Penajóia sem electricidade desde 18 de Dezembro
"O Natal é um momento de luz e ficámos na escuridão", diz uma moradora
O bairro autoconstruído de Penajóia, no Pragal, está sem electricidade desde dia 18 de Dezembro, deixando centenas de famílias na completa escuridão e sem resposta das autoridades. O movimento Vida Justa alerta para os riscos de segurança e apela a uma solução urgente.
Em comunicado, o movimento exige uma rápida resolução da situação e explica que centenas de famílias que vivem no bairro Penajóia ficaram às escuras, uma vez que os postes de abastecimento de energia eléctrica foram desligados dias antes do Natal.
“O bairro ficou sem luz nos espaços exteriores, mas também dentro das casas. Várias centenas de famílias estão neste momento na completa escuridão e sem qualquer informação sobre a situação da electricidade, apesar de todos os esforços que têm feito junto do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) e da Câmara Municipal de Almada (CMA) para que sejam salvaguardadas formas de vida com as mínimas condições de salubridade e segurança”, adianta.
O Penajóia é um bairro autoconstruído no Pragal, em Almada, num terreno pertencente ao IHRU e que, segundo o movimento, cresceu no último ano devido à crise de acesso à habitação, e “ao desfasamento que existe entre as rendas habitacionais e os salários em Portugal”.
“A falta de electricidade aumenta muito o risco de incêndio e isto traz enorme preocupação à comunidade que também já luta com a falta de água”, frisa o Vida Justa em comunicado, apelando ao IRHU e à CMA para que colaborem e ajudem os moradores a assegurarem condições de vida e de segurança básicas.
Esvarena de Sousa, da Associação de Moradores de Penajóia, a viver no bairro desde 2022, disse à agência Lusa que as pessoas estão muito angustiadas e aflitas com a situação, e que reconhecem que há puxadas de electricidade, apesar de quererem resolver a situação e passar a pagar a electricidade.
“Passámos o Natal sem luz, às escuras e ao frio. Os moradores acendem fogueiras para se aquecerem e temos receio que haja incêndios”, disse, adiantando que até ao momento nenhuma entidade deu resposta aos problemas do bairro. “O Natal é um momento de luz e ficámos na escuridão” diz a moradora. Nos últimos dias, tem aquecido água no fogão a gás para a sua higiene pessoal e para lavar a roupa. A conservação dos alimentos é outro desafio, bem como o combate ao frio que se tem sentido.
Recentemente, a autarca de Almada, Inês de Medeiros, manifestou a sua indignação com o silêncio do IHRU aos contactos feitos pela autarquia para a resolução do problema do bairro de Penajóia. Segundo explicou Inês de Medeiros na reunião de câmara realizada a 16 de Dezembro, no bairro de Penajoia existem uma centena de habitações precárias em terrenos do IRHU, um problema ao qual o instituto não dá qualquer resposta.
“Está o município a tentar dar respostas dignas, a acabar com um dos maiores bairros precários das terras do Lelo [na Costa da Caparica], a fazer política de habitação em todas as frentes e temos uma entidade que não responde”, disse, adiantando que o bairro está a crescer sem que o IRHU ponha cobro à situação.
Saliente-se que antes da mudança de governo, a autarca almadense nunca se tinha indignado publicamente contra o IHRU ou outra entidade estatal, e que nos últimos meses esta é uma situação recorrente para todos os assuntos e projectos a que a CMA não dá resposta. IHRU, APA, ICNF, Porto de Lisboa, têm sido algumas das entidades visadas.
A Lusa questionou a autarquia de Almada, sobre a situação em concreto, tendo esta reafirmado que não tem qualquer responsabilidade na matéria, e que o terreno em questão é do Estado.
Contactada a E-Redes para aferir se foi feita alguma intervenção na zona ou se existia alguma avaria na iluminação pública, a empresa disse não ter registo de avarias em instalações de clientes, “nem de anomalias que possam afectar a normal exploração da rede eléctrica no local”.
Numa resposta enviada à agência Lusa, a empresa acrescenta que não houve “qualquer acção dirigida ou programada por parte das suas equipas que pudesse ter causado a interrupção deliberada do fornecimento de energia”.
A agência Lusa tentou também obter uma resposta junto do IRHU, quanto à actual situação, e saber se existe já algum plano para o bairro, mas até ao momento não obteve resposta.
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