Almada | “A bunda preta da Chuvinha” ou a Balada da Margem Sul

A peça estará em cena na Sala Principal do TMJB até 1 de Dezembro, de Quinta a Sábado, às 21h, e Quartas e Domingos, às 16h

A Companhia de Teatro de Almada (CTA) estreia no dia 8 de Novembro, a sua nova criação “A bunda preta da Chuvinha”, com texto e encenação de Rodrigo Francisco e música de Afonso de Portugal.

Chuvinha é o nome artístico de uma cantora cujo estilo musical se situa entre o afro-beat e o hip-hop. Estamos num estúdio de gravação e, para desespero dos produtores, a própria Chuvinha tarda em chegar à sessão: será que vai comparecer? Os músicos que a acompanham já estão a postos, e vão-se entretendo com picardias entre si.

A identidade destes jovens é construída à imagem das figuras que veem na televisão e que ‘seguem’ nas redes sociais. Os seus heróis são os músicos anti-sistema cuja imagética reproduzem como podem, e que não fazem mais do que instigá-los à revolta, sem lhes apontarem caminhos. As referências destes rapazes não vão muito além dos subúrbios em que cresceram. Querem expressar-se, mas não sabem como: falam de si próprios na terceira pessoa, como os jogadores de futebol. E, no entanto, todos ambicionam o êxito, sem que algum deles seja capaz de concretizar o que os faz sonhar, para além, claro, das roupas de marca, das jóias espampanantes, e dos carros potentes em que desfilam os seus ídolos nos telediscos.

A dada altura Chuvinha entra de roldão pelo estúdio adentro, escoltada por um polícia. Esta peça é também sobre as peripécias e as tensões que envolvem a gravação do seu hit mais ‘poderoso’: A bunda preta da Chuvinha. E ainda sobre o desastre, que assalta estes jovens quando as suas frustrações fazem com que a raiva cresça de forma incontrolável — e não atinja o alvo certo.

“Ouve, mano, a malta do gueto há-de safar-se. Sempre safou. Enquanto eles precisarem de mulheres da limpeza, e de caixas de supermercado, e de cenas p´ra fumarem lá nas festinhas deles, e da música que a gente faz p’ra eles dançarem… ‘Tá-se bem, mano. Se a gente não ‘samos’ capazes de ter também as nossas ‘curtes’, o que é que levamos desta vida?”. Fala de Tó Curtes, em “A bunda preta da Chuvinha”

Rodrigo Francisco inspirou-se numa das mais célebres peças do dramaturgo norte-americano August Wilson (1945-2005) para nos contar uma”‘balada da Margem Sul”, com bastante música tocada ao vivo e um elenco que inclui alguns dos actores que o têm acompanhado em criações anteriores.

O espectáculo, será acompanhado pelas habituais Conversas com o Público, nos sábados, dias 9, 16, 23 e 30 de Novembro, às 18h, no foyer do TMJB. Veja aqui o programa.

No dia 8 inaugura também a exposição “Manter a Memória do Dia da Liberdade“, uma co-apresentação do Arquivo Ephemera e da CTA, com documentação de José Pacheco Pereira e Rita Maltez, e Concepção plástica de José Manuel Castanheira. A exposição, englobada ainda no âmbito das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril de 1974, estará patente ao público até dia 22 de Dezembro, de Quinta a Sábado das 19h às 21h30, e aos Domingos das 13h às 19h.

©Rui Carlos Mateus / CTA / “Ouve, mano, a malta do gueto há-de safar-se. Sempre safou.”

Ficha Técnica:

Companhia de Teatro de Almada
Texto e encenação: Rodrigo Francisco
Música: Afonso de Portugal
Texto original: “Ma Rainey’s Black Bottom”, de August Wilson
Interpretação: Afonso de Portugal, Anilson Eugénio, Diogo Bach, Djucu Dabó, Duarte Grilo, Erica Rodrigues, Ivo Marçal, João Cabral, João Farraia e Pedro Walter
Cenografia e figurinos: Céline Demars
Assistência de cenografia e figurinos: Ricardo Varela
Desenho de luz: Guilherme Frazão
Dramaturgia: Lourenço Macedo
Duração: 90 min.
Classificação: M/14

Preço: entre 6,50€ e 13€ (Clube de Amigos: entrada livre)

Comprar Bilhete

Sofia Quintas

Directora e jornalista do Almada Online

, , , , , , , , , , , , , , , , , , ,