IGAS abre auditoria a hospitais de Almada e Barreiro
O encerramento constante das urgências de obstetrícia e ginecologia levam o inspetor-geral da Saúde, Carlos Caeiro Carapeto, a verificar se as normas de organização estão a ser cumpridas
A Inspeção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS) abriu uma auditoria aos hospitais de Almada (ULSAS– Unidade Local de Saúde de Almada-Seixal) e do Barreiro (ULSAR – Unidade Local de Saúde do Arco Ribeirinho), com início na próxima Segunda-Feira. Os inspectores querem analisar se os mapas de férias dos profissionais de saúde aprovados tiveram em conta os problemas que podem ser causados, nestas semanas de fins-de-semana prolongados. A auditoria surge à luz dos sucessivos encerramentos nas urgências de obstetrícia e ginecologia dos dois hospitais, que este fim-de-semana voltam a estar fechadas.
Hoje, 26 de Abril serão sete os serviços de urgência encerrados, e no Domingo serão oito. Novamente o distrito de Setúbal não terá nenhum serviço de urgências desta especialidade aberto durante todo o fim-de-semana.
O director executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS) disse que os constrangimentos são resultado da falta de recursos humanos nos quadros hospitalares. A auditoria vai servir para verificar o cumprimento das regras de organização que garantem a segurança e a capacidade de atendimento, mas também vai ter em conta alguns casos concretos que ocorreram nos últimos dias, como o da grávida acabou por ter o parto no corredor do Hospital Nossa Senhora do Rosário, no Barreiro.
Outro dos factores analisados vai ser a articulação que foi definida entre os hospitais e outras entidades de saúde e a definição de procedimentos para situações de contingência que possam surgir.
Dos resultados poderá ser apurada se haveria a necessidade de recorrer ao uso da faculdade prevista no artigo 243.º do Código de Trabalho, que estipula que o “empregador pode alterar o período de férias já marcado ou interromper as já iniciadas por exigências imperiosas do funcionamento da empresa, tendo o trabalhador direito a indemnização pelos prejuízos sofridos por deixar de gozar as férias no período marcado”. O período analisado na auditoria será entre 13 de Abril e 4 de Maio, que engloba as semanas com os feriados de 25 de Abril e de 1 de Maio.
Recorde-se que o acesso referenciado às urgências de obstetrícia e ginecologia foi alargado a todo o país, depois do projecto-piloto ter sido avaliado pela tutela como positivo. As grávidas devem assim contactar a Linha SNS 24 (800 24 24 24) antes de se deslocarem a estas urgências, de modo a receberem indicação da unidade de saúde adequada para onde devem encaminhar-se.
O que se passa no HGO
O Hospital Garcia de Orta (HGO), esteve cinco dias seguidos sem urgências de obstetrícia e bloco de partos, levando o autarca do Seixal a classificar este encerramento como “inadmissível”. Paulo Silva adiantou em comunicado “que este encerramento obriga as mulheres e grávidas a terem de fazer dezenas de quilómetros para serem atendidas”, dando como exemplo o caso de uma grávida que, na madrugada de Domingo passado, teve o bebé numa ambulância dos bombeiros do Seixal antes de chegar ao hospital em Lisboa, para onde tinha sido encaminhada.
“Como ficou visível, este encerramento colocou em causa a saúde da população do concelho do Seixal e teve repercussões, que só não foram mais graves devido à competência e profissionalismo dos bombeiros da Associação Humanitário de Bombeiros Mistos do Concelho do Seixal”, refere a autarquia no mesmo comunicado.
“A Câmara Municipal do Seixal tem alertado desde há vários anos para a degradação e a sobrelotação do hospital de Almada, que foi construído para dar resposta a uma população de cerca de 200 mil habitantes e está neste momento a servir mais de 350 mil. O encerramento sucessivo de serviços de urgência, nomeadamente de obstetrícia/bloco de partos, é um sinal preocupante, cujos sucessivos governos parecem não querer ver”, disse ainda o autarca.
Segundo avançou o Expresso, o HGO irá perder sete obstetras a curto prazo, seis por rescisão de contrato com o hospital e um por aposentação, fazendo com que o atendimento a grávidas a sul do Tejo fique ainda mais crítico. Três já saíram, outros três devem fazê-lo até ao final de Maio e o último aguarda a reforma. Dois saíram directamente para unidades privadas de saúde e, como têm menos de 50 anos asseguravam as escalas de urgência. O hospital ficará com uma das equipas mais pequenas de sempre, com apenas 15 obstetras, dos quais apenas seis integram as escalas de urgência e, ainda assim, com limitações. Da meia dúzia escalável, uma obstetra encontra-se em licença de amamentação e outras duas têm mais de 55 anos, fazendo urgências por opção.
auditoria, Bloco de partos, encerramento, fins-de-semana prolongados, Ginecologia, grávidas, HGO, Hospital Garcia de Orta, IGAS, Inspeção-Geral das Actividades em Saúde, inspectores, mapa de férias, Obstetrícia, Pragal, profissionais de saúde, Saúde, ULSAR, ULSAS, Unidade Local de Saúde Almada-Seixal, Unidade Local de Saúde do Arco Ribeirinho, Urgências