Almada | Diário de uma República
A exposição fica patente ao público de 4 de Janeiro a 23 de Fevereiro, de Quinta a Sábado das 19h às 21h30, e Domingos das 16h às 19h
A exposição de fotografia “Diário de uma República”, é inaugurada a 4 de Janeiro às 19h, na Galeria de Exposições do Teatro Municipal Joaquim Benite (TMJB). A entrada é livre.
“Diário de uma República”, é um projecto criado pela companhia de teatro Amarelo Silvestre, que tem por objectivo estrear a cada ano ímpar, uma peça de teatro baseada em fotografias de Augusto Brázio e Nelson D’Aires.
Este é um projecto de Teatro e Fotografia sobre as pessoas e os territórios da República entre 2020 – 2030. Que Teatro se fará a partir do que se vê? É um olhar-ver artístico, sobre o que vão sendo as pessoas e as paisagens de Portugal ao longo de uma década.
A primeira criação, inaugurou em 2021 com o tema Justiça. Em 2023 a segunda criação dedicou-se ao Trabalho. “Diário de uma República” mostra algumas das fotos das duas primeiras criações, e lança o mote para a terceira, dedicada à Habitação. A Habitação, nas suas múltiplas questões públicas, privadas, políticas, será a matéria teatral da próxima edição.
“Teatro e Fotografia dedicado à Habitação porque este é um dos temas contemporâneos mais decisivos para o presente e para o futuro das pessoas. A Habitação é a Casa, é o sítio aonde, no final do dia, todos voltam. Não tendo acesso ou direito a Casa, as pessoas ficam privadas de voltar. Habitação porque a Casa passou a ser um negócio como nunca foi. A Casa é um produto e não um tecto com paredes, portas e janelas. Habitação porque quase não há casas para comprar ou arrendar. Habitação porque as casas que existem para comprar ou arrendar têm preços proibitivos. Habitação porque a Casa passou a cavar ainda mais fundo o fosso entre ricos e remediados. Habitação porque as pessoas deixam de poder decidir onde querem viver, onde querem passar tempo. Habitação porque as pessoas deixam de poder sonhar. Habitação porque há falta de mão-de-obra, mas as pessoas não podem aceitar um trabalho numa localidade onde não podem viver. Habitação porque os jovens ficam privados de ir estudar para as melhores Universidades, localizadas nas grandes ou médias cidades, porque não têm Casa aonde voltar no final do dia. Habitação porque há casais que, já separados, têm de permanecer juntos debaixo do mesmo tecto. Habitação porque pais e filhos adultos permanecem a viver juntos sem o desejarem. Habitação porque os filhos adultos, permanecendo a viver com os pais, mais dificilmente se tornarão pais. Habitação porque o futuro das pessoas, sem Casa, fica hipotecado.”, pode ler-se no manifesto do projecto da Amarelo Silvestre.
No início do ano, Augusto Brázio fará uma residência fotográfica em Almada, que servirá de base para uma peça dedicada ao tema da Habitação, a apresentar na próxima edição do Festival de Almada.
Augusto Brázio (Serpa, 1964), tem um percurso na área da fotografia desde os anos 90, tendo vários livros publicados. Ganhou em 2008 o primeiro prémio Fotojornalismo Visão/BES, foi membro do Colectivo Kameraphoto, e um dos 13 fotógrafos portugueses escolhidos para o programa Entre imagens, da RTP. Conta com exposições em Lisboa, Porto, Paris, Bruxelas, entre muitas outras cidades.
Nelson d’Aires (Vila do Conde, 1975) estabelece-se como fotógrafo independente em 2006. Foi membro do colectivo Kameraphoto entre 2006 e 2014. Entre 2009 e 2012 colaborou como fotojornalista nalguns títulos da imprensa portuguesa e estrangeira, com alguns trabalhos premiados, destacando-se em 2011 o Prémio Internacional de Fotojornalismo Estação Imagem. Urdidura é o seu último livro individual, integrado no projeto Viagens na minha terra.
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