HGO encaminha casos sem gravidade para centros de saúde
“Ligue antes, salve vidas” é o projecto-piloto que será agora alargado
Os utentes não urgentes, ou pouco urgentes, que acedam às urgência das Unidades Locais de Saúde de Almada-Seixal (ULSAS), Lezíria, Tâmega e Sousa e Barcelos-Esposende, serão encaminhados para o centro de saúde, com consulta marcada para o mesmo dia ou para o seguinte.
O Hospital Garcia de Orta, em Almada, o Hospital de Santarém, o Hospital de Penafiel e o Hospital de Barcelos vão retirar, em breve, os casos sem gravidade dos seus serviços de urgência, avança hoje o jornal “Público”.
Os doentes não referenciados e triados com pulseira verde (pouco urgente) e azul (não urgente) vão ser encaminhados para os centros de saúde locais, à semelhança da experiência realizada na Unidade Local de Saúde de Póvoa de Varzim-Vila do Conde há mais de um ano.
Com o nome “Ligue antes, salve vidas”, o projecto foi implementado pelo anterior director executivo do SNS, Fernando Araújo, com o objectivo de reduzir a utilização inapropriada dos serviços de urgência hospitalar. O projecto-piloto foi posteriormente alargado aos hospitais de Gaia (ULS Gaia/Espinho) e de Santa Maria da Feira (ULS Entre Douro e Vouga), em Março deste ano.
Os doentes que decidam na mesma ir às urgências por sua iniciativa, sem estarem previamente referenciados, vão deixar de ser atendidos nestes hospitais, mas terão sempre resposta alternativa, como uma consulta médica num centro de saúde no próprio dia ou no dia seguinte.
Existem excepções. As pessoas com mais de 70 anos, as grávidas, os doentes acamados ou em cadeira de rodas, as vítimas de trauma e as situações psiquiátricas agudas, terão sempre que ser atendidas.
Desde Janeiro, o atendimento nos serviços de urgência deve ser precedido por uma chamada para linha SNS24, que posteriormente encaminha o utente. O doente também pode ser referenciado pelo Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU), INEM, centros de saúde ou médicos.
No Hospital Garcia de Orta apenas 5% da população inscrita não tem médico de família atribuído, e quase todas as unidades dos centros de saúde são unidades de saúde familiar do modelo B. A urgência do Hospital Garcia de Orta é procurada em média diariamente por mais de 400 pessoas.
Há muitos anos que o recurso excessivo às urgências está diagnosticado em Portugal, onde os atendimentos nestes serviços ultrapassam os seis milhões por ano, quase o dobro da média dos países da OCDE. Mais de 40% são casos considerados pouco ou não urgentes.
Utentes de Almada criticam reorganização dos serviços
A associação de utentes dos serviços de saúde de Almada, garante que os centros de saúde não têm capacidade para atender os doentes sem gravidade que vão ser desviados dos hospitais.
Luísa Ramos, da associação dos utentes de Almada diz que esta solução já foi experimentada e gerou muitas queixas.
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