Comemorar o Dia Mundial do Teatro em Almada

No concelho que todos apelidam de capital portuguesa do teatro, a efeméride não poderia passar em branco

Almada é conhecida a nível nacional e internacional como a capital portuguesa do teatro. O concelho conta com companhias profissionais, amadoras, o Festival Internacional de Teatro de Almada (re-baptizado com o nome Festival de Almada), a Mostra de Teatro de Almada e inúmeros espaços culturais que sempre acolheram o teatro de braços abertos. Os almadenses convivem com o teatro desde tenra idade, nas escolas, em sessões infantis e infanto-juvenis, com a família e amigos. Existe no concelho um público curioso, atento, assíduo, amigo e amante do teatro.

A pensar neste público tão especial, a Companhia de Teatro de Almada (CTA) e o Teatro Extremo, as duas companhias profissionais de maior relevo e longevidade do concelho, organizaram iniciativas que celebram o 27 de Março, Dia Mundial do Teatro.

Companhia de Teatro de Almada

A CTA abrirá os seus festejos do Dia Mundial do Teatro pelas 18h no Teatro Municipal Joaquim Benite (TMJB), “de cravo na mão”, com o lançamento do décimo número da colecção “O Sentido dos Mestres”, publicação que resume a formação que o escritor Rui Cardoso Martins realizou durante a edição de 2024 do Festival de Almada e que sucede aos volumes da autoria de Luis Miguel Cintra, Peter Stein, Ricardo Pais, Juni Dahr, Olga Roriz, Hajo Schüller, Madalena Victorino, Josef Nadj e José Manuel Castanheira. O livro “Ler muito, ver espectáculos, viver mais”, com prefácio de Edmundo Cordeiro, será apresentado numa conversa a três, que Ana Água e Gonçalo Frota manterão com Rui Cardoso Martins.

PUB

À noite, pelas 21h a CTA oferece entrada gratuita na peça que se encontra em cena no TMJB, “Uma barragem contra o Pacífico“, de Marguerite Duras, com encenação de Álvaro Correia. Nas palavras de Geneviève Serreau, autora desta versão cénica do célebre romance de Duras: “Esta é a história de uma longa injustiça sempre presente no centro da acção, e contra a qual vêm embater – seja por insultá-la, por fugir dela ou por morrerem por causa dela – as três personagens principais: a mãe e os seus dois filhos, Joseph e Suzanne”. A injustiça de que fala Serreau é o colonialismo, presente neste texto em que Duras revisita a sua adolescência na Indochina francesa, no início dos anos 30 do século passado.

“Espero que com este espectáculo se possa celebrar o legado de Duras, mas também contribuir para manter viva a sua voz, permitindo que novas gerações possam experimentar a força e a beleza do seu universo. É um testemunho do poder da arte, de transcender o tempo e de continuar a ressoar em nós, mesmo décadas depois de ter sido criada”, disse Álvaro Correia, encenador da peça.

Antes da récita será lida a tradicional “Mensagem do Dia Mundial do Teatro“, difundida pelo Instituto Internacional do Teatro (International Theatre Institute – ITI), que este ano é da autoria do encenador grego Theodoros Terzopoulos.

O levantamento dos bilhetes para a peça pode ser feito a partir das 13h30, com o limite de dois por pessoas, na bilheteira do TMJB

©CTA / Este texto de Marguerite Duras é encenado pela primeira vez em Portugal pela CTA.

Teatro Extremo

PUB

O Teatro Extremo, repõe no Dia Mundial do Teatro pelas 21h30, a peça “Einstein”, que poderá ser vista no Teatro-Estúdio António Assunção (TEAA) até 29 de Março.

A sessão de dia 27, que também celebra os 31 anos da companhia e os 20 anos da peça, contará com a presença do canadiano Gabriel Emanuel, o seu autor, e do encenador e dramaturgo Sylvio Zilber, responsável pela versão premiada no Brasil. A versão portuguesa e voz off está a cabo de José Henrique Neto, a cenografia e adereços são de Arminda Moisés Coelho, os figurinos de Alice Rolo e a interpretação deste monólogo de Fernando Jorge Lopes.

A história passa-se em 1949, na noite do septuagésimo aniversário de Albert Einstein, em que este se prepara para ir a um jantar. Conversa com o público a quem revela a história da sua vida e explica as suas teorias sobre o universo, com humor e simplicidade. Ao longo da peça, fala-nos da “Teoria da Relatividade”, da sua origem judaica, da sua infância e juventude, do seu relacionamento familiar e do domínio nazi na Alemanha de 1930.

Esta peça para maiores de 12 anos, foi a 31ª criação do Teatro Extremo, estreada em 2005, que celebrou o Ano Internacional da Física e inaugurou o ciclo “EmCena a Ciência” que a companhia desenvolve com o objectivo de promover uma relação estreita entre a Arte e a Ciência junto do público, dando a conhecer a vida e obra de grandes cientistas. 

O assistente de cenografia é David Oliveira, a carpintaria de João Paulo Santos, a consultoria musical de António Rocha, o desenho de luz e direcção técnica de Celestino Verdades e o desenho de som de Sérgio Moreira.

As reservas de bilhetes, que custam 7,50€, podem ser feitas para o 212 723 660, 962 215 929 ou para o mail teaareservas@gmail.com. A bilheteira do TEAA está aberta de Quarta a Sábado entre as 15h e as 18h30 e também uma hora antes da sessão programada.

Dia Mundial do Teatro

O Dia Mundial do Teatro é comemorado desde 1962 a 27 de Março, por iniciativa do Instituto Internacional do Teatro.

Neste dia, pretende-se destacar a importância do teatro na história e cultura da humanidade, através de eventos e iniciativas organizados um pouco por todo o mundo pela comunidade teatral.

Uma das comemorações mais importantes deste dia, é a circulação da Mensagem Internacional do Dia Mundial do Teatro, através da qual, a convite do ITI, uma figura de reconhecimento mundial partilha as suas reflexões sobre o tema do Teatro e da Cultura da Paz.

A primeira mensagem internacional do Dia Mundial do Teatro foi escrita por Jean Cocteau em 1962.

Sofia Quintas

Directora e jornalista do Almada Online

, , , , , , , , , , , , , , , ,