Procissão em honra de S. João Baptista

Nos dias 23 e 24 de Junho, às 19h

A tradicional procissão em honra de S. João Baptista realiza-se hoje, dia 23 de Junho às 19h na Igreja Matriz de Santiago. O santo desfila pela cidade e pernoita na Capela de S. João, na Ramalha. Dia 24 faz o percurso inverso, também às 19h.

Manda a tradição que no dia 23 de Junho, o santo desça do alto da Igreja Matriz de Santiago até à Quinta de S. João da Ramalha, onde passa a noite na Capela de S. João. Regressa, depois, no dia 24 de Junho para a Igreja Matriz de Santiago, onde passa o resto do ano.

Numa organização entre as Paróquias de Santiago (Almada) e Nossa Senhora da Piedade (Cova da Piedade), a procissão é antecedida e procedida, nos dois dias, por eucaristias e orações. No dia 23 às 18h, na Igreja de Santiago e às 20h30 na Capela de S. João. Dia 24 às 11h30, na Igreja Paroquial de N. Sra. Da Assunção em Almada, e às 16h na Capela de S. João.

S. João parte da Igreja de Santiago, no Jardim do Castelo, percorre a Rua Capitão Leitão até ao Cabo da Vila, segue na direcção do Pragal, descendo para a da Capela da Ramalha, na rotunda junto à estátua de Fernão Mendes Pinto.

Percorrendo as ruas da cidade pelas 19h, a imagem do padroeiro de Almada S. João, enfeitada com flores e frutos alusivos à fartura e fertilidade, a procissão é acompanhada por milhares de pessoas que mostram a sua devoção por este santo, quer acompanhando a procissão, quer vendo-a passar. As janelas e varandas são enfeitadas com colchas coloridas.

A procissão é acompanhada por uma das Bandas Filarmónicas do Concelho, normalmente a da  Sociedade Filarmónica Incrível Almadense (SFIA).

A relíquia que os párocos normalmente levam nas mãos, contém um pedaço da Cruz de madeira onde Cristo foi crucificado.

© Júdice Pragana / Revista Branco e Negro 1897 / Procissão de S João em Almada.

Um pouco de História:

Na Ramalha são referenciadas festas populares dedicadas a Santo Antão desde o século XV, mas a procissão de S. João Baptista só integra o calendário das festividades religiosas almadenses a partir do século XVII, associada à vida rural e à protecção dos campos por onde o santo passasse em procissão.

Após a instauração do regime republicano é proibida até 1927, ano em que é retomada, permanecendo até hoje, apesar das mudanças urbanísticas e do desaparecimento das prácticas agrícolas nestes locais.

Há duas lendas associadas aos festejos almadenses em honra de S. João. Uma relata um caso de amor entre um soldado cristão das tropas do rei D. Afonso Henriques, e uma bonita princesa moura, que acabaria por provocar uma batalha entre portugueses e mouros, na Ramalha (antiga Alvalade), que teria contado com a ajuda de S. João, na vitória lusitana.

A segunda, fala também de uma batalha no tempo de D. Sancho I. Ocupado com a reconquista do território travou uma batalha contra MIramolim de Marrocos e vence, mais uma vez com as boas graças de S. João.

Associada a esta lenda e à procissão era organizado também um arraial, um desfile de carroças e galeras,  que engalanadas com canas verdes e flores campestres ransportavam pessoas e merendas, acompanhados por ranchos de foliões, que se faziam acompanhar por músicos das bandas das colectividades de Almada e animavam a festa. 

Estes festejos pagãos das colheitas realizaram-se até aos anos sessenta do século passado. 

Segundo algumas crónicas, o seu fim esteve ligado aos desacatos provocados pelo consumo excessivo de vinho da região, que fazia com que algumas rivalidades locais viessem ao de cima, e a festa acabasse quase sempre da pior maneira.

Sofia Quintas

Directora e jornalista do Almada Online

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