Almada | Godard Cinema
Um documentário de Cyril Leuthy, que pode ser visto dia 14 de Fevereiro às 21h, no Auditório Fernando Lopes-Graça
Jean-Luc Godard fez mais de 140 filmes. O seu trajecto tinha um sentido apenas: uma renovação constante da sua arte. Godard via o acto de criação como um gesto necessário de crítica e desconstrução. “Sou um homem positivo que parte do negativo”, afirmava. A sua aura distinta marcou não apenas os seus filmes que se tornaram lendários, mas também a sua figura pública sempre envolta em mistério. Ao longo dos anos, reinventou-se, para de seguida destruir tudo e começar de novo, explorando sempre as potencialidades da imagem em movimento. Neste documentário, Godard fala sobre Godard, as suas experiências, obsessões e descobertas ao longo de décadas de trabalho constante. Afinal de contas, uma vez escreveu: “Tudo pode ser filmado. Tudo deveria ser filmado.”
O documentário de Cyril Leuthy tenta levar-nos para além dos clichés de um mito, que por vezes se tornou caricatural e, dar-nos a conhecer um homem mais sentimental do que parece. Um homem habitado e, às vezes, ultrapassado pela sua arte. Leuthy segue os enigmas da “personagem pública” através da sua obra e vice-versa.
Embora não se trate de uma biografia, esta é uma investigação e compilação documental, com muitas imagens de arquivo com a presença de Godard, desde os mais remotos tempos, a que se juntam abundantes excertos dos seus filmes, que cobrem todas as épocas e fases da sua obra e, da sua vida. “Como voltar a falar de Godard? Como apresentar Godard à geração que tem hoje 20 anos?”, foram duas preocupações que nortearam o trabalho de Leuthy.
“O que mais me motiva em Godard é que ele autoriza tudo: liberta os outros cineastas, liberta-os para que se possam atrever a arriscar, a tentar e a desafiar hábitos. Fazer este filme significou explorar um artista que, mais do que muitos outros, tem uma verdadeira fé na sua arte. Para navegar neste oceano de ideias, filmes e arquivos, foi preciso seguir um caminho: permanecer humilde e dar voz às pessoas que o conheciam. O filme é mais sobre o homem do que sobre o seu cinema, mas quando se trata de Godard, o cinema e a vida fundem-se, embora no final, o filme também fale de cinema.”, disse Cyril Leuthy na estreia do seu documentário.
Pensado e concebido em vida do realizador franco-suíço e com a sua tácita aprovação, teve as primeiras apresentações públicas em Setembro de 2022, no Festival de Veneza, em involuntária simultaneidade com a morte de Godard, que morreu no dia 13 desse mesmo mês.
“Qual é o seu objectivo?”, perguntaram um dia a Godard. A resposta foi imediata “Ser imortal e depois morrer”.
Ficha Técnica:
Título original: Godard, seul le cinéma
Realização: Cyril Leuthy
Argumento: Cyril Leuthy
Produção: Cathy Palumbo, Victor Robert
Elenco: Jean-Luc Godard, Macha Méril, Thierry Jousse, Alain Bergala, Marina Vlady, Romain Goupil, David Faroult, Julie Delpy, Daniel Cohn-Bendit, Gérard Martin, Nathalie Baye, Hanna Schygulla, Dominique Païni
Música: Thomas Dappelo
Fotografia: Gertrude Baillot, Thomas Dappelo
Edição: Philippe Baillon, Cyril Leuthy
Género: Documentário
Origem: França
Ano: 2022
Duração: 101 min.
Classificação: M/12
Preço: 3,00€ com desconto de 50% para jovens e seniores
Contacto da Bilheteira do AFLG
Tel.: 212 724 922 | auditorio@cm-almada.pt
Horário: Quarta a Sábado 10h – 13h | 14h30 – 18h
um hora antes do espectáculo