Almada | O Jovem Xamã

Um filme de Lkhagvadulam Purev-Ochir em exibição no Auditório Fernando Lopes-Graça, dia 2 de Abril às 21h

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O filme conta a história de Ze (Tergel Bold-Erdene), um rapaz de 17 anos, que tem muito em comum com qualquer adolescente de um qualquer lugar do mundo. Contudo, há algo nele que o distingue da maioria: ele é um importante xamã na sua comunidade, Ulan Bator, a capital da Mongólia. Ajuda a prever o “futuro” e tenta dar respostas quando encarna o espirito do seu avô, enquanto ajuda a família com este dinheiro extra. Habituado desde cedo a uma vida regrada e a assumir as responsabilidades de líder espiritual, aceitando todas as restrições que isso implica na sua vida, tudo se altera quando conhece Maralaa (Nomin-Erdene Ariunbyamba), quando é chamado pela sua família para prever se a sua operação ao coração irá correr bem. A jovem desperta nele a liberdade da paixão e a vontade de viver algo que nunca viveu. O seu comportamento começa a mudar e nem tudo é bem aceite pelos professores ou pela família, mas Ze já iniciou o seu novo caminho e muitas questões vão ser descobertas e respondidas de formas nunca antes pensadas. Ze começa a ver o mundo de um modo totalmente diferente.

A realizadora Lkhagvadulam Purev-Ochir estreia-se nas longas metragens com este drama sobre tradição e modernidade, as formas de preservar uma coisa sem apagar a outra, que fez história por ser a primeira longa-metragem mongol a integrar os festivais de cinema de Toronto e também de Veneza, onde o jovem actor Tergel Bold-Erdene, que representa o protagonista, arrecadou o prémio de melhor actor. Foi também a submissão oficial da Mongólia à 96ª edição dos Óscares de 2024, para na categoria “Melhor Filme Internacional”.

“Estava à espera, à porta do apartamento depois do ritual xamânico e chegou um rapaz jovem, mais novo do que eu — com os dois braços preenchidos com tatuagens — e ele pegou no telemóvel e começou a ver um vídeo.”, recordou Purev-Ochir na estreia do filme. “Era o xamã! Nesse momento consegui visualizar, de forma imediata, as primeiras imagens do filme, a história de um xamã que, aos poucos, vai perdendo a sua própria máscara para revelar este jovem por detrás de um espírito ancião.”

“Era muito importante para mim que o tópico da “tradição versus modernidade” não fosse retratado de forma dualista, dialética. (…) Não é assim que me sinto como jovem mongol. Sinto-me bastante confortável em ser moderna e tradicional ao mesmo tempo. Este facto apenas enriquece a minha vida, tanto no meu mundo exterior como interior.”, acrescentou.

Este é um retrato de uma Mongólia actual, que vive entre a cultura ancestral e a modernidade, ainda que encapsulada por um regime restrictivo e machista, onde o afecto aberto e as emoções são camuflados.

Nascida em Ulan Bator, a cineasta Lkhagvadulam Purev-Ochir vive em Portugal desde 2018, após ter concluído o mestrado em guionismo do qual nasceu este filme.

©DR / Ze (Tergel Bold-Erdene) conhece conhece Maralaa (Nomin-Erdene Ariunbyamba) e a sua vida muda.

Ficha Técnica:

Título original: Ser ser salhi / City of Wind
Realização: Lkhagvadulam Purev-Ochir
Argumento: Lkhagvadulam Purev-Ochir
Produção: Katia Khazak, Charlotte Vincent
Elenco: Tergel Bold-Erdene, Nomin-Erdene Ariunbyamba, Anu-Ujin Tsermaa, Bulgan Chuluunbat, Ganzorig Tsetsgee, Myagmarnaran Gombo, Tsend-Ayush Nyamsuren
Fotografia: Vasco Viana
Música: —
Edição: Matthieu Taponier
Género: Drama, Romance
Origem: Mongólia, França, Países Baixos, Portugal, Alemanha, Suíça
Ano: 2023
Duração: 104 min.
Classificação: M/12

Preço: 3,00€ (desconto de 50% jovens e séniores).

Sofia Quintas

Directora e jornalista do Almada Online

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