Transtejo volta a prolongar ajuste de horários até 17 de Outubro

Redução de cerca de 30% na linha Cacilhas - Cais do Sodré mantém-se há mais de dois anos. Renovação da frota atrasada em mais de um ano.

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A Transtejo voltou a anunciar no seu site que “dada a persistência dos constrangimentos operacionais, o actual horário aos dias úteis, na ligação fluvial de Cacilhas, mantém-se em vigor até ao dia 17 de Outubro”. Este prolongamento no ajuste de horários dura há quase dois anos e meio, como se pode constatar pelo histórico de avisos da transportadora fluvial.

Numa ligação que é um dos meios mais importantes de transporte da população do concelho de Almada para Lisboa, significou na práctica uma diminuição em cerca de 30% na oferta de transportes públicos fluviais, que se mantém desde Maio de 2023, reduzindo a mobilidade dos almadenses, tornando-se também um incentivo à utilização do transporte individual, com consequências nefastas nas metas de sustentabilidade ambiental e descarbonização, para além de elevar os custos das deslocações da população de Almada.

Esta é uma notícia que já não o é pela sua repetição, mas no Almada Online fazemos questão de a salientar, até que a Transtejo admita que apesar de ter uma frota nova – que ainda não foi inaugurada oficialmente, e sobre a qual são reportados problemas frequentes no carregamento das baterias, nos programas de software utilizados e que se encontra em “fase de testes” desde que chegaram os novos navios -, a perda de mobilidade fluvial dos almadenses foi reduzida, não havendo previsões sobre quando será retomada.

Segundo a Comissão de Utentes de Transportes da Margem Sul, “a Transtejo Soflusa cancelou 12 mil ligações fluviais entre Lisboa e a Margem Sul” até ao final do mês de Setembro deste ano, ultrapassando o período da Covid-19. Este é um valor que, desde 2020 nunca baixou das 11 mil, quando em 2019 rondavam as 3 mil supressões anuais.

Ponto de situação na renovação da frota da Transtejo

A operação de renovação da frota da Transtejo, iniciada em 2019, tinha inicialmente previsto um investimento de 57 milhões de euros (ME) e um custo de manutenção anual de 33 ME, totalizando cerca de 90 ME. Neste momento o investimento situa-se nos 96,6 ME (+ 69,5%) e a manutenção nos 29 ME (- 4 ME) anuais, totalizando 125,6 ME. A sua derrapagem até ao momento é de 35,6 ME (+39,5%).

O prazo previsto para que a nova frota eléctrica da Transtejo estivesse a funcionar – com estabilidade e regularidade, tendo os 10 navios e cinco estações de carregamento eléctrico operacionais – era o segundo semestre de 2024. Até ao momento, a nova frota encontra-se ainda em testes e com muitas falhas. Assim, toda a operação está com um atraso de cerca de um ano.

Neste momento apenas três navios se encontram na posse definitiva da Transtejo, estando os restantes em fase de testes. Cada unidade exige um período experimental de um mês, seguido de certificação obrigatória, processo que pode demorar vários meses.

A Presidente da Transtejo, Alexandra Ferreira de Carvalho, afirmou numa reunião com a Comissão de Utentes dos Transportes Públicos do Seixal (CUTPS), realizada a 11 de Junho passado, que o navio Cegonha Branca está oficialmente “avariado” devido a um acidente ocorrido a 6 de Janeiro. Assim, apenas dois navios eléctricos estão ao serviço da transportadora fluvial.

Na mesma reunião foi também admitido por Alexandra Ferreira Carvalho, que o contrato de manutenção actual, referente à nova frota eléctrica, com a ABB Espanha é tecnicamente frágil, qualificando-o como “amador”. A presidente também informou a CUTPS que a empresa herdou, em 2023, um passivo de 200 ME, o que tem condicionado severamente os investimentos, nomeadamente na reparação da frota a diesel e na contratação de pessoal técnico (marinheiros, electricistas e mecânicos).

Foi ainda referido que a Transtejo tem sido penalizada com coimas por incumprimento do contrato de serviço público, cuja revisão está prevista para Fevereiro de 2026, estando prevista a introdução de melhorias no respectivo enquadramento legal.

O Almada Online enviou várias questões sobre a diminuição do serviço entre Cacilhas e Lisboa, as interrupções frequentes entre a Trafaria e Belém e a nova frota eléctrica de navios à Transtejo, nunca tendo obtido respostas.

Sofia Quintas

Directora e jornalista do Almada Online

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