Almada | Casa da Cerca celebra hoje 29 anos

No seu 29º aniversário a Casa da Cerca tem várias actividades ao longo do dia de hoje.

Foi a 18 de Novembro de 1993 que a Casa da Cerca abriu as portas como equipamento cultural municipal. Desde então a missão deste projecto tem vindo a ser desenvolvida em torno da investigação e da divulgação da Arte Contemporânea, do Desenho, da Botânica e do Património.

A Casa da Cerca – Centro de Arte Contemporânea celebra hoje 29 anos. Para assinalar esta data tem um programa especial. Às 11h realiza-se a 33.ª aula debaixo das árvores, com Marta Wengorovious. Às 15h há uma conversa sobre as “Origens do Palácio da Cerca”, com os investigadores Rui Mesquita Mendes, Luís Barros e Hélder Carita, com moderação de Sílvia Moreira. A oficina “Experiências de tinturaria vegetal”, com o Coletivo Siroco (que se encontra esgotada) acontece das 15h às 17h.

A celebração do aniversário da Casa da Cerca inicia-se às 11h, com o fecho de um projecto de residência – “um, dois e muitos” de Marta Wengorovius, no Chão das Artes no Jardim Botânico. Durante o ano de 2020, Wengorovius reflectiu sobre o Jardim da Casa da Cerca e partilhou um conjunto de exercícios para redescobrir isoladamente, a dois ou colectivamente, as cores onde elas façam falta. Esta aula é aberta a todas as idades e não requer inscrição prévia.

Às 15h “As Origens do Palácio da Cerca” vão ser o tema da conversa com os investigadores Rui Mesquita Mendes, Luís Barros e Hélder Carita, com Moderação de Sílvia Moreira. Actualmente uma equipa de investigadores encontra-se a trabalhar sobre as várias áreas que compõem o património material da Casa e, da antiga quinta de recreio. Como resultado, a reconstituição do seu passado tem sido acelerada e aprofundada – pela partilha de pesquisas autónomas de investigadores locais e associados a projectos de investigação académica, pelo cruzamento de dados, pela consulta de arquivos e pela descoberta de fontes inéditas que esclarecem dúvidas e clarificam mitos. Algumas dessas fontes são, por exemplo, registos do ano 1581, no tempo em que a Casa acolheu, por quinze dias, rei D. Filipe II (Filipe I de Portugal), e que também sugerem ter sido aposento do rei D. Sebastião. Estes novos dados, de grande relevância para a historiografia da Casa da Cerca, serão divulgados nesta conversa aberta a todos aqueles que desejem conhecer melhor este património municipal.

Das 15h às 17h a oficina “Experiências de tinturaria vegetal” é dirigida às famílias que desejem dar os primeiros passos na arte da tinturaria vegetal.  É orientada pelo Coletivo Siroco no âmbito do seu projecto Malva, que está a ser desenvolvido no Jardim Botânico durante a sua Residência Artística 2022. Será usada a técnica de eco-print e as plantas do jardim como material tintureiro.

Um pouco de história da Casa da Cerca

A Casa da Cerca, localizada na zona mais antiga de Almada, junto de uma das cercas, é uma construção dos séc. XVIII-XIX, a partir de outra anterior, que foi ampliada após a ocupação de Almada pelas tropas francesas chefiadas por Junot. A Casa insere-se no Palácio da Cerca, considerado o maior a mais característico exemplar de arquitectura civil setecentista de Almada, com influências Barrocas e Românticas.

O solar é constituído pela parte residencial (r/c e 1º andar), pátio de entrada com portão em ferro, arrecadações, capela (com painéis de azulejos dos inícios do século XVIII, atribuídos ao Mestre P.M.P), cisterna, jardins e área de cultivo.

A Quinta da Cerca ocupa uma área de 14.000m2 e, foi composta inicialmente, por logradouro, terras de semeadura, vinhas, horta, pomar e jardins. É ainda cercada por muros altos e a frente Norte tem dois muros e uma muralha visíveis de Lisboa.

A casa serviu em data desconhecida de retiro de dominicanos. Em 1807 serviu de aquartelamento de tropas francesas. Em 1892 a casa está registada em nome de Amélia d’Almeida Campos Pereira. Em 1915 foi adquirida, no decurso de partilhas entre famílias, que passa para o filho do casal, Francisco Maria de Andrade, onde vive até aos anos 50 .

Na década de 50 a casa é adquirida por Pedro Teotónio Pereira, embaixador de Portugal em Londres e integrado na família Andrade, pela importância de um milhão de escudos. Em 1970 a propriedade é comprada pela família Barahona da Cruz e Silva pela importância de 4 milhões e 200 mil escudos. Em 1974 encontrava-se abandonada, tendo sido ocupada por alguns serviços do hospital de Almada. Em 1983 houve um projecto para transformação do local num empreendimento turístico, que não foi aprovado pela Câmara. A 6 de Fevereiro de 1985 foi feita uma proposta de classificação do Centro de Arqueologia de Almada. Em 1988, a quinta é adquirida pela Câmara Municipal de Almada. Em 1989 foi reutilizado o seu espaço para a realização da VI Festa do Teatro de Almada.

Entre Fevereiro de 1991 a Junho de 1993 a Câmara Municipal realizou profundas obras de recuperação, mantendo sempre a sua traça original. Recuperada e adaptada aos fins expositivos a que se destinava, com um programa delineado pelo seu primeiro director, o pintor Rogério Ribeiro, abriu ao público em 1993, como Centro de Arte Contemporânea. Dispõe de Salas de Exposição, um Centro de Documentação e Informação e um Jardim Botânico, denominado “O Chão das Artes”. A primeira exposição incidiu sobre um núcleo da obra de Amadeo de Souza-Cardoso. Em 1996, foi classificado como Imóvel de Interesse Público.

A divulgação do Desenho contemporâneo, em todas as suas vertentes, é, desde então, a sua principal função.

Sofia Quintas

Directora e jornalista do Almada Online

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