Almada | Isabel Rio Novo é a vencedora do prémio literário Cidade de Almada 2024

Rui Cerqueira Coelho venceu o Prémio Literário Maria Rosa Colaço

A cerimónia de entrega dos prémios literários anuais promovidos pela Câmara Municipal de Almada (CMA), decorreu no Sábado 23 de Novembro, integrada na comemoração do 27.º aniversário da Biblioteca Central de Almada e do Fórum Municipal Romeu Correia.

Este ano, apresentaram-se a concurso 65 obras originais, de autores de vários pontos do país. Isabel Rio Novo venceu a 36ª edição do prémio literário Cidade de Almada com o romance original “A matéria das estrelas”. Rui Cerqueria Coelho, com o romace juvenil original “A colina”, foi o vencedor da 19ª edição do Prémio Literário Maria Rosa Colaço.

“A entrega dos Prémios Literários Cidade de Almada e Maria Rosa Colaço é mais do que um momento de distinção individual – é um marco no compromisso de Almada com a cultura, a criação artística e a valorização do talento literário.”, disse a presidente da CMA, nas suas redes sociais.

Este ano foram atribuídos ambos os prémios excepcionalmente, e não apenas um como é habitual, no âmbito do programa municipal da celebração dos 50 anos do 25 de Abril de 1974.

“A matéria das estrelas”, de Isabel Rio Novo

O júri descreveu “A matéria das estrelas”, de Isabel Rio Novo, como uma “obra de um notável fôlego narrativo (…) servido por uma linguagem apuradíssima.”

Para Inês de Medeiros, “este livro, de grande profundidade e beleza, não só reafirma o seu talento como autora, mas também nos desafia a reflectir sobre o lugar da memória, da ciência e da poesia na construção das nossas narrativas pessoais e colectivas.”

O romance é narrado por um médico que tenta decifrar o mistério da doença, que suspende e oblitera o futuro de um jovem cadete da Marinha, condenado a uma não-vida que se prolonga durante décadas É uma investigação existencial, feita a partir dos rastos e indícios deixados por Jacinto (fotografias, cartas, memórias da família, livros, amigos), naquilo a que se poderia chamar a meticulosa anatomia de uma ausência, ou a melancólica contemplação de uma cratera. No reverso deste vazio, encontra-se um retrato vívido de Portugal nas décadas de 60 e 70, com segredos abafados, reflexões sobre o poder da ficção, e um diálogo feliz com a História da expansão marítima portuguesa, em particular com a figura de Bartolomeu Dias, na sua demanda de um dia chegar finalmente à Índia, depois de ter aberto o caminho para os navegadores futuros, ao contornar pela primeira vez o Cabo das Tormentas.

Isabel Rio Novo nasceu no Porto, onde se doutorou em Literatura Comparada. Levciona Escrita Criativa e outras disciplinas no âmbito da literatura, cinema e outras artes, sendo autora de diversas publicações académicas nesses campos. Enquanto ficcionista, é autora da narrativa fantástica “O Diabo Tranquilo” (2004), a partir de poemas de Daniel Maia-Pinto Rodrigues, da novela “A Caridade” (2005, Prémio Literário Manuel Teixeira Gomes), do livro de contos “Histórias com Santos” (2014) e dos romances “Rio do Esquecimento” (2016, finalista do Prémio LeYa e semifinalista do Prémio Oceanos), “A Febre das Almas Sensíveis” (2018, finalista do Prémio LeYa) e “Rua de Paris em Dia de Chuva” (2020, finalista do Prémio Europeu de Literatura e do Prémio de Narrativa do PEN Clube). Em 2019, publicou “O Poço e a Estrada”, uma biografia de Agustina Bessa-Luís.

©Luís Filipe Catarino / CMA / A presidente da CMA, Inês de Medeiros, com Rui Cerqueira Coelho.

“A Colina”, de Rui Cerqueira Coelho

Na obra “A Colina”, o júri destacou as “diferentes camadas de entendimento que nos traz – a reflexão sobre a infância e o tempo enquanto garantes de uma eternidade”, e também “a forma como gere temas tão complexos numa linguagem que, quase surpreendentemente, nos faz deles ter o esquecimento e a lembrança necessários.”

“Um trabalho que nos transporta para um universo infantojuvenil cheio de sensibilidade.”, declarou a presidente da CMA.

Esta é a história de uma criança que adoece, depois outra, depois uma colina e, por fim, uma avó. As ideias precisam de tempo para crescerem, sobretudo as mais disparatadas. Cada coisa tem o seu tempo e não se apressa nada a fazê-lo, nem sequer bolos, muito menos ideias.

Natural de Viana do Castelo, Rui Cerqueira Coelho estudou biologia e trabalhou como guia de natureza no Parque Nacional da Peneda-Gerês. Em 2016, ganhou o Prémio Literário Nortear com a obra “Nós, arquipélago”. Em 2019, com o livro “A migração das alforrecas” foi o vencedor da categoria infantil do Prémio Literário Branquinho da Fonseca, atribuído pelo Jornal Expresso e pela fundação Calouste Gulbenkian.

Cada um dos vencedores recebeu um prémio no valor de 5 mil euros.

Sofia Quintas

Directora e jornalista do Almada Online

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