Arsenalistas preocupados com situação do estaleiro
Trabalhadores exigem reunião com ministro Nuno Melo para saberem que medidas irão ser tomadas
A comissão de trabalhadores do Arsenal do Alfeite pediu esta Quarta-Feira, 10 de Julho, uma reunião ao ministro da Defesa para ser informada sobre as medidas que estão a ser estudadas, para resolver a actual situação financeira do estaleiro, que querem manter público.
“Ficámos preocupados quando o senhor ministro disse que tinha pedido que fosse estudada a situação do Arsenal e que as medidas podem ser controversas, e aí ficámos muito preocupados com o que é que o Governo poderá querer fazer com o Arsenal porque só faz sentido um Arsenal do Alfeite público, ao serviço do país, dos trabalhadores e da Marinha”, disse à Lusa António Pereira, membro da comissão de trabalhadores.
Os trabalhadores do Arsenal do Alfeite reuniram-se Quarta-Feira em Plenário Geral em frente ao Ministério da Defesa, para exigir a realização da reunião, solicitada há três meses pelo STEFFAs – Sindicato dos Trabalhadores Civis das Forças Armadas e Empresas de Defesa e pela Comissão de Trabalhadores do Arsenal do Alfeite, que não obteve ainda resposta. A concentração e o plenário contaram com a participação de Luís Leitão, coordenador da União de Sindicatos de Setúbal da CGTP-IN, e de Tiago Oliveira, Secretário-Geral da CGTP-INO.
Durante o Plenário foi aprovada, por unanimidade e aclamação, uma Resolução dirigida ao Ministro da Defesa Nacional, entregue no Ministério por uma delegação de membros do STEFFAs e da Comissão de Trabalhadores do Arsenal do Alfeite. O objectivo desta resolução é saber que medidas estão a ser estudadas para resolver a situação do estaleiro, que o governante centrista disse ter recebido “tecnicamente falido”. Os trabalhadores também exigem por parte do Governo investimento em meios de docagem, equipamentos, modernização de oficinas e ferramentas, e a admissão de mais trabalhadores.
António Pereira salientou que os trabalhadores não sabem que medidas estão a ser analisadas mas rejeitou uma eventual privatização: “Não queremos que seja a solução para um estaleiro que tem como cliente potencial a Marinha, aqui até está em causa a questão da soberania nacional”. O membro da comissão de trabalhadores realçou que “o diagnóstico está feito”, falta um governo “que queira de facto de uma vez por todas investir no Arsenal”.
António Pereira alertou que o estaleiro necessita de meios humanos, uma vez que conta actualmente com 400 trabalhadores que frequentemente são deslocados para “grandes projectos” mais demorados, reparações urgentes da Marinha, o que prejudica o cumprimento de prazos.
Além de serem apenas 400, os arsenalistas têm uma média étaria que ronda os 50 anos, e alguns dos trabalhadores mais experientes poderão pedir a reforma, sem conseguir passar os conhecimentos técnicos a trabalhadores novos, admitidos recentemente, mas ainda em quantidade insuficiente, salientou António Pereira.
Os trabalhadores aguardam agora que o ministro da Defesa, Nuno Melo, que se encontra nos Estados Unidos no âmbito da cimeira da NATO, os receba. Recorde-se que no passado dia 25 de Junho, o ministro da Defesa Nacional afirmou que recebeu o Arsenal do Alfeite “tecnicamente falido” e que contraiu empréstimos de cerca de dois milhões de euros para pagar salários e cumprir obrigações fiscais.
“Recebemos um Arsenal do Alfeite tecnicamente falido, com inúmeros navios retidos, muito acima do prazo previsto para a sua manutenção, causando um dano grande para o cumprir de missões, para a eficácia da Marinha Portuguesa, mas a que teremos de dar resposta”, anunciou.
Na altura, o governante e presidente do CDS-PP disse ter pedido que lhe fosse apresentado, no prazo de 30 dias, um conjunto de “possibilidades de saneamento da situação trágica financeira actual do Arsenal do Alfeite, e propostas quanto a possíveis medidas que tenham em vista um outro modelo que garanta à Marinha portuguesa o que a Marinha necessita”.
O Arsenal do Alfeite já atravessou no passado graves problemas financeiros, que chegaram a traduzir-se em atrasos nos pagamentos dos salários, e do subsídio de Natal em 2020, aos mais de 400 trabalhadores que constituem a empresa responsável pela reparação e manutenção dos navios da Marinha Portuguesa.
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