das suas raízes e fundação. Motivo de orgulho, esta marcha celebra o Alentejo em Almada, com o coração aberto, o passo firme e a e a vontade de partilhar com todos a terra do sol, do campo, da união, do trabalho e da alegria.
A Marcha do Beira Mar de Almada, elegeu como tema “Amor à beira do Tejo”, onde as personagens Maria do Mar e Manel Gaivota, filhos do rio, estão unidos pela brisa salgada, pela luz dourada do pôr-do-sol e pelo som dos cacilheiros que atravessam as marés. O Beira Mar, homenageia o espírito ribeirinho e as histórias de amor que o Tejo guarda e protege, numa eterna dança entre margens.
“Com-Vida ao Passado” é o tema deste ano da Marcha de Cacilhas, que retrocede a 1 de Novembro de 1755, o dia do grande terramoto, um dos mais marcantes da história cacilhense. Depois do terramoto, um maremoto avançou pelas ruas estreitas de Cacilhas, destruindo tudo à sua passagem. A marcha recria esse dia, a lenda de Nossa Senhora do Bom Sucesso, o milagre que acalmou as águas e a procissão que até hoje mantém viva a memória deste acontecimento. Uma celebração de história, fé e união dos cacilhenses, que homenageia os que, perante a adversidade, encontraram força para reerguer a sua terra.
A Marcha da Capa-Rica escolheu como tema “A nossa triste sina”, que narra as vidas que se entrelaçam no Monte da Caparica. É a melodia amarga e bela que se ouve nas ruas, nos becos, nas praças onde o tempo custa a passar, mas a vida nunca pára. A triste sina não é fraqueza: é marca, história e identidade. A multiculturalidade no bairro não é um fardo, é uma força invisível que alimenta a identidade do Monte da Caparica. Este é um hino às margens que resistem. Um olhar directo para a beleza imperfeita que floresce onde muitos só vêem carência. É uma celebração da diversidade como motor de crescimento, solidariedade e transformação.
“No coração só a Charneca” é o tema da Marcha da Charneca, que faz um retrato da história que diz ao Mundo que a génese portuguesa é ser do mar, para dele fazer lida. Pescadores e varinas têm um destino feito à vontade das marés, com a sua força, ganhando a vida. Depois do trabalho vêm todos para a festa.
A Marcha da Costa da Caparica, escolheu “Não São Lágrimas, São Saudades que caem” para o seu tema deste ano. Os marchantes irão evocar a ‘viradela’ do Pensativo, a sua tripulação, a saudade dos que ficaram sem entes queridos. Relembram que a Costa é refém da vontade do Mar e que a vida começa e acaba sempre nele.
“Do Tejo para a lata” é a o lema da Marcha da Cova da Piedade, que homenageia a indústria conserveira, um sector que deu sabor à história e ajudou a pôr Almada na linha da frente da industrialização. Cheios de lata, os marchantes irão evocar a sabedoria da salga, a precisão do acondicionamento em latas e a selação. Na fábrica, quem mandava eram as mulheres, com um saber que não se aprendia nos livros. Os homens entravam no fim, a soldar as latas e a dar o toque final. Evoca-se a indústria conserveira, um passado que tornou os almadense num povo de trabalho, tradição e festa no coração.
É sob o tema “A Ramalha em noite de São João” que a Marcha da Ramalha irá desfilar, ilustrando um postal de memórias que homenageia as suas gentes, ramalhenses e não só, e espelha o antes e o depois da festa. Evocam-se as noites de S. João, históricas e típicas da Ramalha, os arraiais, a procissão e o misto de profano e sagrado que caracteriza a localidade.
“O espalho da diversidade” é o mote da Marcha da Santa Casa da Misericórdia de Almada (SCMA) – Centro Comunitário do Pia II, onde é celebrada a diversidade como a força que une. São evocados o poder da empatia, a força do respeito e a beleza da tolerância. É a marcha de uma família multicul- tural que vive, aprende e cresce em conjunto.
A Marcha da Trafaria irá desfilar inspirada na frase ““Na noite de São João, o meu lar é junto ao mar!”, alertando para o problema da habitação e do envelhecimento da sua população. Evocam o lugar encantado que a Trafaria foi em tempos, em que era um refúgio para os jovens, que cresciam em harmonia com o mar e nas suas margens encontravam abrigo. Os jovens partem agora em busca de terras mais acessíveis.

Um pouco de História
A tradição das Marchas Populares de Almada remonta aos anos 40 do século passado, quando o Clube Recreativo Chinquilho Margueirense levou a primeira marcha de Almada à Feira Popular de Lisboa e, depois, ao desfile na Avenida da Liberdade. Também na Costa da Caparica há registos dessa época, com a icónica “marcha trapalhona”, onde pescadores e varinas desfilavam com os seus trajes de trabalho.
Nos anos 50, a Trafaria fez história ao levar a sua marcha a Lisboa e a Setúbal. Mas foi a partir da década de 90 que as Marchas Populares de Almada ganharam a expressão que têm hoje, mobilizando centenas de marchantes e espectadores, destacando-se pela qualidade dos trajes, coreografias e criações musicais.
NDR: actualização a 27-06 com preço do bilhete para o desfile no Pavilhão.
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