Utentes da Transtejo e Soflusa em protesto
"Não podemos estar dependentes de uma lotaria de transportes para nos deslocarmos para o emprego", defendem os utentes dos barcos que atravessam o Tejo. Constrangimentos são "uma constante diária".
Os utentes do transporte fluvial que liga a margem Sul a Lisboa realizaram hoje, Terça-Feira dia 17 às 17h, uma concentração na estação do Cais do Sodré em protesto contra os constantes constrangimentos no serviço.
O protesto foi organizado pela CUCS – Comissão de Utentes do Cais do Seixalinho (Montijo), do Seixal, Barreiro e Almada que, em conjunto, decidiram chamar a atenção para os problemas que as ligações têm tido nos últimos tempos.
A acção desta tarde marca “uma nova fase” de protestos, perante uma empresa que, denuncia a CUCS, “continua sem um Plano de Manutenção estabelecido”. Daí decorre, que, “cada vez mais frequentes, as avarias numa frota envelhecida e com deficiente Manutenção de Continuidade se traduzam em situações de, por vezes, haver mais navios em reparação do que a navega”, levando a “enormes e gravíssimos” prejuízos para todos os utentes da Margem Sul do Tejo.
Em declarações à agência Lusa, Paulo Soares Jorge da Comissão de Utentes do Cais do Seixalinho, explicou que desde 22 de Dezembro, que os constrangimentos são uma constante diária, colocando os utentes numa situação complicada face aos seus empregos.
“Há pessoas que nunca sabem quando terão o próximo barco e não podemos estar dependentes de uma lotaria de transportes para nos deslocarmos para o emprego”, disse, adiantando que algumas pessoas já perderam os seus trabalhos e outras estão com graves problemas laborais devido a este problema.
A Transtejo é responsável pela ligação do Seixal, Montijo, Cacilhas e Trafaria/Porto Brandão, a Lisboa, enquanto a Soflusa faz a travessia entre o Barreiro e o Terreiro do Paço, em Lisboa.
Esta Segunda-Feira, a empresa voltou a anunciar no seu site que, por motivo de constrangimentos técnicos na frota, não seria possível garantir a realização de todas as carreiras previstas nos períodos de ponta da manhã e da tarde na ligação entre o Seixal e Lisboa.
Na ligação Trafaria-Porto Brandão-Belém são constantes as avarias que levam a supressão do serviço, sendo que esta ligação é a única que neste momento transporta veículos a bordo.
Numa resposta enviada à agência Lusa no final de Dezembro, a empresa explicou que as perturbações de serviço registadas nas ligações fluviais do Montijo e do Seixal resultam de avarias inesperadas nos navios.
Paulo Soares Jorge explicou que nos últimos tempos a ligação entre o Montijo e Lisboa tem sido realizada com apenas um barco, o mesmo acontecendo entre Lisboa e Seixal. O facto de apenas existir um barco a fazer a travessia implica que só exista uma carreira de hora a hora. As duas ligações deveriam ter a operar três barcos cada. Por outro lado, frisou, os barcos que efectuam estes serviços estão a funcionar “em parcas condições”.
Entre as exigências das comissões de utentes, consta assim a recapitalização da empresa de forma a ter meios para apostar no sector da manutenção.
“Defendemos que haja uma alocação de verbas à Transtejo para no imediato haver a recuperação do sector da manutenção”, disse Paulo Soares Jorge, salientando a urgência de manter o equipamento uma vez que os barcos eléctricos anunciados ainda não estão a operar.
Segundo o representante da Comissão de Utentes do Cais do Seixalinho, os primeiros barcos eléctricos devem chegar no fim do ano e os últimos em 2025.
Em Novembro, o Governo perspectivou ter disponível a maior parte da frota elétrica de navios da Transtejo já durante o ano de 2023.
“Nós acreditamos que, durante o ano de 2023, a renovação da frota da Transtejo vai acontecer. Não sei se conseguiremos ter cá os 10 navios, mas acreditamos que grande parte dela chegará”, indicou o secretário de Estado da Mobilidade Urbana, Jorge Delgado, no parlamento. Jorge Delgado estimou que os primeiros navios eléctricos começariam a operar entre o fim de 2022 e o início de 2023, adiantando que as baterias e os postos de carregamento já estavam contratados.
Em Setembro, a Transtejo tinha anunciado que a empreitada de construção e fornecimento de estações de carregamento da nova frota eléctrica de navios da Transtejo tinha sido adjudicada pelo valor de cerca de 14,4 milhões de euros.
Em Agosto, a empresa fez saber que a entrega dos quatro primeiros navios da nova frota eléctrica estava prevista para o período entre Dezembro de 2022 e Junho de 2023.
Em resposta a questões da agência Lusa, a administração da Transtejo-Soflusa explicou que, dos 10 navios eléctricos, que representam um investimento de 52,4 milhões de euros, quatro estão previstos ser entregues “entre Dezembro de 2022 e Junho de 2023”, outros quatro “chegarão até final do ano de 2023 e os últimos dois navios, que completam o projecto, serão recebidos em 2024”.
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